Rússia e Ucrânia dizem que 4ª rodada de negociações será nesta segunda, 14

A Rússia e Ucrânia afirmaram, neste domingo (13), que a próxima rodada de negociações sobre a guerra entre os dois países, a quarta até então, vai acontecer nesta segunda-feira (14). De acordo com o conselheiro do Chefe do Gabinete da Presidência da Ucrânia, Mykhailo Podolak, representantes russos e ucranianos vão discutir "resultados preliminares" de conversas que têm sido realizadas virtualmente.

"As negociações são ininterruptas no formato de videoconferências. Os grupos de trabalho estão em constante funcionamento. Um grande número de questões requer atenção constante", disse Podolak, através do Twitter.

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O secretário de imprensa presidencial da Rússia, Dmitry Peskov, afirmou que a quarta rodada de negociações será realizada no formato virtual, segundo informou a agência estatal russa Tass. Peskov se limitou a dizer "sim" quando questionado se as negociações seriam realizadas por videoconferência.

Neste sábado (12), Peskov declarou que a delegação da Rússia responsável pelas negociações virtuais com a Ucrânia será comandada pelo assessor presidencial Vladimir Medinsky — como o habitual.

Apesar de uma das exigências da Rússia para por fim à guerra ser a não entrada da Ucrânia na União Europeia, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que conversou, neste sábado, com Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, sobre a possível inclusão do país no bloco.

"Discutimos a questão do aumento do apoio financeiro à Ucrânia e da pressão de sanções ao agressor. Foi dada especial atenção ao processo de negociação sobre a adesão da Ucrânia à UE", tuitou Zelensky.

À noite, a Casa Branca afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou por telefone com o presidente da França, Emmanuel Macron. O assunto foi a guerra entre russos e ucranianos.

"Eles revisaram os compromissos diplomáticos recentes e destacaram seu compromisso de manter a Rússia responsável por suas ações e apoiar o governo e o povo da Ucrânia", disse a Casa Branca, através do Twitter.

A última conversa entre Rússia e Ucrânia ocorreu presencialmente na segunda-feira (7), em Belarus, e, segundo o negociador ucraniano, Mykhailo Podolyak, houve "pequenos avanços" na logística de corredores humanitários nesse encontro.

Na ocasião, a Rússia anunciou uma trégua em várias cidades ucranianas a partir das 7h (4h no horário de Brasília) para a terça-feira (8,) para a evacuação de civis através de corredores humanitários.

"A Federação Russa anuncia um cessar-fogo a partir das 10h, horário de Moscou, de 8 de março" para a evacuação de civis da capital ucraniana, Kiev, além das cidades de Sumy, Kharkiv, Chernigov e Mariupol, informou o setor do Ministério da Defesa responsável por operações humanitárias na Ucrânia, em nota citada por agências de notícias russas.

No entanto, ainda na terça-feira, a Ucrânia acusou a Rússia de impedir a saída de mulheres, idosos e crianças de Mariupol, ao sul do país, pelos corredores.

Autoridades de Mariupol também acusaram, na quinta-feira (10), a Rússia de bombardear o corredor humanitário criado para a saída de civis e uma universidade localizada no município. Mariupol é uma cidade portuária estratégica localizada entre a Crimeia e Donbass.

Ucrânia diz que pode haver negociações; Rússia fala em 'posição comum'

Um porta-voz do governo ucraniano afirmou hoje que há possibilidades de negociação entre a Rússia e a Ucrânia pelo fim da guerra. Depois, um representante russo nas negociações apontou que existe a possibilidade de ambos os países avançarem em uma posição em comum.

Segundo o site Sky News, o negociador ucraniano e conselheiro presidencial, Mykhailo Podolyak, acredita que pode haver progresso em negociações nos próximos dias, uma vez que, segundo ele, "o lado russo se tornou mais construtivo".

"Não vamos ceder em princípio em nenhuma posição", disse ele em um vídeo publicado na internet.

"A Rússia agora entende isso. A Rússia já está começando a falar de forma construtiva. Acho que vamos alcançar alguns resultados literalmente em questão de dias", concluiu Podolvak.

"Nas negociações, a Rússia não faz ultimatos, mas ouve atentamente nossas propostas. A Ucrânia não abrirá mão de nenhuma das posições. Nossas demandas são — o fim da guerra e a retirada das tropas. Eu vejo o entendimento e há um diálogo", acrescentou no Twitter.

Rússia acredita em posição comum

Um representante russo nas negociações com a Ucrânia aponta que existe a possibilidade de ambos os países avançarem em uma posição em comum.

Leonid Slutsky, chefe do comitê de assuntos internacionais de Duma, acrescenta que documentos podem ser assinados em breve, de acordo com a Tass.

"Se compararmos as posições das duas delegações nas conversações no início e hoje, veremos um progresso considerável. Tenho o prazer de reiterar que, de acordo com minhas expectativas pessoais, este progresso pode evoluir para uma posição comum dentro de dias e alguns documentos devem ser assinados."

Ainda segundo Slutsky, o progresso nas negociações entre russos e ucranianos pode diminuir a tensão entre os países.

"[Isso] pode, claro, salvar muitas pessoas cujas vidas estão em risco durante a operação militar e que estão sendo usadas por neonazistas como escudo humano sempre que idosos, mulheres e crianças tentam usar os corredores humanitários", finalizou.

Reunião de ministros da Ucrânia e Rússia termina sem acordo de cessar-fogo

A reunião entre os ministros das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, e da Rússia, Sergei Lavrov, ocorrida na quinta-feira na Turquia terminou sem um acordo sobre um cessar-fogo de 24 horas. Os chanceleres também não chegaram a um consenso a respeito de um corredor humanitário para evacuação de civis na cidade de Mariupol, que está cercada há mais de uma semana por tropas russas, e hoje está anunciou que os locais estão ficando sem suas últimas reservas de comida e água.

Em um pronunciamento feito logo após a reunião, Kuleba disse que seu homólogo russo não negou a possibilidade de cessar-fogo. Segundo o ministro ucraniano, Lavrov afirmou que iria conversar internamente sobre possível cessar-fogo.

Apesar da frustração do encontro, Kuleba afirmou que "continuaremos nossos esforços para encontrar uma solução".

"Estou disposto a ter um encontro nesse novo formato. Estou engajado para encerrar a guerra na Ucrânia, interrompendo o sofrimento de civis ucranianos", acrescentou. Ele também disse que seu país "não seu rendeu e não se renderá".

O encontro foi intermediado pelo ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, e marcada para ocorrer no país por conta de sua boa relação tanto com a Ucrânia quanto com a Rússia. Até então, as negociações entre os integrantes do alto escalão diplomático vinham sendo realizados em Belarus, considerado um aliado da Rússia.

*Com AFP