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'Igreja precisa se posicionar', diz Michelle em culto com Bolsonaro

Bolsonaro e Michelle durante culto evangélico da AD Belém em São Paulo - Felipe Pereira/UOL
Bolsonaro e Michelle durante culto evangélico da AD Belém em São Paulo Imagem: Felipe Pereira/UOL

Do UOL, em São Paulo

04/10/2022 20h20Atualizada em 04/10/2022 20h29

A primeira-dama Michelle Bolsonaro cobrou das igrejas evangélicas um posicionamento no segundo turno das eleições de 2022, que serão disputadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (PL), em 30 de outubro. A fala ocorreu na noite de hoje (4) em um culto da Assembleia de Deus Ministério do Belém, na zona leste de São Paulo.

"A gente queria vitória, sim, no primeiro turno. Mas a gente entendeu, irmãos, que se a gente tivesse recebido a vitória no primeiro turno, talvez a igreja não estivesse preparada para isso. A gente precisa se voltar ao Senhor. A igreja precisa se posicionar, a igreja precisa aprender", disse ela.

Michelle estava acompanhada do marido e do filho dele, o deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Além deles,estavam no culto o candidato ao governo de SP Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o senador eleito Marcos Pontes (PL-SP). Foi o primeiro evento público de Bolsonaro desde a divulgação do primeiro turno das eleições.

Embora não seja a primeira vez que Michelle discursa em eventos do presidente, ela ainda não havia feito uma cobrança de forma tão direta às igrejas. A primeira-dama tem sido considerada um trunfo pela campanha de Bolsonaro, já que possui boa entrada entre o setor evangélico e representa uma tentativa de melhorar a imagem do chefe do Executivo junto do eleitorado feminino.

Escolhido. Assim como no lançamento da campanha de Bolsonaro, em 24 de julho, Michelle voltou a dizer que o marido, vítima de um ataque a faca em 2018, "é um milagre do Senhor" e que cumpre uma missão espiritual no país. Nesse momento, Bolsonaro chorou; na convenção do PL em julho, foi a primeira-dama quem chorou ao apontá-lo com um propósito para o país.

Ao longo do culto, o presidente repetiu que o Brasil é "a terra prometida".

Ataques a Lula. Michelle também sinalizou nesta noite, sem citar nomes, que o petista é contrário aos cristãos — anteriormente ela havia declarado que o Palácio do Planalto, residência oficial da Presidência da República, já foi "consagrado a demônios".

Hoje Lula se encontrou com frades franciscanos em meio à divulgação de notícias falsas sobre sua religiosidade, e disse que sua fé e sua espiritualidade são algo que considera muito sagrado — ainda nesta terça o TSE mandou apagar publicações que tentam ligar o ex-presidente à perseguição de cristãos.

"Nós lutamos contra tudo, tudo que é contra, tudo aquilo que tem se levantado contra os princípios e valores do nosso Deus. É inadmissível um cristão falar que vota num ser que é contra a palavra do Senhor. Que é contra a noiva do Senhor [igreja]. E a gente sabe que as portas do inferno não prevalecerão. Ai daquele que tocar na igreja, ai daquele que lançar uma palavra contra a noiva do Senhor", disse Michelle.

Batalha espiritual. Outro argumento reutilizado no culto foi o de que o país é palco de uma batalha espiritual. Michelle, assim como os pastores presentes, pregaram a necessidade de jejum e oração.

O pastor-presidente da Assembleia de Deus Ministério do Belém, José Wellington, pediu expressamente que os fiéis votem em Bolsonaro e Tarcísio, que liguem para parentes que vivem no Nordeste e digam "para quem devem votar para presidente."

Estamos bem próximos da vitória. Temos uma batalha, e a batalha final será no dia 30 de outubro em nome do senhor Jesus."
Pastor José Wellington

Depois do culto, Bolsonaro e Michelle seguiram para outro compromisso com lideranças evangélicas: a reunião de obreiros e pastores da Assembleia de Deus Madureira São Paulo, no Brás, a 2,5 km dali.