Coronavírus deixa 81 mortos e mais de 2.700 infectados na China
O número de mortos pelo coronavírus subiu hoje para 81 na China. Já o número de casos de pacientes infectados atingiu 2.744, fazendo com que o país prolongasse por três dias as férias do Ano Novo para adiar o grande fluxo nos transportes e reduzir o risco de propagação. Grandes empresas fecharam as portas ou disseram a funcionários para trabalhar de casa.
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, chegou hoje à região de quarentena de Wuhan, epicentro da epidemia, quatro dias após o anúncio de quarentena na cidade. Esta é a primeira visita de uma autoridade do regime comunista à região desde o surgimento da epidemia em dezembro.
Wuhan parecia hoje uma cidade fantasma, com a proibição de circulação dos veículos considerados "não essenciais". Apenas os carros com funcionários da área de saúde estavam autorizados.
A 15 km do centro da cidade, uma equipe da agência AFP observou o momento em que a polícia revistava carros e media a temperatura de seus ocupantes.
Em 24 horas, os casos suspeitos duplicaram e alcançam quase 6 mil.
Quase 56 milhões de pessoas estão confinadas na província de Hubei, que tem Wuhan como capital.
Li Keqiang foi nomeado o coordenador de um "grupo de trabalho" responsável por supervisionar a luta contra a propagação do novo vírus, que foi detectado em um mercado de Wuhan onde são vendidos animais selvagens.
O presidente chinês Xi Jinping afirmou no sábado que a epidemia estava acelerando e que a situação era "grave".
O diretor da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, é aguardado em Pequim para examinar com as autoridades chinesas as maneiras de conter a epidemia. Apesar do registro de casos em outros países, a OMS decidiu não declarar uma emergência internacional.
Pequim decidiu prolongar por três dias as férias do Ano Novo, que terminariam em 30 de janeiro, para "limitar o movimento da população" durante o feriado, período em que milhões de chineses viajam para encontrar suas famílias.
O prefeito de Wuhan, Zhou Xianwang, informou que quase cinco milhões de pessoas saíram da cidade antes do Ano Novo, em 25 de janeiro.
Fora do epicentro da epidemia, várias grandes cidades do norte do país - Pequim, Tianjin, Xian - anunciaram a suspensão das viagens de ônibus que seguem para o sul. Na região leste, a província de Shandong, com 100 milhões de habitantes, adotou a mesma medida.
A província de Guangdong, a mais populosa da China, anunciou que seus 110 milhões de habitantes estão obrigados a usar máscara.
Fechamento da fronteira terrestre
A epidemia provocou alarme no mundo, apesar do reduzido número de casos registrados fora da China.
A Mongólia, que compartilha uma longa fronteira com a China, decidiu nesta segunda-feira bloquear os pontos de passagem terrestres para evitar a propagação do vírus. Também fechou escolas e universidades até 2 de março, informou o vice-primeiro-ministro do país, Enkhtuvishin Ulziisaijan.
A Mongólia é o primeiro país vizinho a fechar sua fronteira terrestre com o gigante asiático. O tráfego aéreo e ferroviário permanecem abertos.
O vírus já alcançou a Europa (com três casos na França), Austrália e no Canadá foi registrado um caso suspeito. Até o momento não há notícia de nenhuma vítima fatal fora da China.
O governo dos Estados Unidos, onde foram detectados cinco contágios, anunciou que está organizando a saída de funcionários diplomáticos e outros cidadãos do país retidos em Wuhan.
Outros países estão coordenando com Pequim como retirar seus cidadãos.
Nos hospitais de Wuhan, a situação é caótica: os pacientes têm que esperar por várias horas por um atendimento médico. Diante da situação, as autoridades anunciaram a construção de dois hospitais, com mil leitos cada um, que devem ficar prontos no tempo recorde de duas semanas.
"A capacidade propagação do vírus ganhou força", afirmaram no domingo funcionários da área da saúde. As fontes, no entanto, afirmaram que no novo coronavírus "não é tão potente" como o vírus da SARS (Síndrome Respiratório Aguda Grave), origem de uma epidemia letal entre 2002 e 2003.
As ações asiáticas caíram, com o índice Nikkei, do Japão, recuando 2,0%, sua maior queda em um dia em cinco meses, à medida que os investidores ficaram cada vez mais preocupados. A demanda aumentou para ativos seguros, como o iene japonês e as notas do Treasury.
* Com AFP e Reuters
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