Justiça iraniana anuncia detenção de envolvidos em queda de avião
O Irã começou a fazer hoje detenções relacionadas ao caso do Boeing ucraniano, abatido por engano por um míssil iraniano perto de Teerã. O anúncio foi feito pelo porta-voz da Justiça, Gholamhossein Esmaili, em entrevista hoje.
Esmaili não divulgou o nome dos detidos, nem quantas pessoas estão presas. "Foram realizadas investigações exaustivas e algumas pessoas foram presas", disse o porta-voz, sem dar mais detalhes.
Mais cedo, o presidente Hassan Rohani garantiu que seu país vai "punir" todos os responsáveis por esta tragédia. As 176 pessoas a bordo do avião morreram. Para ele, uma única pessoa não pode ser responsabilizada pelo acidente.
"Para o nosso povo, é muito importante neste incidente que qualquer pessoa que seja culpada ou negligente em qualquer nível" enfrente a justiça, disse ele com um discurso televisionado. "As forças armadas do Irã admitindo seu erro é um primeiro bom passo. Devemos assegurar ao povo que isso não vai acontecer de novo", disse.
"O judiciário deve formar um tribunal especial com juízes de alto escalão e dezenas de especialistas...O mundo inteiro estará assistindo", acrescentou.
Em seu discurso, Rohani culpou os EUA, que, segundo ele, "incendiaram o clima e tornaram a situação anormal", mas reconheceu que isso não significa que as causas do incidente não devam ser abordadas.
Admissão
A admissão do engano ocorreu no último sábado. Segundo Teerã, a catástrofe foi provocada por um "erro humano", mas sua origem foi o "aventureirismo" dos Estados Unidos. O Irã pediu desculpas pelo incidente.
O general iraniano Amirali Hajizadeh alegou que o operador do sistema de defesa confundiu o dispositivo com "um míssil de cruzeiro". Antes de disparar, ele tentou entrar em contato com seus comandantes para obter aprovação, mas o sistema de comunicação deu erro e uma decisão "ruim e precipitada" foi tomada.
"Todo o sistema defensivo estava no mais alto nível de alerta e foi anunciado através do sistema integrado que mísseis de cruzeiro haviam sido lançados contra o país. Naquela ocasião, o sistema estava diante, a uma distância de 19 quilômetros, de um alvo que se distinguia como um míssil de cruzeiro", afirmou.
Hayizadeh também reconheceu que havia dez segundos para decidir e que a Organização da Aviação Civil não foi informada de que cancelaria voos comerciais em Teerã.
O Irã admitiu o erro depois de negar com veemência alegações de autoridades americanas e canadenses indicando que o avião tinha sido atingido por um míssil. A reviravolta gerou uma série de protestos contra lideranças do país, incluindo o aiatolá Ali Khamenei.
* Com informações da AFP e da EFE
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