Óleo vazado fragmenta como plástico e contamina invertebrados, diz pesquisa
Pesquisadores da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) descobriram que o óleo que chega à costa nordestina está se decompondo em partículas microscópicas e afetando teia alimentar de pequenos invertebrados.
A constatação foi feita em uma baía habitada por corais na praia de Tamandaré, litoral sul de Pernambuco. A pesquisa ainda não concluiu as análises e está sendo feita pelo Laboratório de Ecologia do Plâncton da UFRPE e por outros dois laboratórios da UFPE, todos vinculados ao programa PELD (Pesquisas Ecológicas de Longa Duração) Tamandaré Sustentável, da UFPE, que é financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
A coleta do material foi feita na APA (Área de Proteção Ambiental) Costa dos Corais, que forma a segunda maior cadeia de recifes do mundo. "Encontramos microfragmentos de óleo em torno de 2 milímetros nas amostras de plâncton", afirma Mauro de Melo Junior, professor do Departamento de Biologia da UFRPE e um dos coordenadores do estudo.
"Estou comparando o que está acontecendo agora com o óleo com o que já é de conhecimento geral no meio científico: a fragmentação dos plásticos, que, ao entrarem nos ecossistemas, sofrem diversos processos de fragmentação, sendo reduzidos a micro e nanopartículas. Da mesma forma que os micro e nanoplásticos estão entrando na teia alimentar marinha, acredito que isso já esteja ocorrendo com o óleo que chegou a nossa costa", afirma.
A pesquisa mostrou que, além dos fragmentos soltos, foram observados organismos com manchas, que os especialistas acreditam ser vestígios de óleo. "Encontrar fragmentos de óleo do tamanho desses organismos pode trazer vários impactos nessa região costeira", diz.
A importância no plâncton no ecossistema
O plâncton é uma parcela de pequenos organismos que vivem na coluna d'água e exercem várias funções. "Dentre elas, destacamos a produção de matéria orgânica e oxigênio nos oceanos e mares. Além disso, muitos estágios iniciais de animais marinhos passam seus primeiros dias ou semanas de vida no plâncton", explica Melo Junior.
Os organismos planctônicos servem de alimento para diversos animais, como peixes, esponjas, corais, moluscos e crustáceos. "Isso é grave, pois esses animais que se alimentam de plâncton estão também consumindo as partículas de óleo", diz.
Outra consequência negativa citada por ele é que muitas larvas —que são os estágios iniciais de vida de vários animais marinhos— podem morrer caso não consigam suportar essa fragmentação microscópica do óleo.
"Vimos acontecer com invertebrados e vertebrados de maior porte --que morreram sufocados ou intoxicados pelo óleo. Preocupa que isso possa ocorrer em microescala, com organismos planctônicos", diz.
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