Topo

Neymar diz que expôs voto em Bolsonaro após apoio no 'momento mais difícil'

Do UOL, em São Paulo

22/10/2022 17h26Atualizada em 22/10/2022 23h02

O jogador de futebol Neymar disse hoje que decidiu declarar apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) após ter recebido o apoio dele "no momento mais difícil" de sua vida. A declaração foi dada durante uma live promovida pelo candidato à reeleição.

O atacante do Paris Saint-Germain não detalhou qual momento foi esse. O presidente saiu em sua defesa quando ele foi investigado por estupro, em junho de 2019. A Justiça arquivou o inquérito meses depois por falta de provas.

"Nunca falei isso em lugar nenhum. Eu queria agradecer ao presidente que no momento mais difícil da minha vida foi o primeiro a se posicionar publicamente dizendo que estaria do meu lado. Então, quando eu vi o que estava acontecendo, eu senti no meu coração que devia retribuir esse mesmo carinho que ele teve comigo sem ao menos me conhecer", disse o jogador, que abriu a live deste sábado (22).

"A gente nem tinha se falado, tinha se conhecido pessoalmente. E ele botou ali o peito dele na frente, a cara à frente, sendo julgado e acreditou em mim. Então, eu estou fazendo o mesmo. Eu acredito no presidente, eu acredito que ele é o cara certo para conduzir no nosso Brasil. A gente está vendo melhoria em tudo que ele tá fazendo", disse o jogador.

Na live, Neymar disse ainda que seria "maravilhoso" se o chefe do Executivo conseguisse se reeleger e se a seleção brasileira conquistasse seu sexto título na Copa do Mundo, que começa em novembro.

O jogador declarou apoio a Bolsonaro às vésperas do primeiro turno. No início da semana, Lula ironizou o jogador quando foi questionado sobre a confirmação do voto, durante o podcast Flow. "Eu acho que ele está com medo se eu ganhar as eleições eu vá saber o que o Bolsonaro perdoou da dívida do Imposto de Renda dele", comentou.

Na transmissão deste sábado, a jornalista Carla Cecato perguntou por que decidiu expor sua posição política e Neymar disse compartilhar dos mesmos valores que o presidente.

"O que me motivou de expor, de lutar, são os valores que o presidente carrega que são bem parecidos comigo, com minha família, com tudo que a gente preza. Então, é a família que a gente preza, o nosso povo, são as nossas crianças", afirmou o jogador.

Bastante descontraído, o presidente fez a coreografia de um dos jingles de sua campanha com o jogador, que está em Paris. A apresentadora e Bolsonaro pediram palpites sobre o resultado da partida entre Palmeiras e Avaí, que acontece hoje.

Problema com áudio. A live, que começou às 17h e é transmitida de São Paulo, teve um problema com o áudio em um momento na conversa com Neymar. O jogador reclamou que não conseguia escutar o presidente e a jornalista e a questão foi logo resolvida.

Mentira sobre banheiro unissex. Em conversa com o governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), Bolsonaro mentiu ao dizer que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu adversário no pleito, é a favor de banheiros unissex, que podem ser usados tanto por homens quanto por mulheres.

A campanha de Lula já publicou em seu site texto negando a iniciativa. "Lula é a favor de banheiros separados", diz a mensagem, que segue: "Se você receber essa fake de alguém, explique para a pessoa que se trata de uma mentira e que o risco real que as crianças brasileiras estão correndo é morrerem de fome".

Há dois dias, a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) divulgou post dizendo que "estamos sofrendo tentativas de manipulações em torno de algo que sequer temos discutido como uma agenda política".

Guedes e salário mínimo. Presente na live, o ministro da Economia, Paulo Guedes, se dirigiu a aposentados e pensionistas e disse que será possível dar aumento acima da inflação.

Ontem, o deputado André Janones (Avante-MG), um dos coordenadores da estratégia digital da campanha de Lula, chamou uma live para criticar proposta Guedes divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo. A reportagem indica um plano que deve ser apresentado em caso de reeleição do presidente e prevê não reajustar o salário mínimo pela inflação. "Bolsonaro vai diminuir salários, aposentadorias, auxílio emergencial, BPC", dizia o título da transmissão.

Guedes desmentiu a informação e pediu que as pessoas confiem em Bolsonaro. "Se durante a pandemia, durante a guerra, nós demos aumentos de salários de aposentadorias e pensões, é claro que agora que vencemos a pandemia vamos poder dar aumentos acima da inflação", prometeu.

Na proposta de Orçamento de 2023, enviada pelo governo ao Congresso em agosto, no entanto, não há previsão de aumento real do salário mínimo. A última vez que o piso nacional foi reajustado acima da alta de preços foi no início de 2019, em um decreto assinado por Bolsonaro, seguindo a política de valorização aprovada em lei ainda no governo Dilma Rousseff (PT).

Lula ex-presidiário. Depois que Bolsonaro já havia deixado a live, o empresário e apresentador Roberto Justus, Guedes, e os ministros da Justiça, Anderson Torres, e das Comunicações, Fábio Faria, passaram a discutir a questão da liberdade de expressão.

Justus criticou o fato de Lula não por ser chamado de ex-presidiário. "Nós estamos numa eleição e uma rádio ou seja lá quem for, não pode dizer que um ex-presidente que ficou 500 e poucos dias preso foi presidiário. Ele deixou de ser legalmente, por uma vírgula jurídica (...) Alguém está falando alguma coisa errada que ele foi presidiário?", questionou.

O plenário do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) puniu a emissora Jovem Pan em três decisões proferidas em julgamento no plenário virtual nesta semana em razão de declarações de comentaristas da emissora consideradas distorcidas ou ofensivas ao petista. A Jovem Pan tratou a decisão do TSE como "censura" em um editorial. Comentaristas chegaram a ler receitas de bolo no lugar de suas análises.

Os quatro homens ficaram discutindo por cerca de uma hora, até a chegada da empresária Cristiana Arcangeli.

Alvo da PF na live. O empresário Meyer Nigri, da Tecnisa, alvo de operação da PF (Polícia Federal) contra bolsonaristas que defenderam um golpe caso Lula seja eleito, também participou do encontro e disse que o presidente às vezes "fala coisas que não deveria" e que era contra o posicionamento do mandatário de não usar máscara durante o período agudo da pandemia de covid-19.

Justus concordou e disse que Bolsonaro deveria servir de exemplo.

'Super live da liberdade'. A transmissão de Bolsonaro deve se estender até a tarde de amanhã. Serão 22 horas de duração.

Bolsonaro afirmou que além de Neymar, Gusttavo Lima; o ex-juiz, ex-ministro e ex-desafeto do presidente, Sergio Moro (União Brasil); o pastor Silas Malafaia e outros convidados estarão presentes. O cantor sertanejo irá participar da última meia hora do encontro. O candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) também esteve ao lado de Bolsonaro..

O candidato à reeleição ficou na live por pouco mais de uma hora —quando ele saiu, pouco depois das 18h, mais de 1 milhão de pessoas acompanhavam a transmissão, simultaneamente. Mais tarde, Bolsonaro foi a uma igreja na zona leste da capital paulista.