O que é a máfia das creches, citada contra Ricardo Nunes em debates?

O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), foi questionado por outros candidatos sobre suposto envolvimento na máfia das creches durante debates ao longo da campanha, incluindo no evento promovido pelo UOL/Folha, na última segunda-feira (30).

Nunes negou envolvimento com o esquema de desvio de verbas públicas da educação. "É uma investigação grave, inclusive uma acusação da utilização do nome da sua esposa como laranja", disse Boulos em um momento do debate.

Eu tenho 30 anos na vida pública. Nunca tive um indiciamento, nunca tive uma condenação. Ricardo Nunes, durante o debate UOL/Folha

O que é a máfia das creches?

Um inquérito da Polícia Federal apura o desvio de verbas públicas destinadas ao ensino infantil (atendimento de crianças de 0 a 3 anos). Em relatório, a PF descreve o tema como um "complexo esquema de desvio de valores públicos, inclusive verbas federais, que estaria sendo realizado por Organizações Sociais e Mantenedoras de Centros de Educação Infantil e creches que prestam serviços para a Prefeitura de São Paulo".

O esquema movimentou R$ 1,5 bilhão entre 2016 e 2020, segundo a investigação. Apurações começaram após indícios de fraude em contratos superfaturados e notas fiscais frias.

A PF indiciou 117 pessoas por suspeita de participação. O esquema ilegal teria 36 organizações sociais envolvidas, aponta o inquérito divulgado em julho.

Nunes é investigado?

Nunes não está entre os indiciados. Mas foi alvo de um pedido da PF à Justiça para a abertura de um inquérito específico. A polícia quer investigar a relação do atual prefeito, na época em que era vereador da cidade, com duas empresas envolvidas no esquema, a "Francisca Jacqueline Oliveira Braz Eireli" e a "Organização Social Associação Amiga da Criança e do Adolescente (Acria)".

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Suspeita é de que entidades sejam empresas de fachada. No período investigado, a organização social Acria recebeu repasses de R$ 49.891.499,83 da prefeitura paulistana. Esta organização social, por sua vez, fez transações com a empresa "Francisca Jacqueline Oliveira Braz Eireli". A suspeita dos investigadores é de que a última seja uma empresa de fachada (ou "noteira", no jargão investigativo), destinada à emissão de notas fiscais para fins fraudulentos. No período investigado, a movimentação financeira da empresa "Francisca Jacqueline" foi superior a R$ 162 milhões.

Inquérito da PF considera suspeita a relação de empresa com Ricardo Nunes. A presidência da Acria era ocupada por uma funcionária da empresa Nikkey, fundada por Ricardo Nunes e que, naquele momento, incluía membros da família do então vereador no quadro administrativo.

É suspeita essa relação do então vereador Ricardo Luis Reis Nunes, atual prefeito de São Paulo, com uma das principais empresas atuantes do esquema criminoso de desvio de verba pública do município de São Paulo, Francisca Jacqueline Oliveira Braz Eireli, que movimentou a quantia de R$ 162.965.770,02 no período do afastamento bancário, como também a Organização Social Associação Amiga da Criança e do Adolescente. Delegado Adalto Ismael Rodrigues Machado, em relatório da PF

Nunes nega

Em nota oficial após os indiciamentos da PF, Nunes criticou o que qualificou como "manobra rasteira às vésperas" do período eleitoral. "Ricardo Nunes é, sempre foi e sempre será o maior interessado no esclarecimento desses fatos", diz o posicionamento do prefeito. "É perversa e muito suspeita essa manobra rasteira às vésperas de uma eleição, em tentativa de prejudicar a reputação do líder das pesquisas de intenção de voto à reeleição".

*Com informações do Estadão Conteúdo.

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