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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Ucrânia 'não pode aceitar nenhum ultimato da Rússia', diz Zelensky

Do UOL, em São Paulo*

21/03/2022 14h36Atualizada em 21/03/2022 21h00

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse hoje que o país "não pode aceitar nenhum ultimato da Rússia", em entrevista a um meio de comunicação estatal regional. A declaração ocorre no dia em que a guerra entre os dois países chega ao 26º dia e após as tropas russas apertarem o cerco ontem contra a cidade portuária de Mariupol. O município recusou rendição.

"A Ucrânia não pode aceitar nenhum ultimato da Rússia. Primeiro terão que destruir a todos nós, só então seus ultimatos serão respeitados", afirmou o presidente ucraniano.

De acordo com o coronel general Mikhail Mizintsev, chefe do Centro Nacional de Controle de Defesa da Rússia, os ucranianos têm até as 5h (pelo horário de Moscou, 23h de hoje pelo horário de Brasília) para mandar uma resposta por escrito aos termos russos para a abertura de corredores humanitários.

Ainda segundo Zelensky, cidades como Kiev, Mariupol e Kharkiv não aceitarão a ocupação russa. "Temos um ultimato com pontos nele. 'Siga-os e então terminaremos a guerra.' Isso é errado, não vai levar a nada, a nenhum resultado. O problema não é só para mim. A questão, de novo, é que o povo e o governo estão unidos", acrescentou Zelensky ao criticar a postura do Kremlin nas negociações.

Acordo com a Rússia passará por referendo, diz Zelensky

Zelenskiy afirmou hoje que qualquer acordo com a Rússia para acabar com a guerra deverá ser votado pelos ucranianos em um referendo. Segundo ele, as questões que seriam consultadas dizem respeito aos territórios ocupados pelas forças russas, incluindo a Crimeia, e as garantias de segurança oferecidas à Ucrânia por outros países no lugar da adesão do país à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

"O povo terá que se manifestar e responder a qualquer forma de acordo. E como eles (acordos) serão formulados será assunto de nossas conversas e entendimento entre a Ucrânia e a Rússia", disse Zelenskiy em entrevista divulgada pela emissora pública ucraniana Suspilne.

Mais tarde, em vídeo divulgado em seu perfil no Facebook, Zelensky pediu para que os ucranianos resistam às investidas dos militares russos.

"A Rússia nunca viu tantas pessoas livres na rua e nem na praça. Nunca viu milhares de pessoas que não têm medo. Os escravos veem a liberdade como um perigo. Eles têm medo que os propagandistas criaram isso e aí nós vimos tiros nas pessoas livres e civis. Se segurem firme. Estamos com vocês, falo com todos os ucranianos em todos os cantos. Façam todo o possível para defender o nosso país, para salvar o nosso povo. Lutem, defendam e ajudem, expulsem os ocupantes", pediu Zelensky.

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O novo dia de conflitos começou com a capital da Ucrânia anunciando que terá mais um toque de recolher de 35 horas, como foi feito na semana passada. O anúncio foi feito hoje pela prefeitura de Kiev após a cidade ter sido alvo de novos ataques. Para a inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido, o cerco à capital deve ser a prioridade das forças russas.

Nesta segunda (21), a Ucrânia rejeitou a proposta russa de rendição em Mariupol, cidade portuária que está sitiada e é considerada estratégica no conflito. Agora, a Rússia prevê mais uma semana para tomar a cidade, segundo um líder separatista. O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que o cerco e os ataques a Mariupol constituem um "enorme crime de guerra".

O governo russo diz que as negociações de paz ainda não tiveram um progresso significativo; novos diálogos acontecem nesta segunda. Principal negociador ucraniano e conselheiro da Presidência, Mykhailo Podolyak mencionou hoje os mais de 3 milhões de pessoas que tiveram de deixar a Ucrânia em razão do conflito para fazer uma crítica sobre a atuação de outros países. "A Rússia destrói a vida de milhões de pessoas. Ainda não é uma catástrofe humanitária global?"

* Com informações da Reuters e AFP