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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Ucrânia vê Rússia em 'nível amarelo'; mil militares teriam deixado Mariupol

Do UOL*, em São Paulo

13/04/2022 05h20Atualizada em 13/04/2022 12h25

O Ministério da Defesa ucraniano disse que, pelas próximas duas semanas, a Rússia "introduziu o chamado 'nível amarelo de ameaça terrorista'" nas áreas que fazem fronteira com a Ucrânia "e no território temporariamente ocupado da Crimeia". Segundo a Ucrânia, o "nível amarelo" vai até 26 de abril.

"Essas medidas provavelmente são realizadas para organizar o movimento de equipamentos militares, armas e pessoal no território da Ucrânia", completou o ministério. A Ucrânia e países que são aliados têm dito que esperam uma grande ofensiva russa. Movimentos militares e comboios foram observados nos últimos dias. Ontem, o presidente russo, Vladimir Putin, indicou que a "operação especial", como ele chama a guerra, continua "com calma" neste momento.

Hoje, a guerra russa na Ucrânia entrou no 49º dia, e os movimentos em Mariupol, cidade portuária considerada estratégica no conflito, têm chamado a atenção.

O Ministério da Defesa da Rússia disse hoje que "1026 militares ucranianos da 36ª Brigada de Fuzileiros Navais voluntariamente depuseram as armas e se renderam". "Resultado de ações ofensivas bem-sucedidas das forças armadas russas e unidades policiais da República Popular de Donetsk", completou o ministério russo, que indicou que 151 dos militares receberam atendimento médico após a rendição.

Não houve menção, até o momento, do governo ucraniano sobre os militares que teriam desertado. Assessor da chefia do gabinete da Presidência da Ucrânia, Oleksiy Arestovych, porém, disse, hoje, que fuzileiros navais da 36ª Brigada "avançaram para unir forças com o Regimento Azov".

satélite - 9.abr.2022 - Maxar Technologies/AFP - 9.abr.2022 - Maxar Technologies/AFP
Imagens de satélite mostram áreas em chamas na cidade portuária de Mariupol, na Ucrânia
Imagem: 9.abr.2022 - Maxar Technologies/AFP

O Regimento Azov é um grupo criado em 2014 por ativistas de extrema-direita, que foi utilizado pela primeira vez nos combates contra os separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia. Desde então, o grupo foi incorporado à Guarda Nacional ucraniana, sob comando do Ministério do Interior.

Arestovych disse, que, "em geral, o sistema de defesa da cidade cresceu e se fortaleceu". "Isso é o que acontece quando os oficiais não perdem a calma, mas mantêm firmemente o controle das tropas. Não vamos perder o nosso. O exército sabe o que está fazendo", disse Arestovych .

Na segunda (11), militares ucranianos diziam temer a queda de Mariupol, reclamando de falta de "munição, sem comida, sem água, fazendo o possível e o impossível".

Mariupol está cercada pelos russos praticamente desde o início da invasão, em 24 de fevereiro. A captura da cidade permitiria consolidar conquistas territoriais da Rússia na faixa costeira ao longo do Mar de Azov, conectando assim as áreas do Donbass, separatistas, com a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Russos mortos

Os corpos de mais de 1.500 soldados russos estão nos necrotérios de Dnipro, anunciou Mikhail ,Lysenko vice-prefeito da cidade industrial, que fica no leste da Ucrânia.

"Agora temos mais de 1.500 soldados russos mortos nos necrotérios de Dnipro, que ninguém quer recuperar", afirmou, em entrevista ao veículo de língua russa Nastoatchee Vremia, na qual disse esperar que "as mães russas possam vir buscar seus filhos".

Sem corredores

A Ucrânia disse que, hoje, não haverá corredores de evacuação. "Na região de Zaporozhzhia, os ocupantes bloquearam os ônibus de evacuação e, na região de Lugansk, estão violando o cessar-fogo", disse a vice-primeira-ministra, Iryna Vereshchuk.

"Os ocupantes não apenas desrespeitam as normas do Direito Internacional Humanitário, mas também não conseguem controlar adequadamente seu povo no terreno", completou Vershchuk. "Tudo isso cria tal nível de perigo nas rotas que somos forçados a abster-nos de abrir hoje corredores humanitários."

