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O que se sabe sobre o tiroteio durante ato de Tarcísio em Paraisópolis

Do UOL, em São Paulo

17/10/2022 18h13Atualizada em 17/10/2022 21h03

A polícia ainda não descarta "nenhuma hipótese" sobre o tiroteio que interrompeu, na manhã de hoje, um evento de campanha do ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo. Até o momento, as autoridades do estado afirmam que "são absolutamente preliminares" as informações sobre o caso em Paraisópolis, bairro na zona sul da capital.

Policiais ouvidos pelo UOL Notícias avaliam que os indícios não apontam para um atentado contra Tarcísio. Em entrevista coletiva, contudo, o candidato afirmou que foi vítima de um "ato de intimidação" do crime organizado, que seria um "recado" de que ele não é bem-vindo no local. Tarcísio, por outro lado, descartou motivação política ou eleitoreira na ação.

Até o momento, a polícia identificou dois suspeitos de participação no tiroteio. Um deles é Felipe Silva de Lima, 27, que foi morto na troca de tiros. O outro é Rafael de Almeida Araujo, que estava garupa da moto de Felipe. Felipe chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Campo Limpo, mas não resistiu e morreu. Rafael está foragido.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, general João Camilo Pires de Campos, afirmou que houve "um ruído" com a presença policial na região, mas disse que ainda não há elementos para afirmar o que provocou os tiros.

A ocorrência envolveu tanto PMs quanto a equipe de segurança de Tarcísio, mas nenhum agente ficou ferido. Um suspeito, Felipe Silva de Lima, morreu baleado no local.

Confira o que já se sabe sobre o caso:

O que aconteceu em Paraisópolis? Tarcísio chegou por volta de 10h30 para a inauguração de um polo universitário em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. Cerca de uma hora depois, uma série de tiros foi disparada do lado de fora do prédio.

Segundo a reportagem do UOL Notícias, que esteva no local, houve pelo menos 25 disparos.

Onde estava Tarcísio? No momento em que começou o tiroteio, Tarcísio estava no terceiro andar, reunido com integrantes do projeto. Um andar abaixo, a imprensa o aguardava para uma entrevista coletiva.

Com o início dos disparos, o policial federal Danilo Campetti (Republicanos), que concorreu a uma vaga na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) e acompanhava Tarcísio, desceu do prédio com a arma em punho. Segundo a polícia, houve confronto armado com a segurança da campanha e também com policiais militares.

Alguém morreu na ação? Um homem, Felipe Silva de Lima, morreu baleado.

"A polícia ostensiva estava muito próxima. o primeiro confronto ocorreu com uma equipe da segurança [da campanha] e, lamentavelmente, uma pessoa fichada, Felipe Lima, morreu", disse o secretário de segurança pública de São Paulo.

Segundo ele, Felipe tinha passagem pela polícia por roubo.

O que diz a Secretaria de Segurança? O secretário João Camilo Pires de Campos afirmou hoje, em coletiva de imprensa, que "nenhuma hipótese é afastada" a respeito dos tiros. O que se sabe, segundo ele, é que a presença de policiais na região "provocou um ruído" nas ruas ao redor do local do evento.

Policiais militares que atuam na região, ouvidos pelo UOL Notícias, afirmam que os tiros não tinham Tarcísio como alvo. De acordo com os agentes, há duas suspeitas principais sobre o início do tiroteio:

  • A primeira é que PMs faziam ronda em ruas próximas de onde Tarcísio e sua comitiva passariam --e, ao encontrarem criminosos armados em motocicletas, teve início a troca de tiros.
  • A segunda é de que o staff chegou ao local à paisana antes do candidato e que, nesse momento, encontrou olheiros armados em motos. Há ruas em Paraisópolis que abrigam olheiros em motocicletas que acompanham pessoas desconhecidas e, se veem algo que chama a atenção, repassam as informações para integrantes do PCC. Por essa segunda hipótese, a comitiva de Tarcísio teria visto dois olheiros e avisado a PM, que, ao se dirigir ao local indicado, encontrou dois criminosos armados em uma moto e se iniciou o tiroteio

Qual foi a reação de Tarcísio? A primeira manifestação de Tarcísio após a ocorrência foi uma publicação no Twitter. No perfil do candidato, uma mensagem afirmou que ele e e a equipe foram "atacados por criminosos".

