Países condenam prisões de opositores na Venezuela; Brasil não se manifesta
Ao menos cinco países da América Latina e os Estados Unidos condenaram as prisões de dois opositores ao governo de Nicolás Maduro, que foram detidos sob a acusação de promoverem "ações desestabilizadoras" em favor de María Corina Machado, líder inelegível da oposição.
O que aconteceu
Governos de esquerda do Chile e da Colômbia apontam riscos para a realização das eleições presidenciais. O ministro colombiano Luis Gilberto Murillo, do governo de Gustavo Petro, disse que o país vê com preocupação os rumos que as prisões podem dar para a participação de "todas as forças políticas" nas eleições. Já o Ministério das Relações Exteriores de Gabriel Boric disse que a ação é "contrária ao espírito democrático".
Argentina, Uruguai e Paraguai e EUA pediram a liberação imediata dos dois presos. O governo de Javier Milei apontou que as ações impedem "o surgimento de novas lideranças políticas e da legitimação cidadã". O Ministério das Relações Exteriores uruguaio apontou que as prisões são mais uma prova que a Venezuela abandonou os termos do Acordo de Barbados —firmado entre os EUA e o governo de Maduro para um relaxamento nas sanções americanas ao país.
Estados Unidos citam compromissos do Acordo em condenação às prisões. O chefe da diplomacia dos Estados Unidos para a América Latina, Brian Nichols, condenou em uma publicação do X "as detenções arbitrárias e as ordens de prisão" emitidas pelo procurador-geral da Venezuela. "Os crescentes ataques de Maduro contra a sociedade civil e os atores políticos são totalmente inconsistentes com os compromissos do Acordo de Barbados".
O governo brasileiro ainda não se posicionou sobre o tema. O UOL procurou o Itamaraty na tarde desta quinta-feira (21) e aguarda retorno.
Brasil ficou em silêncio durante apuração da ONU que apontou repressão política na Venezuela. A Missão de Apuração de Fatos, criada pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, concluiu ontem que o governo venezuelano passou a invocar "conspirações" reais ou fictícias para intimidar, prender e processar oponentes ou críticos.
O período de inscrições para disputar as eleições contra Maduro vai desta quinta até a próxima segunda-feira (25). Sete colaboradores de María Corino foram presos nos últimos dias, e o Ministério Público emitiu outras sete ordens de prisão. Uma das quais tem como alvo Magalli Meda, braço direito da ex-deputada e cogitada como alternativa para ser candidata em seu lugar, já que Maria Corina é considerada inelegível.
Advogado diz que não conseguiu contato com presos
A defesa de Dignora Hernández e Henry Alviárez expressou preocupação especialmente pela condição de saúde de Dignora. Em entrevista, Omar Mora Tosta disse que a secretária política de María Corina Machado tem hipertensão e usa remédios controlados, o que tem preocupado a família dela.
"Ninguém nos passa informações, então, neste momento, eles estão desaparecidos", disse advogado. Segundo o veículo NTN24, o Omar Mora Tosta também relatou que ambos também não fizeram contato com suas famílias.
María Corina Machado disse que o ato é a representação de uma "brutal repressão" contra seu movimento político. "Estas ações covardes visam fechar o caminho da Venezuela para a mudança e a liberdade na paz e na democracia. Venezuelanos, peço-lhes força e coragem nestes tempos difíceis", escreveu Corina em uma nota após as prisões.
Vídeo de Dignora sendo presa repercutiu na Venezuela. "Socorro, por favor!", gritava a mulher enquanto era colocada em um carro da Polícia Nacional venezuelana.
#Urgente | Funcionarios de la Policía Nacional detuvieron la mañana de este miércoles #20Mar a @DignoraHernandz y @HenryAlviarez, miembros del equipo nacional del Comando de Campaña de María Corina Machado en #Caracas. pic.twitter.com/XWrMMx3vNT
-- DDHH Vente Venezuela (@VenteDDHH) March 20, 2024
O que alega o governo venezuelano
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, disse que as prisões ocorreram para impedir protestos que "forçariam" a elegibilidade de María Corino. Além de Henry Alviárez e Dignora Hernández, líderes nacionais da organização política Vente Venezuela, há outros sete mandados de prisão.
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Quero receber"A missão" era "gerar desestabilização no país, aglomerar as massas utilizando sindicatos e grupos estudantis para incentivar uma ala militar" em prol de um levante. As declarações de Saab à imprensa lembram outras conspirações denunciadas pelo chavismo, como um plano dos EUA de matar Nicolás Maduro.
Veja as reações dos governos diante das prisões na Venezuela
Comunicado sobre situación política en Venezuela.
-- Cancillería Argentina (@CancilleriaARG) March 20, 2024
https://t.co/OrJyaTnEWP pic.twitter.com/YbZsk4oGwL
Colombia expresa su preocupación por los efectos que los últimos acontecimientos puedan tener en la ruta del proceso político en Venezuela en el marco de los acuerdos alcanzados en Barbados.
-- Cancillería Colombia (@CancilleriaCol) March 21, 2024
Así lo afirmó el canciller (e) @LuisGMurillo desde Montería: https://t.co/13YZqRbzVx pic.twitter.com/CahZS3Pb9O
Ante el deterioro de la situación política en Venezuela: pic.twitter.com/pyzr2yDTa5
-- Cancillería Uruguay (@MRREE_Uruguay) March 21, 2024
Paraguay lamenta la detención arbitraria de Henry Alviarez y Dignora Hernández del partido Vente Venezuela.
-- Ministerio de Relaciones Exteriores (@mreparaguay) March 21, 2024
Se une a las voces que reclaman la pronta liberación de los dirigentes detenidos y el cese de la persecución política a los miembros de esa agrupación partidaria.
Comunicado de prensa por situación en Venezuela pic.twitter.com/vrI2kE1ikt
-- Cancillería Chile (@Minrel_Chile) March 21, 2024
Condenamos las detenciones y órdenes arbitrarias emitidas hoy contra los miembros de la oposición democrática en Venezuela. Los crecientes ataques de Maduro contra la sociedad civil y los actores políticos son totalmente incompatibles con los compromisos del Acuerdo de Barbados,? https://t.co/VVlmcq93Mx
-- Embajada de los EE.UU., Venezuela (@usembassyve) March 20, 2024
*Com informações da AFP
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