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Haddad parabeniza Tarcísio e diz estar realizado por vitória de Lula

Do UOL, em São Paulo

30/10/2022 20h25Atualizada em 31/10/2022 14h52

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) discursou hoje após ser derrotado por Tarcísio de Freitas (Republicanos) na disputa pelo governo paulista. Ele parabenizou o adversário.

"Já liguei para Tarcísio de Freitas desejando a ele que faça um bom governo, em colocando a disposição no que puder ajudar São Paulo. Acredito na democracia, no reconhecimento do resultado e em desejar muita sorte para quem ganhou a eleição, porque muita gente depende das decisões que ele vai passar a tomar", declarou.

Apesar da derrota, Haddad disse estar "realizado" com a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve mais votos que o atual presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Pensem em um homem feliz. Pensem em um homem realizado, porque quem viveu 2018 sabe a dor que foi aquele dia fatídico em que imaginávamos que o Brasil ia acabar", afirmou.

"Havia um objetivo coletivo de resgatar a democracia no Brasil, de resgatar os direitos políticos do Lula e reconduzi-lo para o Palácio do Planalto. Isso foi cumprido hoje com a vitória do Luís Inácio Lula da Silva", completou.

O petista disse que poderia estar ainda mais feliz se tivesse ganhado a disputa para o governo, mas que teve a melhor votação do PT no estado, e que as urnas da capital deram uma sinalização importante.

"Na capital, tive a mesma votação em termos percentuais de quando venci José Serra em 2012. Isso para mim é muito significativo", disse, pedindo ao deputado eleito Guilherme Boulos (PSOL-SP) para se animar.

Boulos desistiu de concorrer ao governo paulista, após receber uma sinalização de que o PT o apoiaria na disputa pela prefeitura paulistana em 2024.

Saldo positivo. Apesar da derrota, Haddad deixa a campanha em alta no PT.

O saldo é visto como positivo por ter sido o melhor resultado conquistado pelo partido no estado. Até estas eleições, o PT havia chegado apenas uma única vez ao segundo turno do governo em SP, no ano de 2002.

Na ocasião, o então tucano Geraldo Alckmin foi eleito no segundo turno com 58,64% dos votos —Genoino teve 41,36%.

"Eu poderia estar mais feliz, se tivesse ganhado a eleição. Realizamos a melhor de nossas eleições em 40 anos. É um recorde nosso. Eu tive a mesma porcentagem na capital, fiquei tão feliz de ver o mapa da capital todo vermelhinho. Em Paralheiros, na Brasilândia, na Cidade Tiradentes, Mboi Mirim. O povo da periferia se reencontrando com os seus representantes", comemorou Haddad durante discurso.

O ex-prefeito também agradeceu o apoio na Região Metropolitana e no interior de São Paulo. "Muita gente jamais apertou 13 na vida e hoje apertou. É o começo do namoro, vamos conquistar esse povo. Já estamos mirando os 50%. Essa virada no interior garantiu a vitória do Lula. Viva o interior de São Paulo, gente boa, gente trabalhadora."

Futuro no PT. Em resposta ao UOL Notícias, Haddad disse que sempre estará a disposição para ajudar o PT.

"Felizmente o PT é um partido de tantos quadros que é uma coisa que vamos discutir. Temos uma bancada federal que é uma das maiores, temos uma bancada estadual que é uma das maiores. Temos muita gente que se despontou como liderança. Sempre estou a disposição do PT para ajudar. Estou há 40 anos militando nesse partido. Temos que somar forças nesse momento", disse.

Presença no governo Lula. Questionado se fará parte do governo Lula, Haddad disse que não conversou com o presidente eleito sobre o assunto.

"Eu nunca conversei com o Lula sobre a possibilidade de perder as eleições em São Paulo, nem teria cabimento isso. A gente brigou para ganhar, até ontem a noite estávamos na luta para ganhar", afirmou.

"O Lula tem toda a liberdade para montar sua equipe. Talvez poucas pessoas tenham ideia da barra que ele vai enfrentar, as ruínas que ele vai herdar, do ponto de vista de finanças públicas, do ponto de vista de políticas públicas. É um drama muito grande. Eu espero que ele faça o que fez quando ganhou em 2002, compôs uma equipe que representa o Brasil, que recoloque o país na trilha do desenvolvimento", concluiu.

O dia do ex-prefeito. Haddad acompanhou a apuração na sua casa, na zona sul de São Paulo, e se dirigiu ao hotel por volta de 19h15, acompanhado da esposa Ana Estela e dos dois filhos. No local o aguardavam diversos petistas como Alexandre Padilha, Jilmar Tatto, Eduardo Suplicy, José Américo, Arlindo Chinaglia, Carlos Zarattini, Juliana Cardoso e Luiz Marinho.

Também estavam no local Marina Silva (Rede), os psolistas Erika Hilton e Guilherme Boulos, e a pessebista Lúcia França, vice de Haddad na chapa.

Mais cedo, quando foi votar, ele disse que acreditava na virada, mas pediu cautela com as pesquisas eleitorais que indicavam empate técnico com Tarcísio —o último Ipec projetava 52% para o candidato do Republicanos e 48% para o petista.

"A eleição mostra que Haddad é maior do que São Paulo", declarou Luiz Marinho, presidente estadual do PT.

Euforia. Desde o início da campanha, Haddad nacionalizou os debates contra Tarcísio. No hotel, mesmo com o resultado indicando sua derrota, o clima era de euforia entre os presentes. Um militante anunciava no microfone, de tempos em tempos, o aumento da distância entre Lula e Bolsonaro na apuração.

No momento em que Lula virou sobre Bolsonaro nas urnas, houve grande festa, aplausos e gritos de "olê, olê, olá, Lula, Lula" no hotel. O cantor Renato Braz cantou um pouco antes de Haddad se pronunciar - o petista esperou alguns minutos em um quarto de hotel enquanto aguardava o resultado nacional se consolidar.

Ao fim do pronunciamento, Haddad deixou o hotel com destino ao hotel no qual Lula se pronunciará, na região da avenida Paulista.

Eleição. Uma pessoa eleita neste domingo estava no hotel: o deputado federal Paulo Teixeira (PT) foi recebido a gritos e aplausos no local. Ele foi reeleito após a candidatura de Pablo Marçal (Pros) ser indeferida. Assim que Teixeira chegou, o deputado estadual eleito Eduardo Suplicy subiu em uma cadeira e pediu aplausos para o correligionário.

Susto. Na sexta-feira (28), dois dias antes da votação, funcionários do hotel enfrentaram uma saia justa. Enquanto a equipe de Haddad vistoriava as condições do local para que ele discursasse no domingo, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deu entrada no mesmo hotel.

Zambelli e sua equipe deram de cara com pessoas da campanha petista, que estava caracterizada com adesivos e camisas de Haddad e Lula. Um funcionário do hotel disse à reportagem que houve um momento de estranheza dos dois lados. No entanto, a parlamentar fez o seu checkout na manhã de hoje (30) e não presenciou o evento preparado pelo PT para acompanhar a apuração eleitoral.

No sábado (29), Zambelli apontou uma arma contra um homem negro e efetuou um disparo para cima na região dos Jardins.