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Guerra da Rússia-Ucrânia

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ONU estima que 100 mil pessoas deixaram casas devido à guerra na Ucrânia

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

25/02/2022 14h20Atualizada em 25/02/2022 15h20

O Acnur (Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para Refugiados) estima que 100 mil pessoas já devam ter deixado suas casas na Ucrânia — incluindo nas províncias controladas por rebeldes — devido à invasão do país pela Rússia. Também alertou que, se a guerra na Ucrânia continuar, um total de 4 milhões de pessoas poderão fugir e buscar refúgio nos países da região.

Segundo a agência da ONU para refugiados, os movimentos populacionais são "irregulares e imprevisíveis neste momento", assim como difíceis de rastrear. Por isso, diz não ser possível falar em um número exato, mas reconhece haver um deslocamento significativo dentro da Ucrânia à medida que os civis fogem em busca de segurança.

Milhares de ucranianos também têm buscado sair do país em direção a países que fazem fronteira com o país, como Moldávia, Romênia, Polônia, Eslováquia e Hungria.

"Acreditamos que cerca de 100 mil pessoas já devem ter deixado suas casas e talvez estejam deslocadas dentro do país e vários milhares tenham cruzado as fronteiras internacionais. Ouvimos relatos de que as pessoas estão fugindo por rotas mais acessíveis disponíveis rumo a locais seguros", afirmou o Acnur à reportagem.

O Acnur disse estar pronto para responder às necessidades humanitárias das pessoas deslocadas pela ação militar na Ucrânia e que o grande desafio agora é "assegurar a segurança das equipes humanitárias e estabelecer a coordenação com as autoridades que controlam o território".

A agência informou ter presença na Hungria, Polônia e Romênia. A Eslováquia e a República Tcheca são atendidas pelo escritório regional em Budapeste, capital húngara.

Dentro da Ucrânia, o Acnur conta com seis escritórios, disse. Eles são responsáveis por atender 5 mil refugiados, 36 mil apátridas e 854 mil deslocados internos, mas esses números dizem respeito a antes da atual ação militar da Rússia.

"Temos planos de contingência preparados para atuar na Ucrânia e nos países vizinhos, mas a situação evolui de maneira muito rápida e fluida", relatou.

Ontem o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, declarou que "as consequências humanitárias para as populações civis serão devastadoras" e que "não há vencedores na guerra, mas inúmeras vidas serão dilaceradas".

Ele reforçou que as vidas e a infraestrutura civis devem ser protegidas e resguardadas em todos os momentos, de acordo com o Direito Internacional Humanitário.

Além de ter dito que o Acnur trabalha para fornecer assistência humanitária "sempre que necessário e possível", disse que a agência trabalha com governos de países vizinhos para que mantenham as fronteiras abertas a quem procura proteção.

Refugiados

O reconhecimento dessas pessoas que fogem para outros países em busca de segurança e paz como refugiados não é dado pelo Acnur, mas pelas autoridades dos países que as recebem, ressaltou a agência.

A situação de um refugiado e até o reconhecimento da pessoa como um depende da legislação de cada país, mas, de acordo com a Convenção da ONU de 1951 sobre Refugiados, quem solicitar o reconhecimento desta condição deve ter acesso ao devido processo legal para que sua solicitação seja processada e decidida.

Além disso, a pessoa deve ter os meios para a "integração local, começando pela documentação, acesso ao mercado de trabalho, às políticas públicas nacionais e aos programas sociais".

O Acnur destacou que não se trata de "facilidades, mas dos meios necessários para reconstruir suas vidas com dignidade".