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Trinta reféns escapam de radicais islâmicos em campo de exploração de gás na Argélia

Foto sem data da petrolífera em na Argélia, onde acontece o sequestro - AFP
Foto sem data da petrolífera em na Argélia, onde acontece o sequestro Imagem: AFP

Do UOL, em São Paulo

17/01/2013 09h42

Trinta reféns argelinos conseguiram escapar nesta quinta-feira (17) do campo de exploração de gás da Argélia, onde permaneciam sequestrados desde a madrugada de ontem (16), anunciou a administração da província de Illizi, fronteiriça com a Líbia onde fica o sítio, mais exatamente na cidade de Tiganturin, a 40 km de In Aménas.

O grupo de radicais islâmicos que comanda o sequestro dizem que estão com 41 reféns estrangeiros, entre eles sete americanos, franceses, britânicos e japoneses, mas o número não foi confirmado.

O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, confirmou hoje que um dos dois mortos entre os reféns é britânico. "Foi um assassinato a sangue frio, e dizer que se trata de uma represália pela intervenção da França no Mali é apenas um pretexto", declarou.

A morte havia sido anunciada ontem pelo ministro argelino do Interior, Dahu Uld Kablia, que não confirmou o número de reféns.

O presidente da Statoil, Helge Lund, disse também hoje que entre os sequestrados há nove noruegueses e outros três empregados de diferentes nacionalidades, mas também desconhece o número total. Ontem, o primeiro-ministro norueguês, Jens Stoltenberg, havia anunciado que eram 13 cidadãos do seu país capturados.

Os sequestradores disseram hoje que só vão começar as negociações depois que as Forças Armadas argelinas se retirarem das imediações do local. "Pedimos ao Exército argelino que se retire para abrir as negociações sobre os reféns", disse o sequestrador Abu al Bara, em entrevista à TV "Al Jazeera".

O ataque começou na madrugada de ontem (16), no sítio operado pelas empresas nacional Sonatrach com a britânica BP (British Petroleum) e a norueguesa Statoil. A Statoil anunciou ontem que vai fechar a planta.

O grupo é ligado à Al Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) e dirigido pelo argelino Mojtar Belmojtar, que assumiu a autoria do ataque. Segundo Belmojtar, autoproclamado emir da "Brigada dos Mascarados", a ação é uma resposta à abertura do espaço aéreo da Argélia para que a aviação francesa bombardeasse o norte do Mali no domingo (13), controlado por grupos armados salafistas desde junho de 2012.


República do Mali

  • Capital: Bamaco
    População: 15,5 milhões (2012)
    Língua oficial: francês
    PIB: US$ 17,9 bilhões (2011)
    Tamanho: 7º maior país da África
    Divisão religiosa: 90% muçulmanos, 1% cristãos
    e 9% crenças indígenas

Mali sob controle

O ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian, afirmou ontem que o Exército francês "está avançando em direção ao norte" do Mali, e que a chamada "Operação Cerval", que hoje entra em seu sétimo dia, conseguiu impedir o avanço dos rebeldes para o sul.

Agora, as tropas seguem para a cidade de Diabali, a 400 km da capital Bamaco, nas imediações da fronteira com a Mauritânia, tomada na segunda-feira (14) pelos rebeldes.

A França conta com 1.700 militares envolvidos na operação, dos quais 800 em solo malinês, e nos próximos dias o contingente pode chegar a 2.500 homens, diz o ministro.

O almirante Édouard Guillaud, do Exército francês, assegurou que o objetivo da operação é puramente militar. "Quando os jihadistas se instalam em uma cidade, aterrorizam a população e tendem a utilizá-la como escudo humano. Nos negamos a deixar que a população corra riscos. Perante a dúvida, não dispararemos; os isolaremos", disse ele, referindo-se às ordens do presidente da França, François Hollande.

Hollande declarou que "a França seguirá tendo forças em terra e ar" para combater os grupos. Os jihadistas anunciaram que atingirão "o coração da França": "A França atacou o Islã. Vamos atingir o coração da França", disse. Abou Dardar, um dos líderes do Movimento para a Unidade e a Jihad na África Ocidental (Mujao).

A França obteve "a compreensão e o apoio" do Conselho de Segurança da ONU. A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) também declarou apoio à intervenção, ao mesmo tempo em que frisou que não tem intenção de participar. Já o secretário-geral da Organização de Cooperação Islâmica (OCI), Ekmeleddin Ihsanoglu, pediu um cessar-fogo imediato no Mali.

Vários países europeus, entre eles o Reino Unido, e os Estados Unidos dão apoio logístico ao Exército francês, que conta com o respaldo da maior parte da comunidade internacional.

Guerra contra o terrorismo

Desde o dia 11 de janeiro, a França se declarou em "guerra contra o terrorismo" no Mali, após Hollande aceitar pedido de ajuda feito pelo governo da antiga colônia francesa, no dia 10. Há uma disputa de forças entre os militares, vinculados ao governo, e os radicais. Os franceses apoiam os militares.

Cerca de 3.000 soldados de países vizinhos ao Mali, no oeste da África, estão se preparando para se juntar às forças francesas, que tomará o lugar da operação francesa.

O ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, rejeitou qualquer semelhança entre a operação com a ação dos Estados Unidos contra o Taleban no Afeganistão, que já dura 11 anos.

Os grupos, denominados radicais, invadiram a região norte durante o golpe de Estado de 22 de março de 2012, que derrubou o então presidente Amadou Toumani Touré.

Em apoio aos grupos islâmicos estão integrantes da Al Qaeda, do Magrebe Islâmico (AQMI), e dos movimentos Ansar Dine e Mujao.

Cerca de 150 mil pessoas fugiram do conflito no Mali em direção aos países vizinhos, aponta o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

A organização informou que há cerca de 230 mil deslocados dentro do país. (Com agências internacionais)