Ramagem nega interferência na Abin e critica investimento em BRT e Madonna
O candidato do PL à Prefeitura do Rio de Janeiro, Alexandre Ramagem, negou envolvimento com as supostas espionagens paralelas feitas pela Abin e criticou a Polícia Federal pelo vazamento de informações sobre o caso. Ele participou nesta quarta-feira (7) de sabatina promovida pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo.
O que aconteceu
Alexandre Ramagem disse que nunca determinou o monitoramento de desafetos políticos, magistrados ou jornalistas, enquanto ocupava a direção da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), entre 2019 e 2022. O candidato do PL afirmou que querem o "descredibilizar midiaticamente" e que quem está cometendo crime é a Polícia Federal por vazar informações que, para ele, deveriam ser sigilosas.
Eu não sou acusado de nada, não há delito nenhum imputado a mim, inclusive eles [da Polícia Federal] estão se desdobrando para saber o crime que eu cometi. O crime que está tendo é de vazamento da Polícia Federal. Esse é o maior crime contra o devido processo legal, uma garantia fundamental a que o cidadão não está tendo hoje
Alexandre Ramagem, em sabatina UOL e Folha
Ramagem negou que tenha dado declarações sobre fraude nas eleições de 2018 e disse que nunca foi contrário ao resultado de 2022, que deu a vitória ao presidente Lula (PT) . Entre documentos encontrados pela PF, está um email que teria sido enviado por ele ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com a mensagem: "Certeza de que houve fraude nas eleições de 2018, com vitória do sr. no primeiro turno". "Parece que há, e eu não me lembro, que eu faço algumas anotações do que eu acho que é de interesse pessoal meu e para conversas. Não quer dizer que eu passei para alguém. Falaram que havia emails. Eu não enviei emails para ninguém, isso é uma mentira da Polícia Federal", disse.
O candidato do PL afirmou que vai reconhecer o resultado das urnas nas eleições municipais, mas defendeu um "aprimoramento do sistema eleitoral". "A gente tem uma opinião sobre as urnas. Todas as vezes que eu fiz opiniões públicas sobre as urnas — e fiz mais de uma — foi no sentido de que devemos sempre aprimorar o nosso sistema eleitoral. Nosso sistema eleitoral é valido, eu estou concorrendo, inclusive. Vou reconhecer o resultado das urnas."
Apoio de políticos
Para Alexandre Ramagem, estar ao lado de Jair Bolsonaro trará um grande auxílio para sua campanha. Ele acredita, entretanto, que não depende exclusivamente do ex-presidente para subir nas pesquisas de intenção de voto. "Bolsonaro é uma força de voto no nosso Brasil, é um grande líder que une a direita. Então, estar ao seu lado, com certeza, vai me auxiliar muito nesse processo eleitoral, mas tenho certeza também de que a nossa qualidade, que nós estamos demonstrando é o que está fazendo nós crescermos cada vez mais nas pesquisas".
Na segunda-feira (5), o candidato do PL recebeu também apoio de políticos tradicionais do estado. Estão com ele o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha; o ex-governador do Rio Anthony Garotinho; e Kaio Brazão, filho do ex-deputado Domingos Brazão, preso por suspeita de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), em 2018.
Ao ser perguntado sobre o apoio de Cunha (Republicanos) — preso por corrupção e com condenação anulada pelo STF, em 2023 — Ramagem desconversou. "Nossas coligações são com os partidos. Partidos sólidos, fortes que entenderam a nossa vontade. Essas coligações vão nos apresentar pessoas técnicas para trabalhar."
Propostas para o Rio
Durante a sabatina, Ramagem afirmou que pretende valorizar, caso eleito, o Carnaval do Rio de Janeiro e utilizar o sambódromo para outros eventos que possam atrair mais turistas. "Não é um evento como o show da Madonna que vai salvar o Rio de Janeiro. Tem de ser uma programação de pequenos, médios e grandes shows pela cidade."
O candidato também criticou o sistema de transporte da gestão Eduardo Paes (PSD), com investimentos no BRT. Fazem parte de seu plano de governo, em caso de vitória, a expansão do VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) e a integração das tarifas, com um sistema único de cobrança.
