Mordido por crocodilo? Detalhe em fóssil de pterossauro intriga cientistas

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Paleontólogos encontraram um pterossauro com uma mordida no pescoço similar à mordida de um crocodilo. O fóssil, de 76 milhões de anos, estava no Parque Provincial dos Dinossauros, em Alberta, no Canadá, e a descoberta foi publicada no dia 23 de janeiro na revista científica Journal of Paleontology.
O que aconteceu
Os cientistas encontraram o osso da vértebra do pescoço de um pterossauro, "primo" de dinossauro que tinha a capacidade de voar. No entanto, não se tratava de um adulto, mas de um jovem, o que pode tê-lo tornado presa fácil da criatura que o mordeu.
Não se sabe dizer ainda se o animal estava morto ou vivo quando recebeu a mordida. Mas o achado indica que houve interações entre répteis crocodilianos e pterossauros no período Cretáceo.
O espécime comprova que os crocodilianos ocasionalmente caçavam ou comiam a carniça de pterossauros jovens na Alberta pré-histórica há mais de 70 milhões de anos.
Brian Pickles, um dos coautores do estudo, da Universidade de Reading, na Inglaterra

Na vértebra, os paleontólogos encontraram um furo de quatro milímetros de diâmetro consistente com o dente de um crocodiliano. Microtomografias ainda descartaram ser desgaste ósseo devido à fossilização e confirmaram ser uma mordida.

O osso pertence a um pterossauro da família Azhdarchidae, descoberta em 1972 no Canadá. Sua espécie é conhecida como Cryodrakon boreas.
Britânicos estimam que o pterossauro encontrado tivesse uma envergadura de dois metros, já que ainda estava em fase de crescimento. Adultos desta espécie, contudo, seriam tão altos como uma girafa e alcançariam uma envergadura de cerca de 10 metros.

"Dragão de gelo"
Cientistas apelidaram o Cryodrakon boreas de "dragão de gelo" nos últimos anos. Mas os cientistas explicam melhor o apelido. "O animal, quando vivo, não teria sido um dragão de gelo", explicou Mike Habib, paleontólogo da Universidade do Sul da Califórnia, à National Geographic em 2019. "Ele teria voado em um local com temperaturas amenas. A região era muito mais quente que o centro de Alberta é hoje."

Outros tipos de animais da Azhdarchidae já foram localizados na França, Marrocos, Cazaquistão, Hungria, Romênia. No entanto, o único outro pterossauro da família encontrado com mordidas de crocodilianos foi o romeno.
Esta é a primeira evidência de que os crocodilianos norte-americanos se alimentavam, de forma oportunista, destes pterossauros. "Ossos de pterossauros são muito delicados, então encontrar fósseis em que outro animal claramente mordeu é excepcionalmente incomum. Este espécime, sendo jovem, torna [o achado] ainda mais raro", comemorou Caleb Brown, autor principal da pesquisa, do Museu Tyrrell Real de Paleontologia.

Entre outros achados, 35 espécies já foram descobertas no Parque dos Dinossauros de Alberta. Este fóssil foi localizado em uma escavação conjunta de estudiosos ingleses de Reading, dos canadenses da Universidade de Manitoba e do Museu Tyrrell, além de australianos da Universidade de Nova Inglaterra, em julho de 2023, mas a identificação da mordida só foi confirmada em janeiro.
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