Estrangeiros se dizem barrados em trens, ônibus e fronteiras da Ucrânia
Estrangeiros na Ucrânia têm relatado dificuldades causadas pelas autoridades do país para cruzarem a fronteira com a Polônia. Relatos de brasileiros, nigerianos e indianos mostram que eles são impedidos de entrar em trens e ônibus, às vezes só depois dos ucranianos, às vezes em hipótese alguma. Quando chegam à fronteira da Polônia, são as autoridades polonesas que as impedem de sair da Ucrânia.
O conflito entre Rússia e Ucrânia deixou pelo menos 64 civis mortos, 240 feridos e 368 mil refugiados, nos cálculos da Organização das Nações Unidas (ONU).
A psicanalista brasileira Mary de Jesus, 34 anos, é uma das voluntárias na Polônia que têm ajudado brasileiros a sair da Ucrânia, principalmente na região de Lviv. Ela contou ao UOL que vários estão com esse problema. "Isso está acontecendo e está acontecendo direto", afirmou Mary de Jesus neste domingo (27). "Um deles está ainda na Ucrânia. Ele já tinha pagado o ônibus."
Quando os ucranianos perceberam que ele era estrangeiro, expulsaram ele do ônibus, deram o dinheiro dele de volta e falaram que não era para ele subir naquele no ônibus"
Mary de Jesus, psicanalista
Um brasileiro que ainda está na Ucrânia confirmou o relato à reportagem, mas preferiu não se identificar. Ele acrescentou que isso acontece com todos os estrangeiros na região de Lviv. Segundo esse brasileiro, as autoridades ucranianas só deixam mulheres e crianças ucranianas a entrarem nos ônibus comuns, que levam as pessoas até a Polônia e cobram cerca de 35 dólares, cerca de R$ 180.
Sem opção, os estrangeiros têm que pegar veículos particulares, como vans, que cobram de 100 a 300 dólares, de R$ 515 a R$ 1.546, mas deixam os não-ucranianos num ponto a 40 km da fronteira com a Polônia.
Jogadores brasileiros fizeram relatos semelhantes no sábado e neste domingo nas redes sociais.
O atleta Guilherme Smith, da equipe Zorya Luhansk, e outro grupo de brasileiros se aqueceram numa fogueira na fronteira da Ucrânia com a Polônia para evitar o congelamento. As forças de segurança não permitiram que eles cruzassem a fronteira e chegassem à Polônia.
"Continuem em oração por favor. Situação difícil", disse ele em uma rede social enquanto se aquecia. "A divisa da Ucrânia não é nada do que falam. Andamos 60 quilômetros para chegarmos lá. Quando chegamos, formos tratados como lixeo. Dormimos na rua. Quase congelamos. Por sorte, conseguimos acender uma fogueira."
Os problemas dos estrangeiros começam bem antes de chegarem perto da fronteira. Nas redes sociais, um estudante da Nigéria - que se identifica apenas como NZE, mas recebeu o apoio da cineasta norte-americana Dream Hampton e do portal "Africa Facts Zone" - divulgou vários vídeos de africanos sendo barrados já nos trens. E, depois, sofrem nos postos policiais.
"Eles apontaram armas para nós enquanto gritávamos 'Somos estudantes, deixem-nos passar", porque nós não os deixávamos fazer o povo dele passar antes de nós", contou NZE.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.