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EUA dizem na ONU que separatistas "possivelmente" derrubaram avião

Do UOL, em São Paulo

18/07/2014 11h47Atualizada em 18/07/2014 13h21

A representante dos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU, Samantha Power, afirmou durante reunião realizada nesta sexta-feira (18) sobre a queda do avião da Malaysia Airlines na Ucrânia que a aeronave foi "possivelmente derrubada por um míssil de superfície SA-11 operado de uma localização separatista no leste da Ucrânia".

De acordo com Power, milicianos portando o equipamento para o disparo de mísseis foram vistos perto do local pouco tempo depois de o avião cair.

“Não vamos descansar enquanto não descobrirmos o que aconteceu”, disse ela.

A norte-americana afirmou que os separatistas não teriam condições de operar tal equipamento sem assistência especializada devido à complexidade do sistema SA-11, e que, por isso, não descarta a participação de russos na ação.

“Se a Rússia apoiou os separatistas, ela teria motivos para esconder os vestígios, e por isso uma investigação deve começar imediatamente”, apontou Power.

“A Rússia diz que quer a paz, mas nós já trouxemos a esse Conselho inúmeras provas de que o país continua apoiando os separatistas”, ela afirmou.

Trajeto do voo MH17 - Arte/UOL - Arte/UOL
Voo ia de Amsterdã (Holanda) para Kuala Lumpur (Malásia)
Imagem: Arte/UOL

O embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, por sua vez, rebateu as acusações e colocou a culpa na Ucrânia.

"Colocamos toda a culpa nos poderes em Kiev", afirmou Churkin, acrescentando que não é momento de "declarações vagas e injustificadas ou insinuações". 

"Achamos certo trazer uma comissão internacional para investigar não apenas o desastre, mas também em que extensão as autoridades de aviação ucranianas cumpriram suas responsabilidades", afirmou. "Por que os controladores mandaram um voo para lá?"

Conselho de Segurança quer “investigação completa e transparente”

Representante do secretário-geral da ONU, Jeffrey Feltman afirmou aos embaixadores presentes à reunião de emergência do Conselho de Segurança que, “como já reiterado pelo secretário-geral em incontáveis ocasiões, grupos armados precisam se desengajar (...). Ao mesmo tempo, pedimos que as autoridades ucranianas ajam com cuidado para proteger os civis”.  

Empresas aéreas evitam voar por espaço aéreo ucraniano - Reprodução/Twitter/ Flightradar24 - Reprodução/Twitter/ Flightradar24
Empresas aéreas evitam voar por espaço aéreo ucraniano
Imagem: Reprodução/Twitter/ Flightradar24

De acordo com Feltman, a ONU não tem como verificar a veracidade dos números, mas organizações humanitárias reportaram 500 mortes desde o início dos conflitos na Ucrânia, iniciados em novembro de 2013, 1.400 feridos e milhares de cidadãos desalojados pelo medo da violência.

O representante do Reino Unido no Conselho, Mark Lyall Grant, assim como fizeram os EUA, também criticou o posicionamento russo na crise e pediu que o país use sua “influência” sobre os rebeldes para que o acesso dos investigadores internacionais ao local do acidente seja permitido, o que ainda não havia sido constatado. 

“A Rússia precisa refletir claramente sobre a situação que eles criaram”, disse Grant. “Esses grupos armados não representam o povo ucraniano e, sem o apoio da Rússia, não teriam vingado”, disse.

"Nós sabemos que três líderes na chamada República Popular de Donetsk são cidadãos russos, [e que separatistas receberam material de apoio] incluindo cem Manpads [disparador de míssil], de 15 a 25 tanques de guerra, sem falar em lançadores de foguetes e outros veículos blindados", afirmou o embaixador.