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Candidato em SP defende ocupação para moradia e 'desmilitarização' da GCM

Eduardo Baszczyn

Colaboração para o UOL

11/09/2024 10h54Atualizada em 11/09/2024 14h25

O candidato do UP (Unidade Popular) à Prefeitura de São Paulo, Ricardo Senese, defendeu a ocupação de imóveis abandonados para a moradia e criticou o que chamou de "estrutura militarizada" da GCM (Guarda Civil Metropolitana). Ele participou nesta quarta-feira (11) de sabatina promovida pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo.

O que aconteceu

O candidato afirmou que pretende dar "função social" a imóveis desocupados e abandonados, transformando os locais em moradia para a população de baixa renda. Segundo Senese, as mudanças também ajudariam na revitalização do centro de São Paulo e na diminuição da sujeira e dos pontos de tráfico de drogas.

Nosso povo poderia ocupar os imóveis que estão nessa situação de abandono para que a gente, inclusive, utilize o centro para moradia, para melhorar a situação de vida da classe trabalhadora. Um local que está abandonado perdeu sua função social e é necessário termos uma política para isso
Ricardo Senese, em sabatina UOL/Folha

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Ao falar sobre segurança, Senese criticou o que chamou de "estrutura militarizada" da GCM que, de acordo com ele, prioriza a violência nas periferias. Sem dar detalhes práticos, o candidato defendeu um modelo de "estrutura comunitária" para a corporação.

Eu sei que, juridicamente, a GCM não é militarizada, mas, na prática, ela tem uma estrutura militar, ela tem a mesma lógica das polícias militares estaduais. E é uma lógica perversa. É uma lógica que prioriza a violência na periferia, que prioriza a opressão do povo negro na nossa cidade, e essa lógica a gente precisa mudar

Em outra área, o candidato do Unidade Popular defendeu a reestatização do sistema de transporte coletivo na cidade, como forma de combater a corrupção e melhorar a qualidade do serviço no setor. Caso eleito, o candidato pretende aumentar o número de ônibus em circulação aos fins de semana e trabalhar para a implantação da tarifa zero.

O candidato quer mudar os nomes de ruas, avenidas e praças e retirar da cidade estátuas de personalidades ligadas à ditadura militar e ao período de exploração colonial. "Nós não podemos homenagear pessoas que reprimiram, violentaram e foram racistas. Nós queremos passar a homenagear heróis e heroínas do nosso povo", afirmou.

Senese também pretende, em caso de vitória, trabalhar no "combate ao machismo estrutural". Consta no seu plano de governo a criação de lavanderias e restaurantes coletivos em bairros periféricos. A ideia seria dar mais tempo e flexibilidade a mulheres, utilizando como modelo um projeto já adotado por sua vice, Julia Soares (UP), na região central de São Paulo. "Queremos a igualdade do serviço doméstico (...) A partir dessa experiência, temos certeza de que é possível universalizar o trabalho coletivo das mulheres".

'Somos o partido antifascista do Brasil'

Ricardo Senese descartou a possibilidade de fazer alianças com outros partidos de esquerda para enfrentar adversários que lideram, até o momento, as pesquisas de intenções de voto. Ele atacou os candidatos Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB) e disse representar "o partido antifascista do Brasil". Ele também criticou o discurso de ódio que marca o atual debate político.

O discurso de ódio é uma forma política de um setor da sociedade —que nós consideramos um setor fascista— que gostaria de dar o golpe militar, que gostaria de eliminar o STF [Supremo Tribunal Federal], que gostaria de eliminar inclusive o próprio Congresso Nacional. Esse discurso está vinculado a uma estratégia política (...) que visa acabar com a democracia e implementar um projeto político que, no nosso entendimento, não consegue mais ganhar as eleições

A entrevista foi conduzida por Fabíola Cidral, com participações de Raquel Landim, do UOL, e Fábio Haddad, da Folha.

Em pesquisa Datafolha divulgada na semana passada, Ricardo Senese aparece com 1% das intenções de voto. Guilherme Boulos (PSOL), com 23%; Pablo Marçal (PRTB), com 22%, e o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), também com 22%, ocupam o topo do levantamento. Eles estão empatados tecnicamente —com margem de erro três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Metroviário, Senese disputa um cargo político pela primeira vez. Ligado ao movimento sindical, ele chegou a ser preso, em 2023, durante protesto contra a privatização da Sabesp —sendo liberado uma semana depois.

O candidato começou sua trajetória política no movimento estudantil, no ABC Paulista. Atualmente, é dirigente da Federação Nacional dos Metroviários.

Na disputa pela prefeitura, Ricardo Senese não integra nenhuma coligação ou federação e tem Julia Soares (UP) como candidata a vice em sua chapa. Moradora da zona leste de São Paulo, ela é coordenadora nacional do Movimento de Mulheres Olga Benário, envolvido na luta contra a violência, a opressão e a exploração da mulher.

Sabatinas em São Paulo

Na capital paulista, UOL e Folha de S.Paulo realizam uma segunda rodada de sabatinas para discutir os temas de maior interesse dos eleitores da cidade. Além de Ricardo Senese, já passaram pelas sabatinas os candidatos Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), o prefeito Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Altino Prazeres (PSTU).

Amanhã, às 9h, o entrevistado será o candidato do PCO (Partido da Causa Operária), João Jorge Pimenta. Participam também desta nova rodada de sabatinas:

  • José Luiz Datena (PSDB), 13 de setembro, às 10h;
  • Bebeto Haddad (DC), 16 de setembro, às 9h;
  • Marina Helena (Novo), 18 de setembro, às 9h.

Ciclo de sabatinas UOL e Folha

A série de sabatinas foi iniciada em junho e tem ouvido as propostas dos principais candidatos a prefeituras de 18 cidades do país. Já aconteceram as entrevistas em:

Belo Horizonte: Fuad Noman (PSD) e Rogério Correia (PT);

Rio de Janeiro: Alexandre Ramagem (PL) e Tarcísio Motta (PSOL);

Salvador: Bruno Reis (União Brasil) e Kleber Rosa (PSOL);

Porto Alegre: Thiago Duarte (União Brasil) e Maria do Rosário (PT);

Recife: João Campos (PSB), Gilson Machado (PL) e Daniel Coelho (PSD);

Curitiba: Ney Leprevost (União Brasil), Eduardo Pimentel (PSD) e Luciano Ducci (PSB);

Fortaleza: José Sarto e Capitão Wagner (União Brasil);

Maceió: Rafael Brito(MDB) e Lobão (Solidariedade);

Manaus: Marcelo Ramos (PT) e David Almeida (Avante);

Santo André (SP): Bete Siraque (PT), Luiz Zacarias (PL) e Gilvan Júnior (PSDB);

Guarulhos (SP): Lucas Sanches (PL), Elói Pieta (Solidariedade) e Jorge Wilson Xerife do Consumidor (Republicanos);

São Bernardo do Campo (SP): Luiz Fernando Teixeira (PT), Marcelo Lima (Podemos) e Alex Manente (Cidadania);

Osasco (SP): Emídio de Souza (PT) e Dr. Lindoso (Novo);

Campinas (SP): Pedro Tourinho (PT) e Dário Saadi (Podemos).

Ainda serão realizadas entrevistas com o candidato do Cidadania à Prefeitura de Campinas Rafa Zimbaldi e com candidatos de Sorocaba, Ribeirão Preto e São José dos Campos, cidades do interior paulista.

As eleições municipais ocorrem em 6 de outubro, com segundo turno marcado para o dia 27.

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