Candidato do PSTU em SP defende estatização de transporte, creches e saúde

O candidato do PSTU à Prefeitura de São Paulo, Altino Prazeres, prometeu estatizar as áreas de transporte, saúde e as creches municipais, caso seja eleito. Ele participou, nesta terça-feira (10), de sabatina promovida pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo.

O que aconteceu

Altino Prazeres criticou o que chamou de enriquecimento de grupos empresariais e defendeu a estatização do sistema de transporte coletivo na cidade de São Paulo. Sem detalhar na prática como a mudança seria feita, ele também prometeu a valorização dos funcionários do setor e a manutenção do trabalho dos cobradores dentro dos ônibus, para auxiliar os motoristas.

Em outra área, o candidato do PSTU afirmou que pretende rever todas as privatizações no setor de educação. Ele prometeu acabar, caso seja eleito, com a terceirização das creches municipais.

A desvantagem [da educação] ser privada é que você vai favorecer vários setores financeiros e empresariais que estão por trás dessas escolas. Quando são privadas, como o objetivo maior é o lucro a todo custo, eles vão botar uma jornada o mais exaustiva possível, com o menor número de funcionários para poder garantir [esse lucro]
Altino Prazeres (PSTU), em sabatina UOL/Folha

Na área da saúde, o candidato afirma que pretende reduzir o tempo de espera para a realização de exames e procedimentos —hoje na média de 90 dias, em alguns casos— para uma semana. Prazeres, entretanto, não deu prazos nem detalhes práticos de como isso seria feito. Ele defendeu a reestatização de todo o sistema de saúde municipal, o fim das OSS (Organizações Sociais da Saúde) e o aumento do número de contratações de médicos e funcionários.

Segurança e legalização das drogas

O candidato se disse a favor do uso de câmeras nos uniformes da Guarda Civil Metropolitana e criticou as propostas de outros candidatos de aumentar o efetivo da corporação. "A gente precisa ter um controle da Guarda Civil, um controle por parte da população e da comunidade. Não pode ser que as pessoas tenham medo da GCM e a entendam como alguém que as possa reprimir. Já que eles são servidores, a comunidade deveria ter um controle sobre eles", afirmou.

Também na área de segurança, Prazeres criticou o que chamou de "política racista" da Polícia Militar. Segundo ele, a corporação tem a população negra como seu alvo principal e está focada apenas na repressão.

A porrada, a bomba e os tiros da Polícia Militar, aqui em São Paulo, já ocorrem há muito tempo, e mesmo assim a criminalidade não diminuiu. Está falido esse projeto de que mais repressão, por si só, vai resolver os graves problemas sociais

Continua após a publicidade

Durante a sabatina, o candidato do PSTU também defendeu a legalização das drogas, com o objetivo de enfraquecer o tráfico. "Defendemos a legalização de todas as drogas, incluindo o crack e a cocaína. Por qual motivo? Porque é uma hipocrisia. A proibição diz 'as pessoas não vão usar' e é mentira. As pessoas só não usam, em São Paulo, qualquer tipo de droga se não tiverem dinheiro. Precisamos estancar essa grande riqueza que o mundo do tráfico acaba ganhando com isso e tentar atender a comunidade, que infelizmente acabou entrando para esse mundo".

'Podem nos acusar de comunistas'

Altino Prazeres afirmou que participar da disputa eleitoral é uma forma de divulgar as ideias socialistas e comunistas para a sociedade. "O que nós queremos nesta campanha é ter a coragem de dizer que esta eleição é desigual, que há, sim, candidatos socialistas e que somos nós que defendemos esse projeto. Se quiser acusar alguém de socialista e comunista nestas eleições, podem nos acusar, porque esse é nosso projeto como política e como sonho", disse.

O candidato afirmou "estar ao lado dos trabalhadores" e negou que sua candidatura represente apenas uma luta de sindicalistas contra empresários. Ele também criticou parte da esquerda do país pelo surgimento de representantes da extrema direita.

