Misterioso 'Portão do Inferno', que arde há décadas, está com dias contados

A cratera de gás na aldeia de Darvaza, em um deserto do Turcomenistão, que arde desde 1971, pode ser selada pelo governo, preocupado com os impactos ambientais e à saúde da população.

O que aconteceu

Conhecida como "Portão do Inferno", a cratera seria resultado de um acidente ocorrido durante uma operação soviética de perfuração do solo. Localizada no deserto de Karakum, no Turcomenistão, a cratera teria surgido quando uma equipe de operários atingiu acidentalmente um reservatório subterrâneo de gás natural.

O colapso do solo teria formado a cratera com cerca de 70 metros de diâmetro e 30 metros de profundidade. O buraco permanece em chamas até hoje, após algumas tentativas frustradas de tentar apagar o fogo, conforme relatado pela Live Science.

Relatos dizem que a cratera foi incendiada intencionalmente para evitar a liberação de gases tóxicos. Temendo que os gases, incluindo metano, se espalhassem para vilas próximas, os cientistas soviéticos teriam decidido incendiar o gás, acreditando que as chamas se apagariam naturalmente em poucas semanas. No entanto, o fogo nunca cessou.

A origem exata da cratera ainda é alvo de controvérsia, com várias teorias sobre sua formação. Embora a versão mais amplamente aceita seja a de que a cratera foi criada em 1971, alguns relatos sugerem que ela pode ter se formado na década de 1960, com as chamas sendo acesas apenas nos anos 1980. A falta de registros soviéticos confiáveis sobre o incidente contribui para o mistério que envolve o "Portão do Inferno".

O local se tornou uma atração turística conhecida mundialmente. Alimentada pelas reservas de metano subterrâneas, a cratera de Darvaza continuou a arder por mais de cinco décadas, atraindo cerca de 10 mil visitantes anualmente. O local se tornou um símbolo do Turcomenistão, destacando-se como uma das principais atrações turísticas do país.

A cratera é visível a quilômetros de distância, destacando-se no deserto do Karakum. O brilho das chamas pode ser avistado de longe, criando uma visão marcante no meio do deserto. A cratera ganhou ainda mais notoriedade em 2019, quando o então presidente turcomeno Gurbanguly Berdymukhamedov divulgou um vídeo em que dirige um carro de rali e realiza manobras na borda da cratera.

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Governo quer selar cratera

O governo do Turcomenistão está agora considerando extinguir as chamas e selar a cratera. Em 2022, o presidente do país Serdar Berdymukhamedov solicitou aos cientistas que desenvolvessem uma solução para apagar o fogo e fechar o local. As principais preocupações incluem a perda contínua de um recurso natural —o metano—, além dos possíveis danos ambientais e riscos à saúde da população local.

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Encerrar as chamas da cratera pode significar o fim de um dos fenômenos geológicos mais incomuns do mundo. Embora o governo esteja decidido a agir, o futuro da cratera permanece incerto. Especialistas locais levantam dúvidas sobre a eficácia de selar a cratera, sugerindo que o gás poderia escapar por outras fissuras na superfície, mesmo que a cratera fosse preenchida.

A possibilidade de extinção das chamas gera preocupação entre os habitantes locais. Muitos temem que o fim do "Portão do Inferno" resulte em uma queda significativa no turismo, afetando diretamente a economia da região. Para a população local, o turismo gerado pela cratera é uma importante fonte de renda.

Como funciona o "Portão do Inferno"?

O "portão" está diretamente ligado à existência de uma quantidade abundante de gás metano, que se acumula no subsolo da região. Esse gás escapa por meio de fissuras nas rochas ao redor da cratera, criando pequenas chamas contínuas ao longo de sua extensão, explica a revista Geology.

O metano se inflama ao entrar em contato com o oxigênio da atmosfera. Quando o gás é liberado para a superfície e encontra oxigênio, ele se inflama, gerando o fenômeno do fogo constante que define a cratera. Essa combustão contínua é o que mantém as chamas acesas há 50 anos.

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