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Haddad critica tucanos pró-Bolsonaro e cobra 'aceno à direita democrática'

Fernando Haddad (centro) ao lado de Paulinho da Força; Solidariedade oficializou apoio ao PT no 2º turno em SP - Juliana Arreguy/UOL
Fernando Haddad (centro) ao lado de Paulinho da Força; Solidariedade oficializou apoio ao PT no 2º turno em SP Imagem: Juliana Arreguy/UOL

Do UOL, em São Paulo

06/10/2022 16h55Atualizada em 06/10/2022 16h55

Candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad criticou na tarde desta quinta-feira (6) os tucanos que manifestaram apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e a Tarcísio de Freitas (Republicanos), seu adversário no segundo turno das eleições. Ele também cobrou parcerias com nomes ligados à direita que não apoiam Bolsonaro.

"Espero que o PSDB tenha juízo de saber que isso não é política, que isso não é condizente com Franco Montoro, Mário Covas, Geraldo Alckmin, até José Serra e Fernando Henrique. Como pode o PSDB manifestar apoio para o Bolsonaro? O que queremos é um aceno à direita democrática. Nós somos uma centro-esquerda democrática", afirmou Haddad, que obteve 35,7% dos votos no primeiro turno — atrás de Tarcísio (42,32%).

A declaração ocorreu em evento no comitê de campanha de Haddad para anunciar o apoio do Solidariedade ao PT no segundo turno em SP. Há dois dias, Rodrigo Garcia (PSDB), atual governador, manifestou "apoio incondicional" a Bolsonaro e a Tarcísio — prefeitos tucanos do interior paulista também declararam apoio ao presidente e ao ex-ministro.

Como pode o PSDB manifestar apoio para o Bolsonaro?"
Fernando Haddad, cadidato do PT ao governo de SP

Ataque ao centrão. Sem citar partidos, Haddad também deu uma indireta a siglas como MDB e União Brasil que têm manifestado apoio a Bolsonaro.

"Eu só quero isolar o centrão que virou a base do bolsonarismo. Eles que levaram água para o moinho do fascismo, eles que fiquem com o fascismo", disse.

O ex-prefeito afirmou que há "total condição" de conseguir governar o estado sem apoio dos partidos de centro.

"Tenho total condição de trazer uma dissidência do PSDB, uma parte do PSDB que interessa a nós, que é o PSDB histórico, esse pode vir conosco, pode governar conosco", acrescentou.

Haddad discursou ao lado de sua esposa, Ana Estela, da vice Lúcia França (PSB), de Paulinho da Força (Solidariedade) e Rovilson Britto (presidente estadual do PCdoB). No local também estavam presentes lideranças do PT e do PSB, além do deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP).

Tarcísio, o forasteiro. O discurso dele foi o mais enérgico desde a apuração eleitoral de domingo (2). Ele criticou mais de uma vez o fato de Tarcísio ser candidato em São Paulo mesmo tendo nascido no Rio de Janeiro. A campanha dele foi criticada pela campanha de Lula pelo fato de Haddad ter centralizado mais críticas em Rodrigo Garcia do que em Tarcísio.

Paulinho da Força aproveitou para lembrar o episódio em que Tarcísio não soube dizer onde votaria. "Não podemos deixar o estado cair nas mãos de alguém que não sabe nem onde vai votar. Talvez para ir votar foi ligar o Waze [aplicativo de rotas]", disse.

Na cola de Lula. O anúncio foi o segundo evento público de Haddad nesta quinta-feira. Pela manhã, ele participou de uma caminhada em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao final do dia, está prevista a participação de Haddad em um ato na Casa de Portugal, na Liberdade, zona sul da capital paulista — Lula também participaria do evento, mas cancelou de última hora.

Os anúncios de apoio que Haddad recebeu do PDT, ontem, e do Solidariedade, hoje, foram os únicos feitos individualmente pelo ex-prefeito de São Paulo. As demais aparições públicas do petista após a disputa do primeiro turno só ocorreram junto de Lula.

Agenda lulista. Tanto amanhã (7) quanto sábado (8), Haddad só participará de eventos junto do ex-presidente: uma caminhada em Guarulhos e outra em Campinas, respectivamente. Oficialmente, a campanha de Haddad não divulgou viagens próprias do candidato ao governo.

Tarcísio viajou hoje para Sorocaba. O padrinho político dele, o presidente Jair Bolsonaro, está em Belo Horizonte.

Elvis Cezar. Presidente do PDT, Carlos Lupi afirmou que o palanque do seu partido com o PT no estado também será integrado por Elvis Cezar, ex-prefeito de Santana do Parnaíba e adversário de Haddad no primeiro turno.

No entanto, Elvis não estava presente no anúncio feito ontem à noite no diretório estadual do partido, no bairro Jardim Paulista, na zona oeste da capital. Ele também não fez nenhuma menção a Haddad nas redes sociais até o momento.

Passado o primeiro turno, outros dois candidatos que disputaram o governo paulista já declararam apoio a Tarcísio: Rodrigo Garcia (PSDB) e Vinicius Poit (Novo).