O que se sabe sobre as crianças que ficaram 40 dias em selva na Colômbia
Após 40 dias na selva, quatro crianças indígenas foram encontradas na sexta-feira (9) pelas Forças Militares da Colômbia na selva. Elas desapareceram depois que o avião em que estavam caiu no meio da mata.
Por que as crianças estavam no avião?
O objetivo da viagem era que a família encontrasse com o pai das crianças, Manuel Ranoque. O homem estava sem ver a mulher e os filhos desde o início de abril, quando teve que fugir devido a ameaças de grupos armados ilegais.
Três adultos morreram no acidente. Na aeronave estavam a mãe das crianças, uma liderança indígena e o piloto. Só as quatro crianças sobreviveram.
Eles se encontrariam e depois partiriam para Bogotá para recomeçar a vida, segundo informações do jornal El Pais. O homem teria fugido de casa sem avisar a família e só entrou em contato no dia 1º de maio, quando as crianças e a mãe embarcaram no avião monomotor.
O avião pousaria em San José del Guaviare, uma cidade a cerca de 400 km da capital da Colômbia, mas o destino das crianças era Villavicencio.
A mãe das crianças ainda teria ficado viva quatro dias após o acidente, segundo relato do pai.
Como sobreviveram 40 dias na selva?
A sabedoria indígena é uma das principais respostas. Foi usada nas explicações do governo colombiano e também pelos familiares das crianças.
A habilidade de Lesly Mucutuy, de 13 anos, ajudou o quarteto a sobreviver na mata, segundo a avó Fatima Valencia. A garota foi definida por ter uma "natureza guerreira".
As crianças se alimentaram de frutas da selva e usaram kits de sobrevivência deixados pelo Exército em áreas estratégicas.
Qual é o estado de saúde das crianças?
Os médicos ainda não conseguem entender como as crianças estão vivas após passarem 40 dias na selva — principalmente Cristian, que completou um ano no meio da mata.
Elas apresentaram desidratação e picadas de mosquitos, mas não corriam risco de morte, de acordo com informações de jornais locais.
Receberam cuidados médicos em uma aeronave militar. Nas imagens divulgadas, é possível ver as crianças instaladas em macas com mantas térmicas. Um militar oferece uma bebida nutritiva, com sabor de fruta, a uma das crianças.
Foram levadas a um hospital militar em Bogotá. Ambulâncias já esperavam as crianças, de 13, 9, 4 e 1 ano, na pista para fazer o trajeto.
E o cachorro Wilson, que ajudou nas buscas?
O Exército colombiano não encontrou o cão até o momento. O animal foi visto pela última vez na quarta-feira (7) durante as buscas, mas não retornou as tropas.
As forças militares decidiram continuar com a Operação Esperança. "Jamais deixamos um companheiro", escreveu o comando nas redes sociais.
Lesly também contou que ela e as crianças brincaram com Wilson na selva. O relato confirma que o cachorro foi o primeiro a achar os irmãos.
Wilson foi fundamental no processo das buscas — ele encontrou abrigos improvisados pelas crianças e outras pistas.
O que disseram familiares
Estamos felizes porque essa situação não nos deixava dormir, não nos deixava ser felizes, não podíamos falar. Para nós, essa situação era como estar no escuro, caminhávamos por caminhar."
Fidencio Valencia, avô das crianças
Já me recuperei da dor da perda da minha filha. Depois desse sofrimento, vou encorajar meus netos a seguir em frente. Preciso deles aqui."
Fatima Valencia
O que disseram autoridades
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, visitou as quatro crianças no hospital ontem.
Eles estavam sozinhos. Eles alcançaram um exemplo de sobrevivência total. Vai ficar na história. Essas crianças são hoje as crianças da paz e as crianças da Colômbia."
Gustavo Petro, presidente da Colômbia
Foi a sabedoria das famílias indígenas, de viver na selva, que salvou eles."
Gustavo Petro
Nossa premissa como comando é: jamais se abandona um companheiro [cachorro Wilson]."
Forças Militares da Colômbia
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