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Biden vira na Geórgia e fica mais perto de ser eleito presidente dos EUA

Do UOL, em São Paulo

06/11/2020 06h52Atualizada em 06/11/2020 14h32

O candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, conseguiu virar a apuração dos votos na Geórgia no início da manhã desta sexta-feira e está mais perto da vitória nas eleições. Se conquistar os 16 delegados do estado, ele soma 269 votos no Colégio Eleitoral —para vencer, o candidato precisa ter 270 delegados. Donald Trump, atual presidente e candidato à reeleição, tem 214.

Com 98% dos votos apurados no estado, às 14h30, Biden e Trump apareciam com 49,4% dos votos, mas o democrata tinha 2.450.184 votos, enquanto o republicano aparecia com 2.448.617, segundo o jornal The New York Times. A diferença, portanto, era de apenas 1.098 votos.

O estado, um dos mais importantes a serem conquistados nesta reta final, é um reduto conservador e republicano desde os anos 1990.

Há ainda cinco estados com o resultado em aberto. Em Nevada (6 delegados) e Arizona (11), Biden lidera, mas a distância para Trump vem caindo. Na Pensilvânia (20), assim como na Geórgia, ele virou nesta manhã.

Nos outros dois estados, a liderança provisória é do atual presidente: Alasca (3), onde ele vai vencendo com ampla margem, e Carolina do Norte (15), onde a distância entre os candidatos vem diminuindo.

Os EUA não têm um órgão oficial que divulga, em tempo real, os resultados das urnas, como o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no Brasil. Por isso, a imprensa faz projeções estatísticas e aponta os vencedores por estado.

Reduto republicano

A última vez que a Geórgia votou em um democrata foi em 1992, na primeira eleição de Bill Clinton. Desde então, o estado só escolheu republicanos: Bob Dole na segunda disputa de Bill Clinton, George W. Bush em ambos os mandatos, John McCain e Mitt Romney nas disputas contra Barack Obama e Donald Trump na última eleição.

No entanto, nos últimos anos, os republicanos não foram capazes de manter o apoio de uma população cada vez mais diversificada. Mesmo nas eleições de 2016, a vitória de Trump sobre Hillary Clinton foi muito apertada: apenas cinco pontos percentuais.

A campanha de Trump tentou interromper apuração de votos no estado. No recurso, a equipe republicana levantou suspeitas sobre 53 cédulas que não fariam parte de um lote original. A ação, no entanto, foi indeferida pelo juiz James Bass, do Tribunal Superior do Condado de Chatham.

A mesma estratégia foi utilizada em Michigan e a campanha sofreu nova derrota. Trump ainda questiona o processo eleitoral na Pensilvânia e em Wisconsin.

Protestos antirracistas na pauta

Uma questão explorada por ambos os candidatos na Geórgia foi a série de protestos antirracistas que explodiram em Atlanta após a morte de George Floyd. A capital assistiu a dias seguidos de manifestações, ora pacíficas, ora com truculência policial. O tema racial foi utilizado por Biden para prometer uma reforma na polícia norte-americana, enquanto Trump usou a violência dos protestos para amedrontar a população.

Os negros são cerca 32,6% da população da Geórgia e 32% dos eleitores registrados. Mais de 1 milhão de negros no estado votaram neste ano, contra pouco de 700 mil em 2016.

O comparecimento eleitoral era de quase 4 milhões de pessoas antes do dia 3, o que mostrou um forte engajamento no estado.

Porém, para vencer no estado, os democratas precisariam cumprir uma regra chamada 30-30, ou seja, conquistar 30% do eleitorado negro, mas também 30% do eleitorado branco. Apenas o comparecimento da população negra não seria suficiente.

*(Com reportagem de Carolina Marins, do UOL São Paulo)