EUA saem do Dia da Marmota após tuíte de desistência de Biden

E eis que foi o eX-Twitter, do Musk Siberiano, digo, do Elon Musk, o palco para o fim do Dia da Marmota nos Estados Unidos. Joe Biden, em um tuíte, determinou o fim da era Biden versus Trump. Agora entramos no momento "talvez a vice" versus Trump. E quiçá, pela primeira vez desde a década de 70, não teremos um Biden, um Bush ou um Clinton na cédula da eleição americana.

Mas seria a vice de Biden, Kamala Harris, a melhor opção?

Muitos democratas, incluindo Biden, a apoiaram já nesse domingo. Mas tem muita gente também falando que tem que ter uma convenção aberta dos Democratas.

Para os perdidos. Em uma convenção aberta, os milhares de delegados democratas (uns 4,6 mil) votariam em quem eles quisessem para concorrer contra o Trump. Isso mesmo, vida Loka. Mas somente o Comitê Nacional Democrata e a campanha do Biden sabem quem são os tais delegados. O que, teoricamente, dificultaria que outros candidatos fizessem lobby.

Fim do Dia da Marmota

O pesadelo do Dia da Marmota (do filme do Bill Murray, darling, dá um Google aí) pode ter ficado para trás. Mas agora os EUA vão viver algo nunca visto na história. É a primeira vez que um candidato à reeleição, escolhido e aclamado nas primárias, deixa a disputa tão perto do dia da eleição (faltam três meses e meio).

E sim, os Dems ainda têm dúvidas sobre Kamala.

Nancy Pelosi, a poderosa democrata que foi presidente da Câmara, deixou vazar por aí que era preciso uma convenção nacional para que Kamala saísse fortalecida.

O New York Times, o jornal que puxou a fila do 'Fora, Biden', fez um editorial neste domingo defendendo que beleza, a Kamala tem direito, mas, "há outros democratas qualificados para enfrentar Trump". Como quem não quer nada, o jornal ainda fez uma reportagem no próprio domingo com o título: "Alguns eleitores negros dizem que se perguntam se uma mulher negra pode vencer."

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Infelizmente, estas são perguntas que os democratas devem estar de fato se fazendo neste momento. Os Estados Unidos estão preparados para eleger uma mulher? E uma mulher negra? A imprensa vai fazer o que fez com Hillary?

Rebecca Traister, da revista New York, escreveu em junho:

"Hillary Clinton foi talvez o exemplo mais agudo de uma mulher democrata assertiva cujos esforços para satisfazer uma imprensa voraz e um público intolerante à complexidade feminina a deixaram tão distorcida e testada em pesquisas que ela se tornou amplamente ilegível como humana , muito menos como mulher."

Será diferente com Kamala?

A Tixa, essa lagartixa, foi perguntar para alguém com larga experiência em vice-presidência: Michel Temer. Mas Tixa, o que o Temer tem a ver com os Estados Unidos? Darling, ele é como todos nozes, palpiteiro. E o BRASEW ama um palpiteiro.

Eis o que Temer escreveu para a Tixa, pelo zap:

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"É muito natural que, havendo Biden desistido, a vice Kamala assuma a candidatura. Veja que Biden foi vice do Obama e, por isso, candidato a presidente."

Quem mais Temer defenderia se não o vice?

Mas o Obama não foi assim tão gentil com Biden. Primeiro ele apoiou Hillary Clinton como candidata a presidente, que perdeu para Trump. Só na eleição seguinte ele apoiou o Biden. E agora, o que se dizia na imprensa americana, era que Obama não via hora que o Biden desistisse.

De qualquer forma, alguém viu Obama apoiando a Kamala Harris? Not. Why? Ele vazou para a imprensa que é por que ele acredita que estará em uma posição única para ajudar o partido quando tiverem um indicado de fato. Então tá.

E a Michelle Obama?

Sempre tem o pessoal (brasileiro especialmente) que acha que eles vão lançar mesmo é a Michelle Obama. O Maurício Moura, co-fundador do primeiro fundo de investimento do mundo a operar eleições globais, disse para a Tixa News que só quem não segue o partido democrata de perto fala em Michelle Obama. Quem melhor que o brasileiro para dar esse tipo de palpite então, né? O Rodrigo Maia que o diga, já saiu tuitando ontem.

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Uma pesquisa Ipsos/Reuters mostrou que Michelle era a única com cacife para bater o Trump. Então, existe mesmo um clamor.

