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Pescadores encontram primeira ave banhada de óleo em cidade do RN

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em João Pessoa

25/10/2019 15h05

Uma ave bobo-pequeno (Puffinus puffinus) cheia de óleo foi resgatada por pescadores no rio das Ostras, no município de Porto de Mangue, na tarde de ontem. Este é primeiro caso de ave oleada registrado no Rio Grande do Norte. O animal passa hoje por processo de despetrolização.

O litoral do Nordeste vem sendo atingido por petróleo cru desde o início de setembro. O derramamento de óleo nas praias nordestinas é considerado o maior acidente ambiental em extensão do país pela duração e pelo ineditismo do problema. São 2.250 km de costa afetada, da Bahia até o Maranhão. Até agora, não se sabe o foco do derramamento de óleo. A Marinha e a Polícia Federal investigam o caso.

O bobo-pequeno está recebendo tratamento no Centro de Descontaminação de Fauna Oleada Projeto Cetáceos da Costa Branca UERN (Universidade Estadual do Rio Grande do Norte), em Mossoró, na região oeste do estado.

Após análise, biólogos detectaram que a ave está com 25% do corpo oleado. O animal está com a substância nas asas e não consegue voar.

"O animal recebeu os primeiros procedimentos de estabilização pela equipe médico veterinária especializada e seguirá no processo de descontaminação", informou o centro.

Hoje, após estabilização do animal, ele passa por processo de retirada do óleo e não tem previsão de quando será liberado para ser solto no habitat natural.

A hipótese é que o bobo-pequeno teve contato com o óleo durante pesca, segundo o biólogo Flávio Lima, coordenador do projeto Cetáceos. A ave se alimenta de peixes e crustáceos.

O projeto Cetáceos Costa Branca é o responsável por receber a fauna afetada pelo óleo no Rio Grande do Norte e Ceará.

Peixe-boi

Um filhote de peixe-boi marinho (Trichechus manatus) está retido no Centro de Reabilitação de Fauna Marinha em Areia Branca, depois que encalhou na praia do Rosado, em Porto do Mangue, na quarta-feira (23).

O animal é um macho de 1,35 m de comprimento e 44,2 kg de peso.

Biólogos decidiram que o animal ficará em reabilitação para não se expor ao óleo no mar, apesar de ele "estar ativo e não apresentar quaisquer lesões".

"Devido à contaminação das praias do Nordeste do Brasil por óleo, inclusive na praia do Rosado (local de encalhe do filhote), foi decidido abortar a possibilidade de tentativas de reintrodução imediata do filhote", informou o projeto Cetáceos.

Óleo atingiu todos os estados do Nordeste

Relatório do Ibama atualizado ontem aponta que há 229 praias atingidas em 87 municípios nos nove estados do Nordeste. Até agora, 39 animais marinhos foram encontrados oleados, sendo 18 tartarugas, cinco aves e um peixe morreram.

Atualmente, há duas retenções de grupos de filhotes de tartarugas marinhas nos municípios de Conde (BA) e Mata de São João (BA) por conta da poluição causada pelo óleo.