Topo

Bolsonarista chama pandemia de farsa; Casagrande reage: 'O senhor é médico'

Tiago Minervino

Colaboração para o UOL

28/10/2022 00h29Atualizada em 28/10/2022 09h54

Carlos Manato (PL), candidato que tem o apoio de Jair Bolsonaro (PL) ao governo do Espírito Santo, afirmou durante debate promovido pela TV Gazeta, afiliada da TV Globo no estado, que a pandemia de covid-19 "foi uma farsa". A fala foi rechaçada por seu adversário, o governador e candidato à reeleição Renato Casagrande (PSB), que acusou o bolsonarista de "renegar a ciência".

"É impressionante porque, pelo o que eu saiba, o senhor é médico", reagiu Casagrande.

Médico por formação, Manato também defendeu o tratamento precoce contra a doença, embora a eficácia de medicamentos como cloroquina, por exemplo, jamais foi comprovada — pelo contrário, provoca efeitos colaterais graves no paciente.

O candidato do PL colocou em dúvida o número de 17 mil capixabas que morreram em decorrência do vírus.

"A pandemia foi uma farsa que vocês fizeram, se tiverem acesso ao relatório da pandemia não vão acreditar no que aconteceu", declarou. Na sequência, criticou o secretário de Saúde do estado que "não deixava fazer tratamento precoce" na população.

Renato Casagrande disse ser "inacreditável" que um médico faça "um discurso contra a ciência". Conforme o pessebista, Espírito Santo, e o Brasil como um todo, passou por momentos difíceis, e foi graças à ciência, com o desenvolvimento das vacinas, que conseguiu "resolver parte" da crise sanitária.

É impressionante porque o senhor é médico e, como médico, fazendo um discurso contra a ciência é inacreditável. É esse tipo de profissional, formado, que renega a ciência, que induz ao tratamento que não tem eficácia, que diz que foi uma farsa.

"Pergunta as famílias daqueles que perderam a vida se eles acham isso uma farsa. Nós vivenciamos o pior momento, a ciência veio e resolveu em parte com a vacina", completou, ressaltando que seu governo adotou "medidas corajosas para salvar vidas", enquanto Manato, caso estivesse em seu lugar em meio à pandemia, "adotaria medidas covardes".

Negacionismo. A postura negacionista em relação à gravidade da covid-19 de Carlos Manato foi reproduzida diariamente por Jair Bolsonaro durante a crise sanitária, e tem sido repetida nas campanhas por seus aliados.

No debate entre os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul, Onyx Lorenzoni afirmou que a "melhor vacina" para combater uma doença "é pegar a doença". Eduardo Leite (PSDB) classificou a fala do oponente como "desumana".

Bolsonaro negou a ciência e defendeu kit covid. Durante a gestão do governo federal na crise sanitária imposta pela covid-19, o presidente Jair Bolsonaro, em inúmeras ocasiões, negou a ciência para defender o uso de remédio sem eficácia comprovada para combater a doença, notadamente a cloroquina, a hidroxicloroquina e a ivermectina. A insistência do mandatário nesse ponto, inclusive, rendeu pedidos de impeachment por crime de responsabilidade contra a saúde pública, além de uma notícia-crime por charlatanismo.

No entanto, diversos estudos já publicados em revistas científicas atestaram que o chamado "kit covid" não possui qualquer eficácia no combate ao vírus e, pelo contrário, provoca efeitos colaterais graves no paciente.

Mesmo assim, Bolsonaro admitiu em live nas redes sociais que ameaçou um médico militar caso o profissional de saúde não lhe tivesse prescrito esses remédios na época em que ele apresentou sintomas da doença. O candidato à reeleição também confessou que o governo federal recebeu ofertas da Pfizer para comprar vacinas mais baratas, mas recusou a proposta.