Mas Moura diz que não consegue enxergar uma corrente política dentro dos Democratas que abraçaria essa causa. "Mais fácil a Oprah que ela".

O Trump, inclusive, deu um jeito de botar a Oprah na convenção dele. Ela apareceu em um vídeo, daqueles para babar ovo para o candidato, em que ela fazia uma entrevista com o ex-presidente (em alguma outra vida porque o Trump ainda era galã.) O vídeo era daqueles feitos para só falar bem do Trump e mal do Biden. Digamos que o vídeo envelheceu rápido porque o Biden já era.

O fim do Dia da Marmota é um grande problema para a campanha de Trump. Ou pelo menos os estrategistas fizeram alguns jornalistas importantes acreditarem que eles só se prepararam mesmo para competir com Biden. Eles forçaram a mão na questão da idade de Biden, mas não queriam que efetivamente os Democratas mudassem o candidato.

E agora vão ter que começar tudo de novo, navegando em mares desconhecidos. E sem contar que o feitiço virou contra o feiticeiro: o velho da disputa agora é o Trump.

Falem mal, mas falem de mim?

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Os vídeos falando mal de Kamala Harris, no entanto, já estão prontíssimos.

O primeiro ponto que vão para cima é o da imigração. Kamala sempre foi mais ponderada nessa questão, inclusive ela é filha de imigrantes, enquanto o Trump quer deportar todo mundo. Os ilegais, diz ele.

10 coisas sobre Kamala

1. Ela é negra e mulher. Foi promotora, procuradora, senadora e é Vice-presidente dos Estados Unidos.

2. Na oratória, tende a detonar Trump em debates.

3. Raramente ouvimos falar de Harris quando se trata de economia, guerra, dívida nacional ou mudança climática.

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4. Quase não apareceu enquanto foi vice-presidente.

5. Ela tem sido apresentada (inclusive Biden fez isso recentemente) como uma mulher simbólica (quando se trata de aborto ou direitos reprodutivos) ou mulher negra ou mulher indiana (seu pai era indiano).

6. Herda a bagagem política de Biden que não necessariamente é boa (inflação e crise imigratória).

7. Mas herda também o fundo eleitoral (o que é bem bom).

8. Tem péssima reputação como gerente (sua primeira equipe quando era vice logo pediu demissão).

9. Foi altamente simpática aos manifestantes universitários anti-Israel. (Ganha pontos com uns, perde com outros).

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10. Tirando Michelle Obama, entre todos os outros candidatos, Kamala fica melhor porque tem o melhor "name recognition", como disse para a Tixa News o Clifford Young, o chefão da empresa de pesquisa Ipsos (sim, darling a americana. Aqui nóis é international).

E o racismo?

A questão racial está colocada na eleição americana. Se os Dems abandonarem Kamala por um candidato branco, vão dar combustível para Trump.

Trump anda todo trabalhado em conseguir o voto dos negros e investindo pesado até no Hip Hop.

Mas vale notar que ele achou que tava ganho, ainda mais depois do atentado, e escolheu um vice que é jovem, é verdade, mas extremamente conservador, homem, branco, barbudo.

Se Kamala ficar, precisamos voltar alguns parágrafos: os americanos estão prontos para eleger uma mulher negra?

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No famoso livro "Como as democracias morrem", o racismo parece que foi o que sempre moveu os partidos e a população para atitudes anti-democráticas.

O finalzinho do livro diz:

"Em seu âmago, as normas democráticas dos Estados Unidos sempre foram saudáveis. Porém, por grande parte da nossa história, elas foram acompanhadas - com efeito, sustentadas - por exclusão racial. Hoje, é preciso fazer essas normas funcionarem numa era de igualdade racial de diversidade étnica sem precedentes. Poucas sociedades conseguiram ser multirraciais e genuinamente democráticas."

Doações

As doações ao partido Democrata dizem sim à Kamala. Só ontem, depois que Biden disse que estava fora, foram mais de 30 milhões de doletas doadas à campanha de Kamala Harris. Foi o melhor dia de doações desde a campanha de 2020.

E o que vem nas próximas edições?

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Quem vai concorrer com Trump? Quem vai ser o vice de quem vai concorrer com Trump? Não tem Olimpíadas que façam essa newsletter parar, BRASEW. Corre chamar todo mundo para assinar.

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