Já faz um bom tempo que essa esquerda começou a se adaptar ao sistema capitalista. É a esquerda institucional, que aceita o sistema. E o sentimento da população de que as coisas estão piorando permite que surjam setores mais à direita ou de ultradireita, como os grandes salvadores da pátria, como apareceu [o ex-presidente] Jair Bolsonaro (PL) no passado e como apareceu, agora, Pablo Marçal (PRTB) e o próprio [Ricardo] Nunes (MDB)

Continua após a publicidade

Altino Prazeres não pontuou na pesquisa Datafolha divulgada na semana passada. Guilherme Boulos (PSOL), com 23% das intenções de voto, Pablo Marçal (PRTB), com 22%, e o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), também com 22%, ocupam o topo do levantamento. Eles estão empatados tecnicamente —com margem de erro três pontos percentuais, para mais ou para menos.

O candidato do PSTU tenta se eleger prefeito de São Paulo pela segunda vez, após ter sido derrotado em 2016. Ele também disputou, sem sucesso, a eleição para o governo do estado, em 2022 —que deu vitória a Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Formado em matemática, o candidato é metroviário e possui trajetória política em movimentos sociais e sindicais. Foi presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo por duas vezes e, atualmente, é diretor licenciado da entidade.

O candidato foi suspenso de suas funções no Metrô, em 2023, após participar de uma paralisação. A decisão foi revertida na Justiça e ele foi reintegrado ao posto de trabalho. Prazeres também chegou a ser detido em 2013, durante uma manifestação do MPL (Movimento Passe Livre) —sendo liberado no dia seguinte.

Altino Prazeres não integra nenhuma coligação ou federação em sua campanha e tem Silvana Garcia como candidata a vice-prefeita em sua chapa. Filiada ao PSTU e aposentada, ela é ativista da luta por moradia.

A entrevista foi conduzida por Fabíola Cidral, com participações de Raquel Landim, do UOL, e Fábio Haddad, da Folha.

Continua após a publicidade

Sabatinas em São Paulo

Na capital paulista, UOL e Folha de S.Paulo realizam uma segunda rodada de sabatinas para discutir os temas de maior interesse dos eleitores da cidade. Além de Altino Prazeres, já passaram pelas sabatinas os candidatos Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL).

Amanhã, às 9h, o entrevistado será o candidato do partido UP (Unidade Popular), Ricardo Senese. Participam também desta nova rodada de sabatinas:

  • João Jorge Pimenta (PCO), 12 de setembro, às 9h;
  • José Luiz Datena (PSDB), 13 de setembro, às 10h;
  • Bebetto Haddad (DC), 16 de setembro, às 9h;
  • Marina Helena (Novo), 18 de setembro, às 9h.

Ciclo de sabatinas UOL e Folha

A série de sabatinas foi iniciada em junho e tem ouvido as propostas dos principais candidatos a prefeituras de 18 cidades do país:

Continua após a publicidade

Belo Horizonte: Fuad Noman (PSD) e Rogério Correia (PT);

Rio de Janeiro: Alexandre Ramagem (PL) e Tarcísio Motta (PSOL);

Salvador: Bruno Reis (União) e Kleber Rosa (PSOL);

Porto Alegre: Thiago Duarte (União Brasil) e Maria do Rosário (PT);

Recife: João Campos (PSB), Gilson Machado (PL) e Daniel Coelho (PSD);

Curitiba: Ney Leprevost (União), Eduardo Pimentel (PSD) e Luciano Ducci (PSB);

Continua após a publicidade

Fortaleza: José Sarto e Capitão Wagner (União Brasil);

Maceió: Rafael Brito(MDB) e Lobão (Solidariedade);

Manaus: Marcelo Ramos (PT) e David Almeida (Avante);

Santo André (SP): Bete Siraque (PT), Luiz Zacarias (PL) e Gilvan Júnior (PSDB);

Guarulhos (SP): Lucas Sanches (PL), Elói Pieta (Solidariedade) e Jorge Wilson Xerife do Consumidor (Republicanos);

São Bernardo do Campo (SP): Luiz Fernando Teixeira (PT), Marcelo Lima (Podemos) e Alex Manente (Cidadania);

Continua após a publicidade

Osasco (SP): Emídio de Souza (PT) e Dr. Lindoso (Novo);

Campinas (SP): Pedro Tourinho (PT).

Ainda serão realizadas entrevistas com dois candidatos de Campinas —Rafa Zimbaldi (Cidadania) e Dario Saadi (Podemos) —e com candidatos de Sorocaba, Ribeirão Preto e São José dos Campos, cidades do interior paulista.

As eleições municipais ocorrem em 6 de outubro, com segundo turno marcado para o dia 27.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.