Buscas por avião desaparecido com indígenas na Amazônia são suspensas
As buscas pelo avião monomotor que desapareceu na floresta amazônica com oito pessoas a bordo no último dia 2 foram suspensas segunda-feira (17), depois de 14 dias. A aeronave transportava sete índios da etnia Tiriyó, sendo duas crianças, da aldeia Mataware, no parque Tumucumaque, localizado entre o extremo oeste do Amapá e o norte do Pará, para o município de Laranjal do Jari (AP).
Um grupo voluntário de índios e garimpeiros, que conhecem a região, está fazendo buscas por terra a pedido das famílias dos índios e do piloto.
Os índios fretaram o avião para resolver pendências bancárias e previdenciárias, mas não chegaram ao destino final. Até agora, não se sabe se o piloto realizou um pouso de emergência ou se o avião caiu no meio da mata. A aldeia Mataware é localizada numa área remota, e seu acesso ocorre apenas por avião.
A FAB (Força Aérea Brasileira) e o Exército informaram que cancelaram as buscas pelo avião, após 14 dias de trabalho, por não ter mais suporte para cobrir uma área extensa e de mata fechada. A FAB destacou ainda que as buscas seguiram padrões internacionais, mas a mata fechada e a região montanhosa dificultaram a localização de rastros do avião desaparecido.
O voo era irregular, segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), porque o trajeto não foi registrado junto ao controlador aéreo da região. Sem o trajeto da aeronave arquivados, as buscas ocorreram por suposição, em uma área na divisa entre o Pará e o Amapá. O trecho é classificado como área remota por ser de mata fechada.
Segundo a FAB, os aviões SC-105 Amazonas SAR e C-130 Hércules, além do helicóptero H-60 Black Hawk, realizaram 128 horas de voo, percorrendo o total de 20 mil quilômetros em uma área de 12.550 km², e não encontraram vestígios da aeronave. As buscas mobilizaram 60 militares e foram coordenadas pelos Salvaero de Manaus.
O avião Embraer Minuano, de prefixo PT-RDZ, transportava duas famílias de índios da etnia Tiriyó: um casal e três filhos, sendo duas crianças de 2 e 4 anos, e uma mulher e o genro. O piloto foi identificado pelo nome Jeziel Barbosa de Moura, 61. Segundo a família dele, o piloto conhece bastante a área e tem mais de 40 anos de experiência pela região amazônica.
A família do piloto diz que não vai aceitar que as buscas sejam encerradas sem que tenha uma resposta sobre o paradeiro do grupo que estava no avião. A filha do piloto, Flávia Moura, disse que desde que o avião desapareceu a família vive dias de angústia sem respostas sobre o paradeiro do pai e que acredita que ele conseguiu fazer um pouso de emergência e está vivo, com o grupo na mata.
"Meu pai é um piloto experiente, voa desde os 16 anos e conhece bem a região, por isso, tenho certeza que ele conseguiu pousar o avião e está à espera de resgate na selva. Sei que a área é de difícil acesso por ser mata fechada, mas não podemos deixar que as buscas se encerrem sem encontrar meu pai e os passageiros do avião", disse Moura, destacando que dez índios e oito garimpeiros, que são amigos do piloto, estão fazendo uma busca por terra, mas que o grupo precisa de apoio do Exército e da FAB.
"A nossa preocupação é se tem alguém machucado, precisando de socorro. Se estão conseguindo encontrar alimentos, se estão com sede. Quanto mais passa o tempo, mais a angústia aumenta. Não vamos desistir de procurar até encontrar todo mundo", disse Moura.
O desaparecimento
A viagem iniciou no município de Laranjal do Jari (AP), levando um grupo de índios para a aldeia Mataware, no parque Tumucumaque, localizado entre o extremo oeste do Amapá e o norte do Pará. Na viagem de volta, a aeronave foi fretada pelas duas famílias de índios, que iriam para Laranjal do Jari.
Aproximadamente 25 minutos depois de decolar, às 12h06 do último dia 2, o piloto avisou que a aeronave estava com problema e precisava fazer um pouso de emergência. Em seguida, houve perda de comunicação e não se sabe se o avião caiu ou o piloto conseguiu realizar o pouso forçado.
A área provável em que o avião desapareceu pertence ao município de Almerim (Pará), próximo à aldeia Bona, onde existe uma pista de pouso construída pela FAB (Força Aérea Brasileira) na década de 60. As autoridades acreditam que o piloto pode ter tentado usar a pista para realizar um pouso de emergência.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.