Governador de Lugansk, Serhey Haidai fez um apelo para que as pessoas deixem a região enquanto é possível. "Evacue enquanto podemos buscá-lo", disse. "Os russos estão acumulando equipamentos perto de Rubizhne, eles não seguem o 'modo de silêncio'. Em todas as direções na região de Luhansk, os russos estão violando o cessar-fogo."

Apesar de não haver corredores, Haidai informou que pessoas, em grupos pequenos, estão deixando a região de Lugansk, mesmo com os riscos. "Policiais, equipes de resgate e voluntários arriscam suas vidas, mas evacuam pessoas mesmo de assentamentos remotos da região de Lugansk sob fogo", disse.

evacuados - Reprodução/Telegram/Serhii Gaidai - Reprodução/Telegram/Serhii Gaidai
Grupo é retirado da região de Lugansk, no leste, e levados para o oeste da Ucrânia
Imagem: Reprodução/Telegram/Serhii Gaidai

Ataques

Segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia, a Rússia "continua a lançar mísseis e bombardeios contra a infraestrutura civil" nas regiões de Kharkiv, segunda maior cidade do país, e Zaporizhzhia. E que as forças russas conduzem "ativamente o reconhecimento aéreo".

Sobre Kharkiv, a Defesa ucraniana disse que, "em alguns territórios ocupados temporariamente, o inimigo recorreu à formação de unidades da chamada 'milícia popular'".

Sem informar a localização exata, a empresa ferroviária ucraniana disse que "tropas russas dispararam contra uma estação no centro da Ucrânia". Não houve registro de ferroviários ou passageiros feridos. Por questão de segurança, foi alterada rota de 17 trens de passageiros, segundo a empresa.

presidentes - Reprodução/Twitter/Diplomacy140 - Reprodução/Twitter/Diplomacy140
Da esquerda para a direita: presidente da Polônia, Andrzej Duda; presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda; presidente da Estônia, Alar Karis; presidente da Letônia, Egils Levits; grupo viaja a Kiev
Imagem: Reprodução/Twitter/Diplomacy140

Presidentes visitam Kiev

Os presidentes de Polônia, Letônia, Lituânia e Estônia chegaram juntos, nesta quarta (13), a Kiev, capital da Ucrânia. Eles vão se reunir com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a quem prestarão apoio.

"A caminho de Kiev com uma forte mensagem de apoio político e assistência militar", disse o presidente lituano, Gitanas Nauseda, em um tuíte nesta quarta-feira, junto com uma foto dos presidentes em um trem. A reunião se concentrará nas formas de assistência a civis e militares na Ucrânia, bem como nas investigações de crimes de guerra, disse um porta-voz do presidente estoniano, Alar Karis.

Chefe de gabinete de Zelensky, Andriy Yermak disse que essa é "uma visita importante". "O mundo democrático é solidário com a Ucrânia."

Em pronunciamento em vídeo ao Parlamento da Estônia hoje, Zelensky disse que "agora é a hora de parar a Rússia ou perder toda a Europa Oriental por muito tempo". "Qualquer esperança de uma vida segura e livre no continente, que seja governada por leis universalmente reconhecidas e não pela força brutal." O presidente também acusou as forças russas de usarem bombas de fósforo e táticas terroristas.

Macron e "genocídio"

O presidente francês, Emmanuel Macron, negou-se, nesta quarta-feira (13), a repetir a acusação feita pelo líder americano, Joe Biden, de que a Rússia está cometendo "genocídio" na Ucrânia, e alertou que esta escalada verbal não ajuda a pôr fim à guerra. Macron considerou melhor ser "cuidadoso" com a palavra "genocídio" neste caso, em especial porque "ucranianos e russos são povos irmãos".

A posição de Macron foi classificada como "decepcionante" pelo Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia. Porta-voz do ministério, Oleh Nikolenko disse que o "mito" da irmandade começou a ruir após a Crimeia ter sido tomada pelos russos em 2014.

"Pessoas fraternas não matam crianças, não atiram em civis, não estupram mulheres, não mutilam idosos e não destroem as casas de outras pessoas 'irmãs'. Até agora, não há motivos morais nem reais para falar sobre laços 'irmãos' entre os povos russo e ucraniano", disse Nikolenko à agência Interfax, da Ucrânia.

A Rússia, por sua vez, disse ser "inaceitável" que Biden acuse as forças russas de cometerem "genocídio" na Ucrânia. "Discordamos completamente e consideramos inaceitável qualquer tentativa de distorcer a situação dessa maneira", declarou o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov.

(Com Reuters e AFP)