EUA: Chefe de polícia culpa vítimas por mortes em protesto antirracista
Daniel Miskinis, chefe da polícia em Kenosha, cidade nos Estados Unidos, disse que o assassinato de duas pessoas durante noite de protestos antirracistas poderia não ter acontecido. Em entrevista coletiva ontem, ele afirmou que bastava que manifestantes e o atirador acusado tivessem obedecido ao toque de recolher imposto pelas autoridades.
Kenosha tem sido palco de protestos antirracistas desde que Jacob Blake foi alvejado, no último domingo (23), por sete tiros nas costas por um policial da cidade. A vítima foi atingida na frente de seus três filhos pequenos. O estado de saúde do jovem é estável, porém ele segue internado na UTI.
"Todos os envolvidos saíram após o toque de recolher. Não vou falar muito sobre isso, mas a questão é: o toque de recolher existe para proteger. Se as pessoas não tivessem violado, talvez a situação que se desenrolou não tivesse acontecido", afirmou Miskinis, sem mencionar possíveis falhas no policiamento para evitar os casos de violência.
A "situação" foi um tiroteio que deixou duas pessoas mortas e outra gravemente ferida na manhã de ontem. Kyle Rittenhouse, um jovem de 17 anos do estado de Illinois, foi acusado de causar ambas as mortes.
Reforma na polícia
Na última segunda-feira (24), o governador de Wisconsin, Tony Evers, anunciou uma sessão especial na Câmara Legislativa do estado para avançar com reformas que contenham a má conduta de policiais na região.
Os legisladores estaduais se reunirão no dia 31 de agosto para discutir um conjunto de nove projetos de reforma da polícia que foram apresentados há mais de dois meses. As propostas — que se seguiram ao assassinato de George Floyd pela polícia de Minneapolis em 25 de maio — incluem a proibição de estrangulamentos e a limitação de outros métodos de uso da força.
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