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Ucrânia minimiza pedido dos EUA para que americanos deixem o país

Para o ministro Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, "não há nada de novo" nas declarações dos EUA - Valentyn Ogirenko/Reuters
Para o ministro Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, 'não há nada de novo' nas declarações dos EUA Imagem: Valentyn Ogirenko/Reuters

Do UOL, em São Paulo *

11/02/2022 10h55Atualizada em 11/02/2022 11h42

As autoridades ucranianas minimizaram hoje as declarações do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que pediu aos estadunidenses que deixassem o país localizado no Leste Europeu devido ao risco de uma invasão por parte da Rússia.

"Não há nada de novo", disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba. Dias atrás, o governo ucraniano já havia considerado exagerada a decisão dos EUA de evacuar diplomatas do país.

"Conhecemos a posição dos EUA, que já fez esse tipo de declaração antes", disse Kuleba. "Eles já começaram a evacuar parte de seus funcionários da embaixada e familiares", acrescentou.

A declaração de Biden foi proferida ontem, quando o presidente dos EUA pediu aos cidadãos estadunidenses na Ucrânia que saíssem "já".

"Não é como se estivéssemos lidando com uma organização terrorista: estamos lidando com um dos maiores exércitos do mundo. É uma situação diferente, e as coisas podem enlouquecer rapidamente", afirmou Biden à rede de televisão NBC News, dos EUA.

Biden, no entanto, descartou a possibilidade de enviar soldados para remover os cidadãos estadunidenses que estão presentes na Ucrânia.

Também ontem, mais cedo, o Departamento de Estado dos EUA emitiu um alerta dizendo que o país "não será capaz de evacuar cidadãos norte-americanos em uma eventual ação da força militar russa na Ucrânia".

Na manhã de hoje, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que uma invasão russa contra a Ucrânia pode acontecer "a qualquer momento".

A declaração de Blinken foi na linha do que disse hoje o secretário-geral da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, que afirmou que há "risco real de um novo conflito armado" na Europa.

Alegando que a Rússia segue deslocando soldados para a fronteira com a Ucrânia, aumentando a tensão na região, os EUA enviaram ontem caças F-15 para a Base Aérea de Lask, na Polônia.

O envio dos caças se deu enquanto a Rússia realizava exercícios navais perto da costa sul da Ucrânia, além de treinamentos terrestres ao norte do país, em Belarus, Estado aliado de Moscou.

Contexto da crise

Os russos temem que um avanço dos limites da Otan em direção à Ucrânia comprometam a segurança nacional da Rússia, tendo em vista que ambos os países são vizinhos.

Além do mais, parte da Ucrânia fala russo e muitos ucranianos inclusive se consideram como parte do povo russo, posição que é endossada por Moscou.

Além dos EUA, integram a Otan a Alemanha, o Reino Unido e a França, entre outros países. Formada pós-Segunda Guerra Mundial, o grupo tem como base a premissa de que, caso algum membro seja atacado militarmente, todos se unirão em resposta.

Pelas contas dos Estados Unidos, já há mais de 100 mil militares russos posicionados na fronteira com a Ucrânia, incluindo em Belarus.

A região entre a Rússia e a Ucrânia é foco de tensões desde 2014, quando a Rússia anexou a então península ucraniana da Crimeia, o que aumentou o conflito entre as autoridades pró-Ocidente de Kiev e os separatistas pró-Moscou no leste do país.

A anexação da Crimeia se deu após o governo ucraniano pós-Rússia ter sido derrubado do poder do país. Desde então, Kiev tem travado um conflito com rebeldes pró-Rússia em Donbass, no leste da Ucrânia, que já deixou mais de 13 mil mortos.

* Com informações da AFP