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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Johnson faz visita surpresa a Zelensky em Kiev em meio à guerra da Rússia

Do UOL*, em São Paulo

09/04/2022 09h12Atualizada em 09/04/2022 15h59

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, realizou, neste sábado (9), uma visita surpresa à Ucrânia e reuniu-se com o presidente do país, Volodymyr Zelensky, em Kiev, a capital ucraniana.

Hoje, a guerra da Rússia na Ucrânia chegou ao 45º dia, com novos ataques na região leste do país, atual foco das forças russas —o que faz civis se apressarem para deixar essa área da Ucrânia. Ontem, um ataque atingiu uma estação de trem em Kramatorsk, cidade da região de Donetsk, no leste do país. Hoje, autoridades da região apontaram que o número de mortos subiu para 52.

Johnson é o primeiro chefe de Estado ou governo de potências do G7 que viajou a Kiev desde o início da guerra promovida pela Rússia, em 24 de fevereiro. Este grupo de economias avançadas é formado por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Itália e Japão. Ontem, Zelensky já havia recebido a visita da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

O primeiro-ministro do Reino Unido disse que foi a Kiev como "uma demonstração de nosso apoio inabalável ao povo da Ucrânia". "Estamos estabelecendo um novo pacote de ajuda financeira e militar que é uma prova de nosso compromisso com a luta de seu país contra a campanha bárbara da Rússia", escreveu Johnson nas redes sociais. A jornalistas, ele prometeu que as sanções contra o governo russo vão aumentar.

"É por causa da liderança resoluta do presidente Zelensky e do heroísmo e coragem invencíveis do povo ucraniano que os objetivos monstruosos de Putin estão sendo frustrados", disse o primeiro-ministro.

Um porta-voz de Johnson comentou que a visita foi "um gesto de solidariedade com o povo ucraniano".

Zelensky, por sua vez, disse que Johnson "é um dos opositores mais íntegros da invasão russa, líder na pressão de sanções à Rússia e no apoio da defesa à Ucrânia". "Saudações em Kiev, meu amigo", escreveu, ao compartilhar fotos do encontro.

Para Zelensky, "foi mais do que um encontro frutífero". "Estamos convencidos de que devemos pressionar ainda mais a Rússia, forçando-a a fazer a paz". Ele agradeceu a Johnson pelas sanções do Reino Unido e por "fortalecer as capacidades de defesa da Ucrânia".

"As democracias ocidentais devem seguir o exemplo do Reino Unido. Esperamos que Londres desempenhe um papel fundamental para garantir a segurança do nosso Estado", completou o presidente, que disse estar "fazendo de tudo para garantir que nosso próximo encontro com Boris Johnson ocorra sob o pacífico céu ucraniano".

Chefe do gabinete da Presidência da Ucrânia, Andriy Yermak disse que, "desde o início da agressão russa, ele [Johnson] esteve em contato direto com o presidente Vladimir Zelensky". Sobre as conversas, que ele disse serem "ricas e construtivas", Yermak apontou que a Ucrânia ficará "ainda mais forte".

"Obrigado por sua posição decisiva e assistência à Ucrânia no momento em que a Ucrânia mais precisa. Obrigado pelo apoio. Pela constante pressão sancionatória sobre o país agressor e pelas armas que nos ajudam a repelir essa agressão. Lutamos juntos e venceremos juntos. Em breve. Para a Ucrânia. Para a Europa. Para o mundo", completou Yermak.

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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante conversa
Imagem: Reprodução/Twitter/UkrEmbLondon

Negociações

Antes do encontro com Johnson, Zelensky disse que a Ucrânia se mantém "disposta" a negociar com a Rússia, embora os diálogos estejam suspensos desde a descoberta de atrocidades em várias cidades próximas a Kiev após a retirada das tropas de Moscou.

"A Ucrânia sempre se disse disposta a negociações e que buscaria as possibilidades de parar a guerra. Paralelamente, vemos infelizmente preparativos para combates importantes, alguns dizem decisivos, no leste", disse o presidente ucraniano.

"Estamos dispostos a lutar e buscar paralelamente caminhos diplomáticos para parar esta guerra. Por enquanto, contemplamos manter um diálogo de forma paralela", acrescentou o presidente ucraniano, durante coletiva de imprensa conjunta com o chanceler austríaco, Karl Nehammer, que está na Ucrânia.

