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"Not Him": manifestantes protestam contra Bolsonaro em frente à Casa Branca

Luciana Amaral

Do UOL, em Washington

17/03/2019 14h12Atualizada em 17/03/2019 17h35

Um grupo de cerca de 50 pessoas, incluindo brasileiros, protestou hoje contra a visita oficial do presidente Jair Bolsonaro (PSL) ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os manifestantes chamaram Bolsonaro de "fascista" e "racista".

Eles seguravam placas e gritavam as palavras de ordem "Not Him", relembrando os protestos "Ele Não", de 2018. Os manifestantes, entre americanos e brasileiros, também levaram cartazes com os dizeres "todos contra o fascismo", "solidariedade para com o Brasil", "Bolsonaro não" e "República de laranjas".

Outra brasileira escreveu "what is a golden shower?", em referência à pergunta feita pelo presidente no Twitter no Carnaval.

A estudante Débora de Oliveira é do interior de São Paulo e mora há dois anos em Washington. Ela disse acompanhar o noticiário brasileiro e ter decidido ir ao protesto por achar que as falas de Bolsonaro são perigosas.

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Em protesto nos EUA, uma brasileira escreveu “what is a golden shower?” para Bolsonaro
Imagem: Luciana Amaral/UOL

"Ele vai ganhar uma visibilidade muito grande aqui na visita e as pessoas precisam saber o que ele pensa, o que faz. O quão perigoso ele é para a nossa sociedade como um todo", explicou.

O protesto foi organizado pela organização United Against Hate, criada nos Estados Unidos após a eleição de Trump.

Um dos responsáveis pela entidade em Washington D.C., Michael Shallal, afirmou que o grupo protesta contra o movimento de direita e de supremacia branca que tem surgido em alguns países, incluindo os próprios Estados Unidos.

"Estamos preocupados com esses discursos e como têm se espalhado entre as pessoas. Essas ideias em geral ajudam a propagar a violência contra grupos minoritários, mulheres. Queremos mostrar que o povo norte-americano é contra o fascismo e o racismo e se solidariza com o povo brasileiro", disse.

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Protesto usa emoji de cocô contra a visita de Bolsonaro
Imagem: Luciana Amaral/UOL

Ele explicou à reportagem que passou a apoiar protestos contra esses posicionamentos após a manifestação em Charlottesville, em que uma mulher morreu atropelada por um supremacista branco.

"Vi em primeira mão o que o racismo faz e como o alto poder mexe com ele", falou.

Shallow afirmou que Bolsonaro não costuma aparecer na mídia norte-americano com frequência, mas sabe que é apoiado por Trump e já foi elogiado pelo presidente dos Estados Unidos no Twitter. A previsão é que Bolsonaro pouse na Base Aérea de Andrews e chegue às 17h40 (horário local de Brasília) à Blair House, imóvel do complexo da Casa Branca para convidados, junto a assessores e ministros. A residência fica a cerca de 160 metros do prédio principal da Casa Branca.

Em papel distribuído aos presentes, os organizadores afirmaram que Bolsonaro é "profundamente racista, misógino, anti-LGBTQ+, anti-meio-ambiente e pró-ditadura". As afirmações eram seguidas de justificativas e declarações do presidente.

Após se concentrar na praça em frente à Casa Branca, o grupo seguiu em direção à Blair House. Parte das vias adjacentes já está interditada para a chegada do presidente, então a manifestação formou uma roda com gritos de protesto, inclusive com pedidos de "Lula livre".

Durante o ato, um agente com identificação do serviço secreto norte-americano rodeou os presentes com um cão para a identificação de substâncias ilícitas.

A manifestação contra Bolsonaro não era a única hoje em frente à Casa Branca. Outros protestavam contra o governo do Sudão e questões internas dos Estados Unidos.

O filho deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), chegou ontem de manhã para, à noite, acompanhar a exibição de filme sobre Olavo de Carvalho, tido como um dos mentores da família, no hotel de luxo Trump International. A reunião contou com o ex-estrategista de Trump Steve Bannon e outros nomes proeminentes da cena política de direita.