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Trump elogia filho de Bolsonaro em pronunciamento: "trabalho fantástico"

Alex Tajra e Luciana Amaral

Do UOL*, em São Paulo e em Washington

19/03/2019 16h01Atualizada em 19/03/2019 17h56

Durante a entrevista coletiva ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o líder norte-americano Donald Trump elogiou o trabalho de Eduardo Bolsonaro (PSL), terceiro filho do mandatário brasileiro. "O filho [Eduardo] do presidente foi fantástico, por favor, fique de pé. O trabalho que realizou durante um período muito difícil foi fantástico, eu sei que é algo que seu pai fica muito grato de ver. Muito obrigado, trabalho fantástico", disse Trump, sem citar seu nome.

A fala do presidente dos Estados Unidos veio após um questionamento de um repórter sobre a possibilidade de intervenção militar na Venezuela. Antes de elogiar Eduardo, Trump afirmou que "todas as opções [sobre Venezuela] estão abertas" e que "pensa em todas as possibilidades".

Eduardo participou de reunião privada que aconteceu entre Bolsonaro e Trump.

Antes de declaração à imprensa começar, Eduardo chegou sorridente ao jardim da Casa Branca e disse ao UOL que a reunião havia sido "muito boa, muito positiva".

Segundo ele, Bolsonaro e Trump têm personalidades fortes e muito parecidas, tiveram estilo de campanha eleitoral similar e não são adeptos do politicamente correto. "Foi um bate papo descontraído. Trocaram até umas camisas de futebol da seleção. Foi bem bacana. Parecia um bate papo entre velhos amigos", relatou.

Eduardo explicou que o número 19 gravado atrás da camiseta dada ao presidente brasileiro representa o ano da visita oficial. No caso, 2019.

No fim da última semana, o deputado federal foi eleito presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Ele foi candidato único após acordo entre os partidos. Em seu discurso de posse, Eduardo Bolsonaro afagou os Estados Unidos, que considerou ter sido "deixado de lado" nos últimos anos. Em relação a Cuba e Venezuela, classificou os países de "escória da humanidade", apesar de terem "um povo maravilhoso".

"Vamos virar a página de nos aliarmos apenas com a escória da humanidade, com países como Cuba e Venezuela, que têm um povo maravilhoso. No entanto, não podemos corroborar práticas autoritárias como ocorre com o povo cubano, onde há anos ocorre racionamento de alimentos, ou na Venezuela, onde as pessoas estão morrendo de fome em virtude de uma ditadura ligada ao tráfico de drogas e ao terrorismo", afirmou o deputado, conforme publicado por O Globo.

Na última sexta (15), Eduardo voltou a comentar sobre a Venezuela durante durante posse de parlamentares da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). O deputado afirmou que o Brasil vai continuar pressionando a Venezuela, mas que isso vai acontecer "sem intervenção".

"Vamos sentar para conversar. Ninguém quer fazer medida militar. Eu falo por mim. Mas o governo também tá dizendo isso. Quem fala isso é o General Heleno, o General Fernando Azevedo, o General Mourão. A Venezuela tem abrigado grupos terroristas, e nós precisamos saber onde está o dinheiro deles para congelar estes recursos", disse.

Na posse, Eduardo desconversou sobre a escolha do próximo embaixador brasileiro nos Estados Unidos. Seu pai havia manifestado na semana passada o desejo de trocar o chefe da diplomacia brasileira em Washington.

Nos bastidores, há uma articulação pela indicação do cientista político Murillo de Aragão, embora o nome de Olavo de Carvalho tenha sido aventado. "O Olavo é um eterno conselheiro. Ele expõe as opiniões dele na internet", disse Eduardo, sem entrar em detalhes.

Eduardo foi convidado diretamente por Trump

Em entrevista coletiva concedida na tarde de hoje, Jair Bolsonaro afirmou que a presença de Eduardo na reunião com Trump foi um pedido direto do mandatário dos Estados Unidos. Segundo o Bolsonaro, a conversa na Casa Branca reuniu somente seu filho, Trump e dois intérpretes, um de cada presidente.

A informação foi revelada após Bolsonaro ser questionado sobre a Venezuela. "Essa questão foi tratada somente por eu, ele, dois intérpretes e, a convite dele [Trump], meu filho Eduardo. Nós conversamos com mais profundidade essa questão da Venezuela, o Brasil está sendo prejudicado com essa história. Não nos interessa que essa ditadura se perpetue", disse o presidente.

Bolsonaro reiterou que uma hipotética intervenção na Venezuela não está no horizonte do governo. Questionado por uma repórter se vai privilegiar a diplomacia ou a intervenção, Bolsonaro disse: "Diplomacia em primeiro lugar, até as últimas consequências."

*Com informações de agências