Sanções nem sempre são eficazes como Biden acredita, diz professor
Apesar de anunciar sanções que devem ser pouco efetivas para amenizar a crise com a Rússia, o discurso feito por Joe Biden hoje foi o mais importante do mandato do presidente dos Estados Unidos até o momento, avaliou o professor de Relações Internacionais da FAAP Carlos Gustavo Poggio.
Em entrevista ao UOL News, o especialista destacou que era esperado que Biden desse uma resposta mais firme ao líder russo, Vladimir Putin. "Na literatura de relações internacionais, fala-se muito no efeito de sanções e nem sempre elas são tão eficazes quanto Biden parece pensar que são", disse.
Biden anunciou hoje um pacote de sanções contra a Rússia após Putin reconhecer a independência de duas regiões separatistas no leste da Ucrânia — Donetsk e Lugansk.
A decisão foi anunciada durante discurso na Casa Branca e inicialmente bloqueia duas instituições financeiras russas militares, proíbe negociações com a dívida soberana russa e impõe sanções à elite da Rússia e seus familiares a partir de amanhã.
Para o professor da FAAP, as medidas anunciadas pelos Estados Unidos não devem dar "muita dor de cabeça" para a Rússia.
Biden precisa entender que essa crise não é só do ponto de vista econômico e militar, mas também uma questão política, de imagem e narrativa. Ele vai ter que ser um pouco mais rápido e talvez colocar sanções mais fortes em relação à Rússia." Carlos Gustavo Poggi, professor de Relações Internacionais da FAAP
Encontro de Bolsonaro com Putin
O professor da FAAP também falou sobre a viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia para se reunir com Vladimir Putin.
No encontro realizado no Kremlin, sede do governo local, na semana passada, o brasileiro disse "ser solidário à Rússia" sem explicar o contexto da solidariedade. Não houve menção ao clima de tensão na fronteira com a Ucrânia.
Poggi não acredita que o timing da visita tenha sido ruim, mas sim as declarações feitas pelo presidente brasileiro.
"Bolsonaro enxerga política externa como uma relação não entre Estados, mas entre indivíduos. Então, ele vai à Rússia e diz que compartilha valores com o Putin. Ele não tem habilidade nas palavras, o Bolsonaro está longe de ter qualquer noção de diplomacia", afirmou.
A falta de tato no tratamento diplomático pode custar caro aos interesses do Brasil, explicou o especialista. "Isso é reflexo de política externa completamente mal executada."
Veja a entrevista completa e mais notícias no UOL News:
(*Com informações da agência Ansa)
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