Campanha de Kamala tenta emplacar rótulo de estranho em Trump

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Que estranho!!!! A campanha da Kamala está tentando emplacar um novo rótulo em Trump (e no vice dele): estranhos. Será que o momento "stranger things" vai colar?

Tudo parece ter começado no X, quando o governador de Minnesota, Tim Walz, que é candidatíssimo a ser vice da Kamala, publicou:

"Diga comigo: Estranho", em resposta a um vídeo de Trump falando sobre Hannibal Lecter.

"Escute o cara. Ele está falando sobre Hannibal Lecter e tubarões chocantes e qualquer coisa maluca que lhe venha à mente."

O tal do Walz explicou para a CNN que gostou dessa abordagem "estranha" porque usar os argumentos de que Trump ameaça a democracia e a vida das mulheres lhe deram muito crédito.

"Acho que damos a ele muito crédito. Se você apenas diminuir um pouco o medo e nomeá-lo como ele é. Você viu o cara rir? Parece muito estranho para mim que um adulto possa passar seis anos e meio sob os olhos do público e quando ele ri é de alguém - não com essa pessoa."

E o estranho se espalhou

Outro candidatíssimo a vice de Kamala, Pete Buttigieg, que é secretário dos transportes do Biden, andou dizendo que Trump está ficando "mais velho e estranho."

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O líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, disse que o JD Vance, o vice do Trump, é estranho e errático. "A cada dia, sai que Vance fez algo mais extremo, mais estranho, mais errático."

No sábado foi a vez da própria Kamala dizer que algumas das críticas que Trump e Vance fizeram contra ela eram "simplesmente estranhas."

Não sei se agora eu estou sugestionada e identificando facilmente a palavra "estranho" nos textos, mas notei que umas duas ou três matérias do New York Times do fim de semana usavam a palavra para descrever algo que o Trump fez.

Por que usar estranho?

Eles acreditam que chamar Trump de estranho também tem mais aderência no eleitorado que não é Democrata nem Republicano e no público jovem, que parece estar empolgado com a Kamala. Outro dia a Charli XCX, cantora- sensação britânica da geração Z, até chamou Kamala de "brat". O que é um tremendo elogio.

Mas as pesquisas também mostram que os jovens estão ligados na Kamala. Uma pesquisa Axios/Generation Lab realizada após a saída do Biden mostra que se ele tinha uma vantagem de 6 pontos para o Trump entre jovens de 18 a 34 anos, a Kamala agora está na casa dos 20 pontos de vantagem.

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E por que os jovens importam?

Porque em eleição apertada, como vai ser essa, esse tipo eleitorado acaba sendo decisivo.

Mas será mesmo que as coisas que Trump e Vance dizem e fazem são estranhas? Alguns pontos para sua análise, darling:

— Trump disse na sexta-feira para um público de cristãos que eles não se preocupassem porque eles só precisam votar dessa vez e depois nunca mais precisarão votar.

"Cristãos, saiam e votem, só dessa vez. Vocês não terão mais que fazer isso. ? Vocês têm que sair e votar. Em quatro anos, vocês não terão que votar de novo. Nós consertaremos isso tão bem que vocês não terão que votar."

— Vance chamou a Kamala de "senhora dos gatos sem filhos", em uma entrevista de alguns anos atrás recuperada agora pela campanha democrata. Vance acha que mulher só serve para ter filho? O caso gerou revolts no eleitorado feminino. Vance se abalou? Nada. Na semana passada, a declaração dele sobre o episódio foi: Não tenho nada contra gatos.

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— Desde o ano passado, Trump não para de associar os imigrantes a Hannibal Lecter, o personagem de Anthony Hopkins no filme O Silêncio dos Inocentes. Mas ele fala de um jeito que às vezes parece que Trump acredita que Lecter é uma pessoa real e não um personagem.

Abrindo parênteses. Trump está dizendo que os imigrantes estão sendo liberados de manicômios de outros países para invadirem os Estados Unidos com base em algo que aconteceu na década de 80 quando parece que Fidel Castro de fato abriu as portas dos manicômios. Como bem lembra uma reportagem da New York Magazine, na última cena de O Silêncio dos Inocentes, Lecter escapou do Hospital Estadual de Baltimore para Criminosos Insanos e está perseguindo sua próxima vítima nas Bahamas. "O filme não ilustra a ameaça que enfrentamos da imigração ilegal; é uma história sobre os Estados Unidos libertando seus presos mais perigosos em um país estrangeiro", diz a reportagem. Fechando parênteses.

— Trump tem relatado em seus comícios que um belo dia fez uma pergunta brilhante a um fabricante de barcos, sobre as baterias de barcos elétricos serem muito grandes deixando pouco espaço para passageiros:

"Se o barco afundar sob o peso da sua própria bateria, os barqueiros não poderiam ser eletrocutados? E pior, se eles pulassem do barco para evitar a eletrocussão, eles poderiam ser devorados por um tubarão?"

E aí o Trump diz que prefere ser eletrocutado.

Enquanto isso, o Trump ainda não achou ainda a palavra ideal para atacar a Kamala. No começo, os republicanos entraram numas de dizer que ela era uma candidata DEI. Como se fosse uma candidata quotista.

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DEI seria o acrônimo de Diversity, Equitiy and Inclusion. Isso mesmo, diversidade, equidade e inclusão. Aí parece que eles naturalmente notaram que não pegava bem com o eleitorado negro. Ah, vá!

Trump então tem tentado algumas coisas como "Laffin" Kamala Harris" em referência às risadas da candidata. Ele quer dar a entender que ela é risonha demais e não dá para confiar em alguém assim. Outra estratégia foi tentar emplacar o rolê de que ela deu o golpe no Biden. Também a chamou de "louca", "nuts" e "burra como uma rocha". Além do tradicional: esquerda radical.

Precisa praticar mais, camarada Trump.

Kamala em lua de mel até quando?

Saiu nova pesquisa ABC News/Ipsos dizendo que o índice de pessoas com visão favorável à Kamala subiu para 43%. Era 35% na pesquisa anterior. Já o Trump viu seu índice cair de 40%, medido na semana seguinte à tentativa de assassinato e da Convenção Republicana, para 36%.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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