Em pronunciamento à imprensa nesta tarde, horas após a ocorrência, Tarcísio enfatiza que não afirmou, nenhum momento, ter sido alvo de um atentado. Ele descartou que os tiros tenham conotação política ou eleitoral, mas considera que era o alvo.

"Foi um recado claro do crime organizado, dizendo o seguinte: 'vocês não são bem-vindos aqui'. A gente não quer vocês aqui dentro", afirmou o candidato. "Para mim, é uma questão territorial. Não tem nada a ver com uma questão política, não tem nada a ver com uma questão eleitoral", completou.

O ex-ministro citou três elementos que, segundo ele, apontam para um ato de intimidação do crime organizado:

  • Logo antes do começo do tiroteio, segundo Tarcísio, uma pessoa entrou no local e disse: 'tem que tirar ele [Tarcísio] daqui que o problema é ele, estão dizendo que vão entrar aqui';
  • Uma troca de tiros, segundo Tarcísio, não seria comum na região. "Vamos lembrar que o crime organizado aqui em São Paulo é hegemônico em determinadas regiões. Então não é comum você ter trocas de tiro", disse;
  • O candidato afirma que parte de sua equipe, do lado de fora do prédio, avistou oito homens, divididos em quatro motocicletas, que estariam rondando o prédio, tirando fotos e fazendo perguntas pouco antes da ocorrência, e em seguida voltaram armados;

Eles [motociclistas] começaram a rondar a frente do instituto, do local que a gente estava, começaram a fotografar o nosso pessoal de segurança. Então eles foram com câmera na mão, câmera de celular na mão. Fizeram fotos. Fizeram perguntas. Perguntaram se era policial que estava ali. Se evadiram do local e voltaram com armamento
Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo

O que disse Haddad? Candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad ficou sabendo do tiroteio pela imprensa. Ele participava de uma caminhada junto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em São Mateus, zona leste de São Paulo, e manifestou surpresa ao ser questionado por jornalistas sobre a ocorrência com Tarcísio.

"Estou fazendo uma campanha de paz e muito respeitosa. Fui ao debate da Band e todas as pesquisas mostraram uma vitória expressiva da minha campanha sobre a dele. Eu nunca faltei com educação e respeito com ninguém. Nunca faltei com respeito ao meu adversário", afirmou.

Qual foi a reação do governador de São Paulo? O governador de São Paulo Rodrigo Garcia (PSDB), que concorreu à reeleição mas não chegou ao segundo turno e declarou apoio a Tarcísio, afirmou ter determinado a "imediata investigação" da ocorrência.

O governador chamou o ocorrido de "atentado", mas depois recuou e não confirmou motivação política no ato. Segundo ele, porém, teria ocorrido um "confronto" entre "os seguranças de Tarcísio e bandidos".

"Não dá para saber se é um ataque de motivação política ou não. Por enquanto, não dá nem para a gente de nominar isso como um atentado. Dá para denominar como uma tentativa de crime que foi abordada pelos seguranças e foi evitada", disse o tucano em entrevista à CNN.

O que disseram os candidatos a presidente? Até o momento, Lula não se manifestou publicamente sobre o caso. Já Bolsonaro adotou cautela ao comentar o assunto. O presidente disse que os fatos eram ainda "preliminares" e afirmou que não gostaria de se "antecipar" ao emitir juízo de valor.

"Seria prematuro eu falar sobre isso", emendou ele, durante declaração à imprensa no Palácio da Alvorada, a residência oficial da chefia do Executivo federal, em Brasília.