'Grato por não ter vacilado': o fotógrafo que clicou tiros, a 1 m de Trump
O fotógrafo Doug Mills, veterano do The New York Times que capturou imagens do atentado contra Donald Trump durante um comício em Butler, no estado da Pensilvânia, falou ao podcast The Daily - do próprio jornal - sobre a situação "mais notável e triste" que já testemunhou em quatro décadas de carreira.
Uma das imagens capturadas por Mills mostra um traço, que seria o caminho feito pelo projétil, próximo à cabeça do ex-presidente. O jornal norte-americano ouviu um agente aposentado do FBI que disse que a fotografia poderia, sim, ser do deslocamento de ar provocado por um projétil em movimento.
'Assustador'
Mills se disse abalado após presenciar o atentado. O fotógrafo lamentou viver em um cenário político nos EUA "cada vez mais intenso, mais dividido e, infelizmente, mais assustador com o passar dos dias".
Ainda estou um pouco abalado, na verdade. Nunca pensei que estaria em uma situação como essa ou faria parte de uma história como essa. Não é algo que eu sonhava que aconteceria na minha carreira. E isso te abala. Quer dizer, é bem assustador.
Doug Mills ao podcast The Daily, do The New York Times
O profissional afirmou que estava a cerca de um metro de distância de Trump quando ouviu os disparos. Ele notou que estava exatamente na linha de onde os tiros teriam vindo e, mesmo com a adrenalina do momento, continuou tirando fotos. "Depois disso, foi muito caótico", disse ele, que manteve o dedo pressionando a câmera para disparar as fotos.
"Isso me dá arrepios". Uma das imagens feitas por Mills é a de Trump com o rosto ensanguentado e o punho fechado no alto, com uma postura desafiadora logo após o atentado. Para ele, essa foto "dá arrepios". "É definitivamente uma imagem que vou pensar quando fechar os olhos para dormir", refletiu ele, que diz ainda ouvir os tiros como um eco em sua cabeça.
Possível foto do projétil. Sobre a imagem que pode ter capturado o projétil que atingiu Trump de raspão, o fotógrafo disse que espera ter capturado o que aconteceu.
"Esse é o meu trabalho, registrar a história", disse. "E esse é definitivamente um daqueles momentos históricos dos quais, infelizmente, eu fiz parte. Mas também sou grato por não ter vacilado, não ter piscado e não ter sido baleado", continuou.
Essa é de longe a situação mais notável e triste que já testemunhei. Como fotógrafo, você espera que, se estiver lá naquele dia, consiga fazer seu trabalho. E era tudo o que eu pensava enquanto tentava correr pelo palco, tentando apenas ver como o ex-presidente estava. E espero não ter piscado. Espero ter capturado o que aconteceu.
Doug Mills ao podcast The Daily, do The New York Times
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