Símbolo da invasão russa foi atacado um dia após 70 anos de Putin
A ponte Kerch, símbolo da ocupação russa na Crimeia, foi atacada um dia depois do aniversário de 70 anos do presidente Vladimir Putin. Construída por ordem de Putin em 2018 ao custo de US$ 3,6 bilhões, a Rússia considerava ser impossível um ataque contra a ponte, segundo o britânico The Guardian.
Desde o início da invasão na Ucrânia, a Rússia reforçou a segurança da estrutura, crucial para o transporte de equipamentos militares russos a outras tropas na Ucrânia. Com 12 quilômetros de comprimento e mais alta que a Estátua da Liberdade, a ponte Kerch era descrita pela mídia russa como a "construção do século".
O ataque contra a ponte também coincide com a anexação ilegal de mais quatro territórios ucranianos pela Rússia —a Crimeia tem ligação terrestre com a cidade de Kherson, uma das regiões anexadas.
A Rússia ainda não aponta culpados nem a Ucrânia assumiu a autoria do ataque, mas autoridades ucranianas comemoraram a explosão da ponte nas redes sociais.
Em agosto, um ataque ucraniano atingiu uma base aérea russa na Crimeia e assustou turistas hospedados em resorts à beira-mar. Na tentativa de fugir da região, russos enfrentaram um longo engarrafamento.
Analistas acreditam que o ataque partiu da Ucrânia. Neste domingo, o governador russo na Crimeia, Sergei Aksyonov, falou que há "um desejo saudável de vingança".
A situação é administrável - é desagradável, mas não fatal. É claro que as emoções foram desencadeadas e há um desejo saudável de vingança.
Governador russo na Crimeia, Sergei Aksyonov, em conversa com repórteres
O governo de Putin vem sendo criticado por derrotas humilhantes no leste e sul da Ucrânia. Na primeira resposta à explosão da ponte, o Kremlin anunciou um novo comandante geral na Ucrânia, Sergei Surovikin, um oficial com reputação de brutalidade e corrupção.
Segundo o jornal The Guardian, a nomeação foi bem recebida por radicais.
"A confiança de que Putin sabe o que está fazendo está diminuindo ainda mais", disse o analista político Anton Barbashin ao The Guardian. "Ou Putin responde ou corre o risco de corroer ainda mais sua legitimidade entre os falcões na Rússia."
Rússia sob pressão. Nas últimas semanas, uma contraofensiva ucraniana recuperou milhares de quilômetros de território antes controlados pelas tropas russas.
As derrotas fizeram com que Putin determinasse a convocação de 300 mil reservistas para atuar no esforço de guerra. A medida provocou uma onda de protestos em cidades russas e a fuga em massa de homens em idade militar pelas fronteiras com países vizinhos, como Finlândia e Cazaquistão.
Por conta das perdas, Putin já havia demitido no início desta semana dos comandantes de duas das cinco regiões militares da Rússia.
Alas mais radicais dentro da política russa aumentam a pressão para que o país utilize armas nucleares táticas no conflito com a Ucrânia. Esse tipo de armamento tem um poder de destruição menor e são projetadas para destruir alvos específicos, como bases militares, fileiras de blindados ou frotas navais.
As ogivas com maior poder de destruição, como as utilizadas pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagazaki, são chamadas de armas nucleares estratégicas. Este tipo de bomba atômica é capaz de destruir cidades inteiras.
Provocações. Após o ataque contra a ponte Kerch, um dos principais assessores da presidência ucraniana, Mykhailo Podolyak, usou as redes sociais para criticar a Rússia.
"Crimeia, a ponte, o começo. Tudo ilegal deve ser destruído, tudo roubado deve ser devolvido à Ucrânia, tudo que pertence à ocupação russa deve ser expulso."
Oleksiy Danilov, chefe do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, publicou um vídeo da ponte em chamas nas redes sociais ao lado de um vídeo de Marilyn Monroe cantando "Parabéns, senhor presidente".
Em julho, o vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia e ex-presidente Dmitry Medvedev, disse que um ataque ucraniano contra a Crimeia desencadearia uma resposta "apocalíptica".
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