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Bolsonaro ataca Macron: "Está interessado em um espaço na Amazônia pra ele"

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) - Reuters
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) Imagem: Reuters

Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

22/08/2019 19h47

Citando indiretamente uma publicação do presidente francês Emmanuel Macron em suas redes sociais sobre as queimadas na região amazônica, Jair Bolsonaro (PSL) classificou como "desfaçatez" a posição do líder europeu. Mais cedo, Macron afirmara que "nossa casa está queimando", em referência aos incêndios que atingem o principal bioma brasileiro.

"Um país, agora sem dizer o nome aqui, falou da 'nossa Amazônia'. Teve a desfaçatez de falar a nossa Amazônia. Estão interessado em você, brasileiro que está me assistindo aqui, em um dia ter um espaço na região amazônica pra ele. Então, essas questões nós temos que ter informações, temos que nos preocupar em buscar e equilibrar essa narrativa de notícias sobre essa região tão rica", afirmou o presidente durante transmissão ao vivo em suas redes sociais.

Bolsonaro voltou a atacar os governos da Alemanha e da Noruega, responsáveis pelas doações que abastecem o Fundo Amazônia -- criado em 2008 sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para arrecadar recursos de países desenvolvidos a fim de prevenir, monitorar e combater o desmatamento. Por conta da política ambiental do governo, os países suspenderam os repasses (a Noruega é o principal doador do fundo e já contribuiu com R$ 3,2 bilhões).

"Esses países que mandam dinheiro pra cá não mandam por caridade. Espero que dê para entender isso daí. Mandam pra cá por interesse, de buscar aí e atingir a nossa soberania, e atingir, como dizia o nosso Enéas Carneiro [político brasileiro morto em 2007], buscar não o que tem em cima da terra, mas sob a terra, as nossas riquezas", disse Bolsonaro, afirmando que há brasileiros que "fazem campanha contra o próprio país. "

Na transmissão, Bolsonaro afirmou que países como o Equador ofereceram ajuda para suprimir as chamas que tomaram partes da Amazônia. "A gente sabe que a ajuda desses países é pequena, é bem-vinda, mas é pequena", disse. Ele classificou novamente os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) -- órgão renomado e responsável pelo monitoramento do desmatamento na região amazônica -- de "mentirosos".

"A questão dos dados mentirosos divulgados pelo Inpe no passado. Lá dentro tinha uma pessoa que gostava de divulgar isso aí. Se fosse verdade, estava errado porque tinha de passar primeiro pelo canal de comando. (...) Absurdo o que foi feito.", afirmou o presidente.

"Falsidades ambientais"

Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, endossou o tom de Bolsonaro em relação às queimadas registradas na Amazônia. Durante fala em evento realizado em Campo Grande, o chanceler brasileiro disse que estão utilizando "falsidades ambientais" para enfraquecer o país.

"Nesses últimos dias, vemos claramente que o Brasil está sendo alvo de campanhas deslocadas de ataques ligados à questão ambiental", disse o ministro, notório por seus questionamentos às pesquisas científicas que embasam o aquecimento global. "O Brasil está emergindo e muita gente não quer ver ele forte, saindo dos sonos de algumas décadas. Usam falsidades ambientais para nos atacar."

O ministro afirmou ainda que o governo usará "todas as oportunidades" de se posicionar na imprensa internacional para "dissipar os argumentos que provocam uma visão distorcida do Brasil quando o assunto é o meio ambiente." "Por enquanto nenhum país nos procurou para tratar sobre o tema (Amazônia)", disse.