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Doze reféns argelinos e estrangeiros morreram na operação em campo de gás na Argélia, diz ministro

Do UOL, em São Paulo

18/01/2013 17h17Atualizada em 18/01/2013 18h00

Doze reféns argelinos e estrangeiros morreram na operação lançada ontem pelo Exército da Argélia contra um campo de gás tomado por um grupo extremista, afirmou nesta sexta-feira (18) o ministro das Comunicações do país, Mohamed Said.

Segundo ele, estas são as cifras que pode oferecer até o momento. O ministro não deu informações sobre os feridos.

Desde a madrugada de quarta-feira, um campo de gás natural localizado em In Amenas, no sudeste da Argélia, está tomado por um grupo extremista ligado à Al Qaeda. A ação do grupo foi uma represália à decisão do governo de abrir o espaço aéreo do país africano para que a aviação francesa pudesse bombardear o norte do Mali.

A França intervém militarmente no Mali desde sexta-feira passada (11), após receber um pedido de ajuda do governo local para combater grupos extremistas.

Um dos reféns estrangeiros mortos é francês e se chama Yann Desjeux, informou o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius. Outro morto era americano, segundo asseguraram fontes oficiais dos Estados Unidos à rede "CBS".

A rede também acrescentou que cinco americanos estavam nas instalações no momento do ataque, ocorrido há três dias, dos quais dois conseguiram escapar e se esconder no complexo e outros três foram sequestrados.

As forças de segurança argelinas soltaram mais cedo o primeiro balanço de reféns do sequestro. Segundo os dados, 573 argelinos e cerca de cem dos 132 reféns estrangeiros foram libertados até agora.

De acordo com o balanço provisório, recolhido pela agência estatal argelina "APS", continua a operação para libertar outro grupo de reféns que permanece detido no campo – o número dos reféns mantidos no campo não foi divulgado.

Primeiras imagens

A televisão estatal argelina mostrou hoje as primeiras imagens de reféns argelinos e estrangeiros libertados pelas forças especiais do Exército.

A maioria deles - entre os quais filipinos, britânicos e turcos, assim como outros estrangeiros que não disseram sua nacionalidade - se centraram em descrever o alívio que sentiram após serem resgatados, e em elogiar a atuação do Exército.

Os reféns apareceram visivelmente cansados, alguns subindo em um ônibus para serem retirados da área.

A televisão também mostrou imagens de feridos no hospital de In Amenas, cidade a cerca de 40 quilômetros das instalações da unidade atacada, mas não deu números nem de mortos nem de feridos.

Retirada de campo

Cerca de 400 trabalhadores de empresas multinacionais que operam em campos de gás na Argélia e que foram retirados desses locais ontem partiram hoje para seus países, a partir da cidade espanhola de Palma de Mallorca.

Entenda o caso

Em 11 de janeiro, a França se declarou em "guerra contra o terrorismo" no Mali, intervindo militarmente na nação africana, a pedido do governo local. O objetivo é combater grupos extremistas que controlam várias regiões do país, sobretudo o norte. Para a intervenção, a França obteve apoio da ONU e da Otan, além de apoio logístico de vários países europeus, entre eles o Reino Unido, e os Estados Unidos.

 

No dia 13, a Argélia permitiu que a França utilizasse seu espaço aéreo para intervir no norte do Mali, o que levou um grupo extremista a sequestrar um campo de gás em In Amenas, no centro-leste da Argélia. A ação foi uma represália à decisão do governo local. O campo de In Amenas é controlado por um consórcio formado pela argelina Sonatrach, a britânica BP e a norueguesa Statoil, e produz gás equivalente a 160 mil barris de petróleo por dia, mais de um décimo da produção de gás da Argélia.

 

Na quinta-feira (17), uma operação do Exército argelino para retomar o controle do campo matou 49 pessoas ? 34 reféns e 15 rebeldes. As informações sobre mortos, no entanto, são imprecisas. Também não se sabe quantos reféns estão vivos e quantos conseguiram fugir ? diz-se que mais de 600 escaparam. Do lado dos rebeldes, os números também divergem. Uma fonte de segurança argelina afirmou que 18 extremistas morreram na ação das forças oficiais. A operação do Exército para a tomada de controle total do campo continua.

Os evacuados partiram da ilha mediterrânea, onde passaram a noite, a seus destinos definitivos, informaram as autoridades locais.

Empregados de diversas campanhas, entre elas a BP, chegaram ao aeroporto de Palma de Mallorca em dois voos. Funcionários da delegação do governo espanhol informaram que os voos tiveram que fazer escala em Mallorca, pois suas tripulações haviam completado o tempo máximo sem descanso que permite a regulação aérea.

Alguns dos evacuados partiram a seus destinos finais em voos privados, mas o grosso dos trabalhadores viajou com destino a Londres e Dubai a partir dos aviões fretados.

Troca

O chefe do grupo extremista que tomou o campo de gás de In Amenas ofereceu a libertação dos reféns americanos em troca de dois notórios islamitas presos nos Estados Unidos.

Segundo disseram fontes dos sequestradores à agência privada mauritana "ANI" - canal de comunicação com o qual estão em contato desde o primeiro momento -, o chefe do grupo sequestrador, Mojtar Bel Mojtar, acrescentou estas exigências às já conhecidas de deter a ofensiva militar sobre o norte do Mali, e expôs suas condições em um vídeo que entregará a vários meios de imprensa.

Os rebeldes também afirmam que têm sete reféns estrangeiros em suas mãos - três belgas, dois americanos, um japonês e um britânico.

Por sua vez, uma fonte de segurança argelina indicou "dez reféns" ainda em poder dos sequestradores, sem revelar se são estrangeiros.

Brasileiros fora de perigo

O Itamaraty informou que não há brasileiros entre as vítimas do sequestro coletivo na Argélia e os que estão nas áreas mais arriscadas no Mali. Nos dois países africanos, a comunidade brasileira não chega a cem pessoas. No Mali, há um grupo de pouco mais de dez brasileiros, enquanto na Argélia o número sobe para 50, de acordo com as embaixadas em ambos os países.