Zelensky fala em negociação mais 'realista' com Rússia, mas quer mais tempo
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse hoje que as negociações com a Rússia parecem "mais realistas" agora. Em pronunciamento por vídeo, porém, ele pediu mais tempo para que o acordo aconteça conforme o interesse da Ucrânia.
"As reuniões continuam. Pelo que me disseram, as posições nas negociações parecem mais realistas. No entanto, ainda é necessário mais tempo para que as decisões sejam do interesse da Ucrânia", disse.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia chega hoje ao 20º dia com novos ataques a áreas residenciais da capital Kiev e a retomada das negociações para o fim do conflito militar. Moscou diz que é cedo para fazer previsões sobre os resultados das conversas.
Hoje mais cedo, o presidente ucraniano já havia sugerido que pode desistir do ingresso na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para encerrar a guerra. Zelensky disse entender que o país não tem portas abertas para entrar na aliança.
Se não podemos entrar por meio de portas abertas, então temos de cooperar com associações com as quais possamos, às quais nos ajudem, a nos proteger... e ter garantias separadas
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky
As negociações entre os dois países para um cessar-fogo terminaram novamente sem um acordo firmado. A reunião de hoje foi a quarta tentativa de acordo, mas o assunto será retomado amanhã.
Até agora, as negociações conseguiram firmar a abertura de corredores humanitários, ou seja, rotas de fuga com segurança para a evacuação de civis. Apesar disso, a Ucrânia acusou a Rússia de não respeitar a trégua para a passagem de pessoas.
Mykhailo Podoliyak, negociador e conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, disse hoje que "contradições" atrapalham um acordo de cessar-fogo com a Rússia, mas ressaltou a possibilidade de ainda haver um pacto bem-sucedido.
"Vamos continuar amanhã [quarta-feira]. É um processo de negociação complicado e extremamente trabalhoso. Existem profundas contradições. Mas, certamente, um compromisso é possível", escreveu o negociador ucraniano no Twitter.
Líderes do Leste Europeu vão até Kiev
Os premiês da Polônia, República Tcheca e Eslovênia se tornaram os primeiros chefes de Estado estrangeiros a visitar Kiev desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia. Os três se reuniram hoje, após uma longa viagem de trem, na capital ucraniana para indicar apoio ao país invadido.
Mateusz Morawiecki, primeiro-ministro da Polônia, Petr Fiala, premiê tcheco, e Janez Jansa, líder da Eslovênia, partiram hoje de manhã em direção a Kiev, em meio a bombardeios ocorrendo na Ucrânia. Horas depois, Morawiecki publicou imagens da reunião no Twitter:
"É aqui, na Kiev devastada pela guerra, que a história está sendo feita. É aqui, que a liberdade luta contra o mundo da tirania. É aqui que o futuro de todos nós paira na balança. A UE (União Europeia) apoia a Ucrânia, que pode contar com a ajuda de seus amigos - trouxemos esta mensagem a Kiev hoje".
O presidente ucraniano agradeceu a visita. Em pronunciamento, Zelensky também convidou outros aliados a visitarem o país, apesar de reconhecer a "situação perigosa".
"Convido todos os amigos da Ucrânia a visitarem Kiev. Pode ser perigoso aqui, porque nossos céus ainda não estão fechados para mísseis e aviões russos", disse, e completou: "Mas os olhos de todas as pessoas do mundo estão agora focados em nossa capital, nos ucranianos. Assim, todos que estiverem conosco receberão gratidão. Não só a nossa, mas também outras nações".
* Com informações das agências Reuters e AFP
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