Exportações, clima e radicalização: como retorno de Trump impacta o Brasil

A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos deverá impactar o Brasil em assuntos econômicos, políticos e ambientais. O retorno do empresário à Casa Branca pode criar barreiras comerciais, agravar a crise climática e fortalecer bandeiras da extrema direita.

O que aconteceu

Trump tem uma agenda de protecionismo econômico e estímulo a combustíveis fósseis e a pautas conservadoras. Em seu plano de governo, o republicano promete aumentar impostos sobre importados e estimular uso de petróleo, gás e carvão. Também afirma que vai "proteger a liberdade de expressão online", restringir direitos de transexuais e impor um "plano agressivo" contra a entrada de imigrantes.

Reversão de medidas sustentáveis pode agravar crise climática. Logo no início de seu primeiro mandato, em 2017, Trump retirou os EUA do Acordo de Paris, um pacto global para conter a emissão de gases do efeito estufa. Ao assumir o governo, em 2021, Joe Biden recolocou o país no tratado. Trump pode abandonar o acordo novamente ou simplesente não cumprir suas metas.

Taxações podem impactar as exportações brasileiras. Trump quer implementar uma tarifa mínima de 10% sobre todas as importações, o que afeta o Brasil em setores como agronegócio e indústria de ferro e aço. A alta do dólar, que tende a se agravar com essas medidas protecionistas, deve levar o Brasil a sofrer com mais inflação e maiores taxas de juros para segurar os preços, segundo especialistas consultados pelo UOL.

Para os exportadores brasileiros, o impacto é misto. Embora as barreiras impostas por Trump possam limitar as vendas para os EUA e pressionar a alta no dólar, essa valorização favorece os produtores de commodities que vendem para lá e recebem na moeda americana. Para o economista Carlos Braga Monteiro, setores como o agro podem amenizar os danos se continuarem competitivos.

Se realmente acontecer essa taxação, e dependendo do quanto ela impactar a política monetária, o Brasil pode ser afetado. Mas, se a precificação dos produtos brasileiros for competitiva, o impacto é menor. A capacidade de geração de alimentos, no que se refere ao Brasil, é indispensável para os Estados Unidos
Carlos Braga Monteiro, CEO do grupo Studio

Aposta em combustíveis fósseis

O plano de Trump é explícito em incentivar combustíveis poluentes como petróleo e gás. O texto fala em "acabar com restrições à produção de energia americana e acabar o Green New Deal socialista". O Green New Deal é um conjunto de propostas econômicas para fazer, entre outros pontos, uma transição energética que invista em fontes renováveis.

Trump promete rever medidas de Biden a favor de carros elétricos. Em seu governo, o democrata tomou medidas para incentivar a venda e a produção deles em detrimento dos veículos a combustão. O plano de Trump fala em "reviver a indústria automotiva com a reversão de regulações danosas".

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O presidente eleito terá maioria no Congresso, mas pode esbarrar em legislações locais. O partido Republicano terá maioria no Senado e também está em vantagem na Câmara. Segundo Pedro Luiz Côrtes, da USP, isso significa "uma rodovia aberta" para implementar mudanças, mas os planos de Trump podem enfrentar resistência diante de leis estaudais.

Trump está propondo afrouxar normas contra emissão de poluentes de forma geral. Não apenas para veículos, mas também para a indústria. É muito provável que ele tente, por exemplo, retirar as restrições aos veículos a combustão. Mas existem estados com legislação própria que privilegia os carros elétricos, e essa legislação local prevalece sobre a federal
Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE)

Radicalização da direita

Trump tem assumido bandeiras da direita radical. A plataforma de campanha do presidente eleito tem itens como cortar financiamento para escolas que "imponham teorias raciais críticas", "ideologia de gênero" e "outros conteúdos inapropriados" para crianças. Também fala em "deportar radicais pró-Hamas", apoiar Israel e modificar o sistema eleitoral, que Trump acusou de fraude após ser derrotado em 2020.

Bolsonaristas comemoram a vitória de Trump. Além de ele impulsionar globalmente as pautas conservadoras, a extrema direita brasileira espera aumento na pressão por anistia aos atos golpistas de 8 de Janeiro, reversão da decisão que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível e até a proibição da entrada do ministro Alexandre de Moraes, do STF, nos EUA.

O governo Lula teme o fortalecimento do bolsonarismo. Segundo o colunista do UOL Jamil Chade, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, entregou a Lula, em setembro, um dossiê que apontava "riscos elevados" aos interesses brasileiros em caso de vitória de Trump.

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Que a vitória de Trump inspire o Brasil a seguir o mesmo caminho. Que nossos compatriotas vejam neste exemplo a força para jamais se dobrarem, para erguerem-se com honra, seguindo o exemplo daqueles que nunca se deixam vencer pelas adversidades. Que nossa nação retome o seu destino de grandeza, para que seu povo volte a se orgulhar de sua história e de seus valores, sem a mácula da censura e do abuso de autoridade, com liberdade e segurança para todos
Trecho da mensagem de Bolsonaro parabenizando Trump após a eleição

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