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Chuvas e operação militar ajudam a reduzir incêndios na Amazônia em setembro

Felipe Werneck/Ibama
Imagem: Felipe Werneck/Ibama

Jake Spring

Em Brasília

04/10/2019 16h24

O número de focos de incêndio na floresta amazônica registrou redução de 36% em setembro em relação a agosto, e ficou bem abaixo da média histórica de 20 anos para o mês, mediante condições climáticas melhores e uma operação de combate às chamas deflagrada pelas Forças Armadas.

Os incêndios na Amazônia atingiram em agosto o nível mais alto desde 2010 nos primeiros oito meses do ano, de acordo com dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), o que resultou em uma pressão internacional sobre o Brasil pela preservação da maior floresta tropical do mundo, que representa um baluarte contra as mudanças climáticas.

Mas setembro teve o menor número de focos de incêndio desde 2013, reduzindo a quantidade de queimadas no acumulado do ano em comparação aos anos anteriores, segundo o Inpe. De 1º de janeiro a 3 de outubro, este ano agora é o pior em termos de incêndios na Amazônia apenas desde 2017.

Os incêndios na Amazônia são em grande parte causados pelo homem, provavelmente provocados por agricultores para limpar a terra para o plantio, de acordo com especialistas. Na estação da seca —aproximadamente de maio a setembro, embora varie de ano para ano—, os incêndios geralmente escapam do controle, uma vez que a vegetação está seca e não há chuva suficiente para ajudar a reduzir as chamas.

A queda em setembro se deve em parte ao fato de o presidente Jair Bolsonaro ter enviado militares para combater as queimadas como parte de uma operação lançada em 24 de agosto, e também pelas melhores condições de chuvas, disse Maria Silva Dias, professora da Universidade de São Paulo (USP), que estuda a interação entre incêndios florestais e o clima.

Nas áreas mais populosas, pode ter um efeito maior da atuação do Exército extinguindo incêndios e fazendo com que pessoas que queimariam a terra para limpá-la se preocupem com a dimensão do fogo, disse Maria Dias. Mas a Amazônia é tão vasta que os militares são incapazes de combater incêndios em grande parte da floresta, disse ela.

"O tempo ajudou de alguma maneira. Onde choveu, apagou os incêndios", disse a professora de ciências atmosféricas.

A estação das chuvas, que normalmente começa em 20 de setembro com precipitação regular, está um pouco atrasada este ano, disse ela. Mas há mais alívio a caminho, com previsão de chuvas dispersas em toda a região nos próximos cinco dias.

"Provavelmente teremos uma chance mais regular de chuva em todos os lugares, então parece que está aumentando", disse Dias.