Braskem não pode ficar com 20% de Maceió, diz candidato do Solidariedade

O candidato do Solidariedade à Prefeitura de Maceió, Lobão, afirmou que pretende rever, caso eleito, os acordos feitos entre o governo municipal e a Braskem, empresa responsável pelo desastre ambiental que atingiu 14,4 mil imóveis e cerca de 60 mil pessoas na capital. Ele participou, nesta sexta-feira (2), de sabatina promovida pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo.

O que aconteceu

Anivaldo Luiz da Silva, conhecido como Lobão, disse que os contratos não beneficiaram os moradores prejudicados pelo afundamento do solo na cidade. "Integra o nosso pré-programa de ação municipal rever esse acordo que não beneficiou Maceió. A gente não tem compromisso com a empresa criminosa nem com seus aliados. Meu compromisso é com as vítimas", afirmou.

Tendo como foco as vítimas e não a Braskem, a gente chegando lá [caso eleito prefeito], vai abrir a 'caixa de Pandora' da Prefeitura de Maceió. Vou abrir a caixa e olhar a situação da Braskem, a situação do acordo, a situação de mobilidade, a situação das vítimas. O que eu puder fazer para trazer para a vítima o melhor, nós faremos
Lobão (Solidariedade), candidato à Prefeitura de Maceió

Desde 2018, cerca de 60 mil pessoas foram removidas de suas casas em cinco bairros de Maceió, por causa do afundamento do solo causado pela mineração de sal-gema. De acordo com a Braskem, mais de R$ 4 bilhões já foram pagos em indenizações, e os autores da ação já receberam propostas de compensação financeira.

Para o candidato do Solidariedade, os valores recebidos pelas vítimas estão aquém do desejado. Sem detalhar seus planos na prática, Lobão prometeu trabalhar para que a área afetada não seja de propriedade da petroquímica. "O meu intuito seria garantir que a propriedade nunca seja da Braskem. A Braskem não pode ficar com 20% do território de Maceió", disse.

Questionado sobre como se identifica do ponto de vista ideológico, o candidato se disse progressista. Lobão afirmou que "não tem interesse em conservar o atraso", mas se perdeu no tema ao tentar citar exemplos. "Temos um viaduto que trava o trânsito da região [do bairro do Jacintinho] e vamos esticar o viaduto. Então eu não tenho interesse de preservar essa situação que atrasa o povo de Maceió", disse.

Cantor, ex-ator de filmes pornô e líder comunitário, Lobão entrou para a política em 2004, quando filiou-se ao PSB. A primeira candidatura veio seis anos depois, ao tentar, sem sucesso, uma vaga na Assembleia Legislativa de Alagoas. Candidato a vereador em 2012, acabou suplente. O mesmo aconteceu quando tentou ser eleito deputado estadual, em 2014.

Como candidato pelo PR, foi o vereador mais votado de Maceió em 2016. Em 2022, foi eleito suplente de deputado estadual, tendo assumido por seis meses o cargo quando o então deputado Paulo Dantas (MDB) foi eleito governador-tampão —quando o mandato é válido apenas pelo período que falta para concluir o do antecessor.

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A candidatura de Lobão à prefeitura da capital alagoana foi oficializada pelo Solidariedade no último dia 25. A vice-prefeita na chapa é a socióloga Danúbia Barbosa.

Em sondagem da Paraná Pesquisas divulgada em junho, o candidato aparece com 2,2% das intenções de voto. Com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, o prefeito e candidato do PL, João Henrique Caldas, lidera a corrida até o momento, com 54,4%, e seria reeleito já no primeiro turno.

Sabatinas UOL e Folha

A sabatina foi conduzida por Diego Sarza, com participações dos jornalistas Carlos Madeiro, do UOL e João Pedro Pitombo, da Folha de S.Paulo. Na terça-feira (30), eles entrevistaram o emedebista Rafael Brito. O prefeito João Henrique Caldas (PL) também foi convidado, mas não quis participar.

A série de sabatinas está ouvindo os principais pré-candidatos de 18 cidades do país. As entrevistas são sempre ao vivo, com transmissão pela Internet, nos sites e nos perfis das redes sociais do UOL e da Folha de S. Paulo.

Além de Maceió, já passaram pelas sabatinas pré-candidatos de sete cidades:

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Belo Horizonte: com Fuad Noman (PSD) e Rogério Correia (PT);

Salvador: Bruno Reis (União) e Kleber Rosa (PSOL);

Porto Alegre: Thiago Duarte (União Brasil) e Maria do Rosário (PT);

Recife: João Campos (PSB), Gilson Machado (PL) e Daniel Coelho (PSD);

São Paulo: Pablo Marçal (PRTB), Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB);

Curitiba: Ney Leprevost (União), Eduardo Pimentel (PSD) e Luciano Ducci (PSB);

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Fortaleza: José Sarto (PDT) e Capitão Wagner (União Brasil).

As convenções partidárias começaram no sábado (20) e todas as candidaturas devem ser oficializadas até o dia 5 de agosto. É a data limite, definida pela Justiça Eleitoral, para o término das reuniões. As eleições municipais ocorrem em 6 de outubro, com segundo turno marcado para o dia 27.

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