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Paris tem pichações e depredações após protestos; Macron prepara resposta

Manhã de domingo (9) em Paris, França, depois de um sábado de confrontos violentos - Erica Feferber/AFP
Manhã de domingo (9) em Paris, França, depois de um sábado de confrontos violentos Imagem: Erica Feferber/AFP

Do UOL, em São Paulo*

09/12/2018 08h34Atualizada em 09/12/2018 14h15

Paris despertou na manhã deste domingo (9) entre os rastros deixados pelo sábado intenso de confrontos entre manifestantes e policiais que tomaram a capital francesa no dia anterior. Muros pichados, vitrines de lojas quebradas, pontos de ônibus danificados e carros e motos tombados eram algumas das imagens que se espalhavam pelas calçadas da cidade.

Na véspera, um total de 1.723 pessoas foram detidas no quarto sábado consecutivo de protestos do movimento que ficou conhecido como "coletes amarelos", que levou às ruas 136 mil manifestantes, segundo o Ministério do Interior do país. Só em Paris houve 1.082 detenções e 96 pessoas ficaram feridas, sendo dez policiais, segundo a Polícia. Dentre esses detidos, ficaram sob custódia 1.220 pessoas, disseram hoje fontes do Ministério. 

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Veículo queimado em meio a protestos deste sábado em Paris
Imagem: Thomas Samson/AFP

Criticado pelo silêncio das últimas semanas em meio às convulsões, o presidente da França, Emmanuel Macron, um dos alvos dos protestos, deve fazer um grande anúncio na próxima semana. "Claro que o presidente da República fará anúncios importantes", disse o porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, à emissora LCI neste domingo. "Contudo, nem todos os problemas dos 'coletes amarelos' serão resolvidos com uma varinha mágica", acrescentou.

Impostos e alto custo de vida

Os primeiros protestos dos "coletes amarelos" aconteceram em 17 de novembro, em diversas cidades da França, em resposta a um aumento de impostos e alta no preço dos combustíveis. O imposto chegou a ser revogado pelo governo no dia 4 de dezembro, mas a onda de protestos já havia se expandido e passou também a abarcar outras bandeiras, como aumento de salário, maior justiça fiscal e críticas ao governo de Macron.

Confrontos com policiais, bombas de gás lacrimogênio, barricadas e artigos queimados pela rua, de lixeira a caros e motos, marcaram os embates deste sábado, em particular nos bairros de Champs-Elisees, nos Grandes Bulevares e na praça da República, em Paris.

Fora da capital, algumas manifestações dos "coletes amarelos" acabaram em violência, como em Toulouse, em Saint-Etienne e em Bordeaux, onde um manifestante ficou gravemente ferido ao pegar com a mão uma bomba de gás lacrimogêneo.

"Globalmente a violência foi menor que na semana anterior e o nível de tensão diminuiu, mas a situação não é satisfatória", declarou Griveaux.

domingo (9) em Paris França após protestos "coletes amarelos" - Eric Fererberg/AFP - Eric Fererberg/AFP
Moto queimada em rua de Paris no domingo (9)
Imagem: Eric Fererberg/AFP


A participação dos "coletes amarelos" nas ações que tinham convocado por todo o país, de acordo com as contas do departamento de Interior, foi a mesma do dia 1º de dezembro.

Macron em silêncio

Em sua conta do Twitter, Macron ontem à noite postou uma mensagem para agradecer as forças da ordem por sua "coragem e excepcional profissionalismo" que mostraram.

O último discurso à nação de Macron ocorreu em 27 de novembro, quando afirmou que não será levado a alterar suas políticas por "bandidos".

Após os protestos das últimas semanas, o governo ofereceu uma série de concessões para tentar apaziguar os ânimos, cancelando aumentos de impostos sobre combustíveis planejados para janeiro e congelando os preços da eletricidade, no que foi considerado o primeiro grande recuo do governo Macron. O primeiro-ministro, Edouard Philippe, foi o responsável por fazer o anúncio.

Importantes aliados de Macron disseram na sexta-feira que o presidente faria um discurso à nação no começo da próxima semana. O presidente já desistiu de aumentar impostos sobre os combustíveis, mas a medida não conteve os "coletes amarelos", que demandam menos impostos, aumento do salário mínimo e melhoria dos benefícios da aposentadoria.

Apesar das concessões já feitas, Macron fechou as portas, até aqui, para realizar outros desejos dos manifestantes, devido ao receio de aumentar o déficit do país e descumprir regras da União Europeia.

"Quando você vê esse nível de protestos, está claro que precisamos mudar o método, mas isso não significa que não faremos também importantes anúncios", disse Griveaux em uma outra entrevista, para a emissora BFM.

*Com EFE e Reutes