O que é 'guerra total' e qual o risco de conflito escalar no Oriente Médio?
Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, disse nesta quarta-feira (25) que o risco de escalada no Oriente Médio é "agudo" e que os Estados Unidos e seus aliados estão trabalhando incansavelmente para evitar uma guerra total entre Israel e o grupo armado libanês Hezbollah.
O risco de escalada na região é agudo. A melhor resposta é a diplomacia, e nossos esforços coordenados são vitais para evitar uma escalada ainda maior.
Antony Blinken
"Uma guerra total é possível", disse o presidente dos EUA, Joe Biden, à ABC nesta quarta. "O que acredito é, também, que ainda está em jogo a oportunidade de chegar a um acordo que possa ser uma mudança fundamental para toda a região", acrescentou.
Em um comunicado divulgado na manhã de quarta-feira, o Iraque, o Egito e a Jordânia acusam Israel de empurrar a região para uma guerra total.
O que é guerra total
Expansão dos conflitos. O anúncio de uma guerra total significaria uma expansão dos conflitos, que não se limitariam ao território entre Israel e Líbano —tornando-se generalizado. Aliados se uniriam, além da mobilização de recursos militares e civis.
Países temem que aliados de Israel e Líbano se envolvam no conflito. Líderes mundiais estão preocupados com a possibilidade de que os Estados Unidos, próximo a Israel, e o Irã, que apoia o Hezbollah e milícias em todo o Oriente Médio, sejam arrastados para uma guerra mais ampla na região.
Israel fala em "enfraquecer a ameaça" representada pelo Hezbollah. O governo israelense ameaçou transformar todo o sul do Líbano num campo de batalha, argumentando que o Hezbollah colocou foguetes, armas e forças ao longo da fronteira. Em meio à retórica exacerbada dos últimos meses, líderes de Israel já falaram em provocar no Líbano os mesmos danos causados em Gaza.
Países já travaram uma guerra intensa de 34 dias em 2006. O conflito deixou mais de 1.200 mortos do lado libanês, a maioria civis, e cerca de 160 do lado israelense, a maioria soldados. "Israel [agora] quer aumentar a pressão sobre o Hezbollah e forçá-lo a repensar a sua estratégia de alinhamento com a situação em Gaza. A situação é muito perigosa, mas ainda há espaço para a diplomacia evitar o pior", disse à AFP o analista político Michael Horowitz.
Guerra no Oriente Médio não interessa ao mundo árabe. Uma guerra generalizada enfraqueceria os países da região, "que fazem barulho, mas não podem enfrentar o material bélico de nações ocidentais", diz Maristela Basso, professora de direito internacional na USP, em abril ao UOL.
O que aconteceu
Bombardeios israelenses atingiram o sul do Líbano e as montanhas ao norte de Beirute nesta quarta-feira. Ataques, segundo Israel, ocorreram após um míssil lançado pelo Hezbollah contra Tel Aviv ser destruído. Ao menos 51 pessoas morreram, segundo o Ministério da Saúde libanês. Entre as cidades com mortos estão Tebnine, Bint Jbeil, Ain Qana, Kesruan e Chouf.
As trocas de disparos quase diárias na área de fronteira entre Israel e Líbano começaram em 2023. A tensão piorou após o início da guerra em outubro de 2023 entre Israel e o grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza, na fronteira sul de Israel —o Hezbollah disse agir em solidariedade ao seu aliado Hamas.
* Com AFP, Reuters, Deutsche Welle e RFI
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