Rússia x Ucrânia: 10º dia tem troca de acusações após cessar-fogo fracassar
A invasão da Ucrânia pela Rússia completou hoje dez dias com as atenções voltadas para a cidade de Mariupol, região portuária no leste do país. Um corredor humanitário foi autorizado pelo Kremlin, porém a prefeitura afirmou que o cessar-fogo não estava sendo respeitado para a retirada de civis. Bombardeiros foram registrados na cidade e em seus arredores.
A Rússia afirmou ter cumprido as condições e alegou que nacionalistas ucranianos impediram a retirada de civis —o que autoridades ucranianas negam. Diante do impasse, o governo russo declarou a retomada da ofensiva.
Troca de acusações
Além de Mariupol, que fica a 55 km da fronteira com a Rússia, foi criado um corredor humanitário em Volnovakha, no leste do país. Cerca de 215 mil refugiados de ambas as cidades não conseguiram chegar às rotas de fuga nas duas cidades.
O governo russo afirmou que "unidades de combate neo-nazistas" em Mariupol estariam barrando a saída de civis para usá-los como escudos humanos contra as tropas russas na região. Segundo o chefe da Administração Militar Regional de Donetsk, Pavlo Kirilenko, apenas 400 civis foram retirados de Volnovakha. A expectativa inicial do governo ucraniano era de que 15 mil pessoas conseguissem deixar a cidade.
A ministra ucraniana Iryna Vereshchuk afirmou hoje que a Rússia aproveitou o cessar-fogo para avançar em direção a Mariupol. A organização Médicos Sem Fronteiras relatou que moradores de Mariupol estão vivendo em "condições terríveis", sem água, comida, energia e remédios.
Um membro da organização afirmou ter sido necessário coletar neve e água da chuva ontem para ter alguma água passível de ser utilizada. De acordo com o depoimento, o membro tentou pegar água distribuída de graça hoje, mas a fila estava imensa.
Segundo relatório divulgado nesta manhã pelo Ministério da Defesa do Reino Unido, quatro cidades ucranianas já estão cercadas por tropas russas: Mariupol, Chernihiv, Kharkiv e Sumy.
Reação ucraniana
O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, disse que mais de 66 mil ucranianos retornaram ao país para lutar na guerra. "66.224. Isso é quantos homens voltaram do exterior neste momento para defender seu país da horda. São mais 12 brigadas de combate e motivadas! Ucranianos, somos invencíveis!", escreveu ele em sua conta no Twitter.
Hoje, o Ministério da Defesa da Ucrânia divulgou um vídeo no qual revela um suposto helicóptero russo sendo abatido por militares ucranianos durante combate. O local, a data e o número de vítimas, no entanto, não foram informados pelas autoridades. Nas imagens de cerca de 30 segundos, a aeronave é atingida por um míssil, cai e explode.
Em Chernihiv, a cerca de 150 km da capital, Kiev, as Forças Armadas também divulgaram um novo vídeo com a imagem de outra aeronave da Rússia sendo atingida. Já em Volnovakha, uma pequena cidade no leste do país, um bombardeiro Sukhoi Su-34, da Rússia, também teria sido abatido. O governo da Ucrânia diz ter destruído pelo menos quatro aeronaves somente nas últimas 24 horas. A Rússia não se manifestou.
Ainda hoje, o controle da cidade de Mykolaiv — no sul do país — foi retomado pelas forças ucranianas, com a expulsão das tropas russas e a apreensão do equipamento inimigo. Há feridos e mortos após confrontos, mas o governo não informou o número de vítimas.
"Nós os expulsamos não só da cidade, de Kulbakino, e agora eles estão fugindo. Principalmente na direção de Kherson. Na direção de Shevchenko, Luch, Snihurivka", disse Vitaly Kim ao The Kyiv Independent.
Postagens no Twitter mostram o que seriam militares russos ajoelhados e rendidos, sob a mira de armas de homens com roupas com as cores da Ucrânia no que seria a cidade situada junto ao Mar Negro.
A Rússia não divulgou novas informações sobre a situação na cidade após as declarações do governador de Mykolaiv.
Na próxima segunda-feira, a Ucrânia e a Rússia voltam a se reunir para uma terceira rodada de negociações. A informação é do negociador ucraniano David Arahamia, que não deu detalhes do próximo encontro.
Putin: sanções são declaração de guerra
O presidente da Rússia, Vladimir Putin disse hoje que as sanções ocidentais contra o país são semelhantes a uma declaração de guerra e alertou que qualquer tentativa de impor uma zona de exclusão aérea na Ucrânia equivaleria a entrar no conflito, com consequências "catastróficas".
Em um cenário de conflito militar, uma "zona de exclusão aérea" seria o bloqueio para que qualquer aeronave adentre o perímetro, de modo a impedir incursões inimigas pelos ares e consequentes ataques. A medida foi solicitada por Kiev à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), sem sucesso.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.