Premiê libanês propõe renúncia após ataque a bomba que matou três em Beirute; rebeldes culpam Síria e Hizbollah
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, disse neste sábado que ofereceu sua renúncia ao presidente Michel Suleiman, e disse considerar necessária a formação de um governo de união nacional perante a crise política aberta após o ataque da véspera.
"Não estou preso ao posto e suspendi todas as decisões à espera das consultas do presidente", declarou Mikati.
A explosão de um carro-bomba, na sexta-feira (19), no centro de Beirute matou três pessoas --incluindo o chefe do serviço de inteligência da polícia, o general Wissam Hassan-- e deixou cerca de 80 feridos. Nenhum grupo assumiu a autoria do atentado. Este foi o maior ataque em Beirute desde 2008.
Os primeiros relatórios apontavam que o atentado tinha provocado oito mortes, mas a agência libanesa "ANN" corrigiu o número.
A coalizão anti-Síria 14 de março, que representa a oposição libanesa, exigiu ontem a renúncia de Mikati, a quem responsabilizou diretamente pelo atentado.
O ataque, durante a hora do rush, levantou temores de que a guerra na Síria respingue no Líbano. A instabilidade aumentou nos últimos meses no Líbano como consequência do contágio da crise na Síria, cenário de atentados e duros enfrentamentos entre partidários e detratores do regime.
As manifestações e os bloqueios em diferentes estradas no Líbano continuam neste sábado (20) em protesto pelo atentado da véspera, informou a imprensa local.
Rebeldes acusam Síria e Hizbollah
Os rebeldes sírios acusaram neste sábado o regime de Damasco e o grupo xiita libanês Hizbollah de estarem por trás do atentado.
Em comunicado, o Exército Livre Sírio (ELS) condenou o atentado, e pediu aos libaneses que "frustrem os planos" do ditador sírio, Bashar Assad, e do líder do Hizbollah, Hassan Nasrallah.
Segundo os rebeldes, o ataque de ontem é "um episódio da série de atos terroristas produzidos por Assad e seus aliados" no Líbano, em alusão ao Hizbollah.
O ELS reiterou seu pedido para que o Conselho de Segurança da ONU e a Liga Árabe mantenham uma reunião de emergência a fim de analisar a evolução da crise na Síria e no Líbano, assim como o envio de tropas internacionais a ambos os países.
Além disso, o Governo liderado pelo primeiro-ministro Niyab Mikati se encontra reunido em uma sessão extraordinária para analisar a situação no país, que hoje vive um dia de luto nacional, segundo a "Agência Nacional de Notícias" ("ANN").
Rua bloqueada e tiros do Exército
Ao menos dois libaneses ficaram feridos neste sábado quando protestavam contra o atentado da véspera. O Exército libanês realizou disparos contra um grupo, que estava bloqueando uma rua, disseram testemunhas.
"O exército libanês estava tentando desbloquear a rua e começou a atirar", disse uma testemunha da vila Bar Elias, na parte oriental do Líbano, na região de Bekaa Valley.
(Com informações de agências de notícias)
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