Ramagem afirmou que a administração atual "alimentou as milícias", com a falta de fiscalização em relação a irregularidades do uso do solo e transporte. Ele prometeu trabalhar dentro das comunidades. "Quando eu for prefeito, a gente vai entrar para levar ordem pública, avisando o dia para evitar o combate, para levar polícia como comunitária, para levar o serviço às comunidades."
Em outra área, o candidato defendeu a entrada de gestores privados dentro das escolas municipais. A ideia, segundo ele, seria começar com pilotos para a verificação do conceito e expandir o projeto, de acordo com os resultados. "Se nós conseguirmos fazer modelos de gestão privada em algumas e demonstrarmos sucesso, elas vão começar a se expandir."
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Quero receberA candidatura de Ramagem foi oficializada pelo PL em 22 de julho, em convenção realizada na sede do partido no centro do Rio. A vice da chapa, Índia Armelau, também vem do PL. Bolsonarista, a influenciadora fitness foi eleita deputada estadual em 2022. Ela foi escolhida após a também deputada estadual Tia Ju (Republicanos) —ligada a setores da Igreja Universal— recusar o convite.
Em pesquisa Datafolha divulgada no início de julho, Alexandre Ramagem aparece em terceiro lugar, com 7% das intenções de voto. Ele está empatado tecnicamente com Tarcísio Motta (PSOL), que tem 9%. O atual prefeito, Eduardo Paes (PSD) tem liderança isolada, até o momento, com 53%, e seria eleito já no primeiro turno, de acordo com a sondagem.
Em um patamar mais baixo, eles são seguidos por Juliete Pantoja (Unidade Popular), com 3%; Cyro Garcia (PSTU), com 3%; Rodrigo Amorim (UB), com 2%, Marcelo Queiroz (PP), com 2%, e Dani Balbi (PC do B), com 1%. Carol Sponza (Novo) foi citada na pesquisa, mas não alcançou 1% das intenções de voto.
Formado em Direito, Ramagem entrou para a Polícia Federal, em 2005, como delegado. Integrou a equipe da Operação Lava Jato, entre 2016 e 2017 e também chefiou a segurança do ex-presidente Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018.
Ramagem ocupou o cargo de diretor-geral da Abin, de 2019 a 2022, quando deixou o posto para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados. Foi eleito deputado federal com quase 60 mil votos.
Sabatinas UOL e Folha
A sabatina foi conduzida por Diego Sarza, com participações dos jornalistas Ruben Berta, colunista do UOL, e Italo Nogueira, da Folha de S. Paulo. Na terça-feira (6), eles entrevistaram o candidato do PSOL, Tarcísio Motta. O prefeito do Rio de Janeiro e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PSD) também foi convidado, mas não quis participar.
A série de sabatinas está ouvindo os principais pré-candidatos de 18 cidades do país. As entrevistas são sempre ao vivo, com transmissão pela Internet, nos sites e nos perfis das redes sociais do UOL e da Folha de S. Paulo.
Além do Rio de Janeiro, já passaram pelas sabatinas pré-candidatos de oito cidades:
Belo Horizonte: com Fuad Noman (PSD) e Rogério Correia (PT);
Salvador: Bruno Reis (União) e Kleber Rosa (PSOL);
Porto Alegre: Thiago Duarte (União Brasil) e Maria do Rosário (PT);
Recife: João Campos (PSB), Gilson Machado (PL) e Daniel Coelho (PSD);
São Paulo: Pablo Marçal (PRTB), Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB);
Curitiba: Ney Leprevost (União), Eduardo Pimentel (PSD) e Luciano Ducci (PSB);
Fortaleza: José Sarto (PDT) e Capitão Wagner (União Brasil) e
Maceió: Rafael Britto (MDB) e Lobão (Solidariedade).
As convenções partidárias tiveram início em 20 julho e o prazo para oficialização das candidaturas terminou nesta segunda-feira (5). As eleições municipais ocorrem em 6 de outubro, com segundo turno marcado para o dia 27.
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