Topo

Amoêdo diz que Novo virou 'linha auxiliar do bolsonarismo' e critica Zema

João Amoêdo, em entrevista a O Globo: "Novo se tornou uma linha auxiliar do bolsonarismo" - Reprodução
João Amoêdo, em entrevista a O Globo: "Novo se tornou uma linha auxiliar do bolsonarismo" Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

28/10/2022 11h17Atualizada em 28/10/2022 11h17

Fundador do Novo, o ex-presidenciável João Amoêdo criticou o seu colega de partido, o governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema, por fazer muito mais pela campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), nas suas palavras, do que fez para eleger membros da própria sigla no primeiro turno.

Em entrevista ao blog de Malu Gaspar, do jornal O Globo, Amoêdo lamentou o fato de o partido ter virado "linha auxiliar do bolsonarismo" e disse que vem sofrendo perseguição da sigla depois de ter declarado voto no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —ele foi suspenso pelo partido nessa semana.

"O Zema fez muito mais por Bolsonaro neste segundo turno do que pelo Felipe D'Ávila e os candidatos do Novo no primeiro turno. Prova disso é que o partido não elegeu nenhum deputado federal em Minas."

Segundo Amoêdo, o governador mineiro não associa a imagem dele ao partido.

"Por que você acha que um governador de Minas Gerais reeleito no primeiro turno não elege um deputado? É porque ele não associa a imagem dele à instituição, isso está muito claro. O Novo perdeu 60% da bancada, tanto no nível federal quanto estadual, mesmo com a participação nos debates para presidente e governador e tempo de TV, o que não tivemos em 2018."

Suspenso por declarar voto em Lula, Amoêdo descreve a situação como "muito ruim". "O estatuto do Novo prevê a defesa do Estado de Direito, a liberdade de expressão e a defesa da democracia. Tão logo terminou o primeiro turno, o partido divulgou uma nota afirmando que não se posicionaria pelo PT contrariar os valores do Novo, mas ressaltou que os filiados poderiam fazer seu voto conforme sua consciência."

Ele acusa o partido de persegui-lo. "Nessa última semana, incluíram três integrantes novos na Comissão de Ética Partidária, que passou de quatro para sete membros, e avaliaram a denúncia com esses membros que haviam acabado de entrar. Três dos quatro votos contra mim foram desses membros que acabaram de tomar posse. Havia uma ordem da parte dos mandatários que essa decisão fosse tomada antes de domingo. Ou seja, antes da eleição."

Para o fundador do Novo, essa atitude tem como objetivo "constranger" os outros filiados que votarão no candidato petista e declarariam o voto.

"Quando fundamos o Novo, seria inadmissível imaginar um filiado expulso ou suspenso por se posicionar em um segundo turno polarizado, sem um candidato da legenda. O estatuto prevê que a posição do partido não pode ser obrigatória para todos os membros, apenas para candidatos e dirigentes partidários, o que não é o meu caso."

"Estamos vendo membros do Novo, como o prefeito de Joinville (Adriano Silva), colocando o número 22 no peito e fazendo campanha pesada pelo Bolsonaro. Não só, mas também não aceitando que haja filiados que pensem de forma diferente. Infelizmente, o desenho de hoje é que o Novo se tornou uma linha auxiliar do bolsonarismo".