A última rodada de conversações frente à frente entre russos e ucranianos ocorreu em 29 de março em Istambul. Nelas, a Ucrânia detalhou suas principais propostas com vistas a um acordo com Moscou, entre elas sua "neutralidade" em troca de um acordo internacional para garantir sua segurança. "No leste e no sul, observamos uma concentração de armas, equipamentos e tropas, que se preparam a ocupar outra parte do nosso território", lamentou Zelensky neste sábado.

Massacre em Bucha

Ao menos 360 pessoas foram mortas no massacre de Bucha, que fica perto da capital ucraniana, Kiev. Após a retirada de forças russas da região, na semana passada, corpos foram encontrados pelas ruas da cidade.

Comissária de direitos humanos do Parlamento da Ucrânia, Lyudmila Denisova disse que, em Bucha, as forças russas "atiraram no rosto das pessoas, queimaram seus olhos, cortaram partes do corpo e torturaram até a morte não apenas adultos, mas também crianças".

"De acordo com as autoridades da cidade, um total de 360 civis foram mortos em Bucha até agora, incluindo pelo menos 10 crianças", disse Denisova.

Ela também relatou que em Makariv, outra cidade na região de Kiev, corpos de 132 pessoas foram encontrados baleados.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Ataques no leste

Segundo o governo de Lugansk, a cidade de Sievierodonetsk, a cerca de 730 quilômetros de Kiev, foi atingida por um ataque. Um prédio ficou destruído neste sábado (9). Ao menos uma pessoa morreu, segundo a administração local.

A cidade tem sofrido com problemas de abastecimento de água e energia elétrica em razão dos abalos na infraestrutura local.

O governo de Lugansk também informa que houve feridos em Rubizhne após um ataque a uma área residencial. Na mesma região, na cidade de Lysychansk, imóveis ficaram em chamas após um bombardeio.

O Ministério da Defesa da Rússia disse que efetuou ataques em Novomoskovsk, na região de Dnipropetrovsk, atingindo, com mísseis, "um grande depósito de munição das Forças Armadas ucranianas". Também houve ataques em Poltava, outra cidade do leste, em um aeroporto militar.

sievierodonetsk - Reprodução/Telegram/Serhii Gaidai - Reprodução/Telegram/Serhii Gaidai
Cidade de Sievierodonetsk, na região de Lugansk, leste da Ucrânia, foi alvo de ataque
Imagem: Reprodução/Telegram/Serhii Gaidai

Ucrânia diz defender o leste

Chefe de gabinete da Presidência da Ucrânia, Andriy Yermak disse que a "Rússia não pode ocupar todo o território das regiões de Donetsk e Luhansk". "Eles dispararam contra casas em Severodonetsk, mataram civis na estação ferroviária de Kramatorsk. Eles querem destruir as pessoas junto com as cidades, mas essa tática não funcionará. A Rússia vai quebrar os dentes."

Yermak diz que os russos "não vencerão" no leste, a área separatista do país. "A Ucrânia não recuará e não abrirá mão de sua soberania e integridade territorial."

Segundo o Ministério da Defesa ucraniano, entre ontem e hoje, "os defensores da Ucrânia repeliram sete ataques inimigos, destruíram nove tanques, sete unidades blindadas e cinco unidades de veículos inimigos".

A inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido disse hoje que espera um aumento da atividade aérea da Rússia não só no leste da Ucrânia, mas também no sul. "No entanto, as ambições russas de estabelecer um corredor terrestre entre a Crimeia e o Donbas [áreas separatistas] continuam a ser frustradas pela resistência ucraniana."

Embaixada em Kiev

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, anunciou, neste sábado (9), que o país vai reabrir a sua embaixada em Kiev, na Ucrânia, ainda em abril. A representação diplomática havia sido transferida para Lviv em 1º de março, cerca de quatro dias depois dos primeiros ataques da Rússia.

"Reabriremos a nossa embaixada em Kiev logo depois da Páscoa. Fomos os últimos a ir embora e estaremos entre os primeiros a voltar", disse o chanceler durante uma reunião da Unidade de Crise com o embaixador na Ucrânia, Francesco Zazo, e o representante na Rússia, Giorgio Starace.

Segundo Di Maio, esse "é um outro gesto para demonstrar o apoio ao povo ucraniano, uma maneira concreta para afirmar que a diplomacia deve prevalecer".

A declaração do chanceler italiano vem um dia depois do alto representante europeu para a Política Externa, Josep Borrell, anunciar em Kiev que o embaixador da União Europeia estava voltando a atuar na capital ucraniana. A volta dos embaixadores à capital da Ucrânia vem após os russos anunciarem que não iriam mais atacar a região e se concentrar na área separatista

(Com Reuters, Ansa, RFI e AFP)