O último debate entre os candidatos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT), foi vencido pelo petista, na opinião dos colunistas do UOL Notícias.
O encontro, promovido na noite de ontem pela TV Globo, foi mais quente que o anterior, realizado pela TV Bandeirantes em 10 de outubro, mas não fugiu, mais uma vez, de ter referências à disputa pelo Planalto, que acontece entre os aliados de cada um: Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), respectivamente.
Um dos pontos destacados pelos colunistas sobre o encontro foi a menção feita pelo petista sobre os tiros em Paraisópolis durante uma agenda de Tarcísio em 17 de outubro. Nesta semana, o jornal Folha de S.Paulo divulgou que a equipe do candidato do Republicanos pediu que um cinegrafista do canal Jovem Pan apagasse imagens que registrou. Nesse ponto, Haddad conseguiu deixar Tarcísio "fora do prumo".
De acordo com a última pesquisa promovida pelo Ipec, Tarcísio e Haddad aparecem empatados tecnicamente, depois de o candidato do Republicanos ter aparecido na liderança ao longo de toda a campanha de segundo turno. Os colunistas agora questionam se o desempenho no debate da TV Globo será suficiente para virar o jogo nesta reta final. A votação acontece no domingo (30).
Foi a melhor participação de Fernando Haddad em debates nesta eleição. Mostrou o vigor e a vontade de vencer que faltaram no primeiro turno e no início deste segundo. O petista foi melhor do que Tarcísio de Freitas e, portanto, venceu o debate, que começou equilibrado e assim se manteve, com alternâncias, até a parte final. Porém, no bloco final, quando trouxe para a discussão o assassinato em Paraisópolis, Haddad desconcertou e acuou seu adversário, que ficou visivelmente fora de foco e não apresentou uma resposta convincente.
Haddad foi muito melhor do que Tarcísio: caracterizou o concorrente como um paraquedista sem compromisso com São Paulo, que só decorou obras e promessas, mas não conhece de verdade o estado. Além disso, foi preciso ao caracterizar como possível crime a destruição de provas que ajudariam a investigar a morte que aconteceu em Paraisópolis quando a equipe de Tarcísio estava fazendo campanha lá.
Haddad venceu um debate nitidamente nacionalizado. Deixou claro que Tarcísio não conhece São Paulo e, como ministro, não destinou recursos ao estado; não defende a vacinação de crianças e tentou esconder a atuação de seus seguranças no tiroteio com traficantes em Paraisópolis. Mas venceu por pontos, quando precisava nocautear o adversário que está em primeiro lugar nas pesquisas. A pergunta que fica é: será o suficiente para virar o jogo?
Falando de temas nacionais, do salário mínimo à escolha de ministros em um futuro governo federal, Haddad e Tarcísio transformaram o debate ao Palácio dos Bandeirantes em um esquenta do debate para o Palácio do Planalto nesta sexta. O encontro foi mais quente do que o anterior entre eles devido à aproximação do petista e a situação da disputa federal.
Apesar do palavreado por vezes difícil, o petista foi bem mais espontâneo que o adversário e conseguiu tirá-lo do prumo ao tratar do caso do membro da equipe dele que mandou um cinegrafista apagar as imagens do tiroteio em Paraisópolis ao invés de entregar para a polícia. Por isso, venceu o debate. Tarcísio teve boas tiradas, mas claramente recitou nomes, lugares e obras que havia decorado.
Mas derrota mesmo teve o glorioso povo do Rio Grande do Sul, que foi obrigado a ver o candidato bolsonarista Onyx Lorenzoni afirmar, em debate com o tucano Eduardo Leite, que "a melhor vacina é pegar a doença". É o fim dos tempos.
Fernando Haddad venceu Tarcísio de Freitas de lavada. Deixou o bolsonarista acuado em diversas temas: privatização da Sabesp, vacinação infantil, falta de oxigênio e tiroteio com uma morte em Paraisópolis.
Tarcísio deu versão frágil sobre pedido de integrante de sua campanha para cinegrafista apagar gravação do tiroteio. Disse que o pedido se deveu à preocupação com segurança de pessoas filmadas. No entanto, houve destruição de prova que poderia ajudar a esclarecer morte na comunidade paulistana.
Ao longo de todo o debate, Haddad demonstrou mais garra, mais conhecimento do estado e mais segurança pessoal. Falou melhor e controlou melhor o banco de tempo para ficar mais vezes com a palavra final nos blocos
Ficou evidente a artificialidade da candidatura de Tarcísio, bolsonarista que recorreu a muitos clichês numa retórica enfadonha e tecnocrata.
O que vimos foi um embate entre a ponderação e a inconsequência, entre a responsabilidade e o amadorismo. Tarcísio parece viver no fantástico mundo das mentiras que sua campanha e a de seu chefe criam. Na fogueira da reta final, sentindo o baque da queda nas pesquisas, tenta absorver uma enormidade de propostas que não constam de seu plano de governo, como o bilhete de transporte metropolitano, e investe em generalidades com potencial de fazer sucesso no eleitor médio paulista, como a privatização da Sabesp, na contramão da tendência mundial, como bem apontou reportagem da Folha.
Em um de seus piores momentos, chamou de sensacionalistas as reportagens publicadas em diversos veículos sérios de comunicação sobre o tiroteio em Paraisópolis que envolveu seguranças de sua campanha e culminou na morte de um jovem morador de 28 anos na semana passada. Mentiu ao dizer que Haddad deixou as contas da prefeitura no vermelho e admitiu que houve o pedido para que o cinegrafista apagasse as imagens dos tiros disparados em Paraisópolis.
Haddad, por sua vez, se mostrou inspirado e mais bem preparado, conhecedor dos problemas da cidade, e soube inocular com juízo e clareza alguns dos disparates proferidos pelo adversário, sobretudo quando insistiu em direcionar holofotes para factoides que já não pegam, como o MST.
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