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Marina Silva rebate Bolsonaro: 'estimulou desmate e quer bode expiatório'

Bolsonaro disse que Amazônia teve "ilícitos" sob gestão de Marina Silva  - Juan Barreto/AFP
Bolsonaro disse que Amazônia teve 'ilícitos' sob gestão de Marina Silva Imagem: Juan Barreto/AFP

Aiuri Rebello

Do UOL, em São Paulo

20/11/2019 16h07

"O que ele está tentando fazer é esconder atrás de bodes expiatórios sua incompetência técnica e falta de compromisso ético e moral com o desmatamento que ele mesmo estimulou", afirmou Marina Silva na tarde desta quarta-feira (20) ao UOL, em resposta ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Mais cedo, Bolsonaro afirmou a jornalistas em Brasília que "no período dela [Marina Silva] teve a maior quantidade de ilícitos na região amazônica", em referência à época que Marina foi ministra do Meio Ambiente, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Desmatamento em números

De acordo com dados divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais):

  • Em 2003, quando Marina assumiu o Ministério do Meio Ambiente: 27.772 km² (recorde)
  • Em 2008, quando Marina deixou o governo: 7.464 km² (-73,1%)
  • Em 2011: 4.517 km²
  • Entre 1º de agosto de 2018 e 31 de julho de 2019: 9.762 km² -- maior valor em 10 anos

Desde 2012, ainda no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o desmatamento na Amazônia voltou a crescer até o pico dos últimos dez anos neste ano (com exceção dos anos de 2013 e 2016, quando houve recuo nos índices).

'O que ele vai fazer para reverter essa situação?', questiona Marina

"O que ele vai fazer para reverter essa situação que ele mesmo estimulou? Na Arábia Saudita, outro dia, ele confessou em palestra a investidores que estimulou as queimadas na Amazônia por que não concordava com as políticas ambientais dos governos anteriores, ou seja, com o trabalho de preservação", afirmou Marina neste sábado.

Antes, Marina já havia usado as redes sociais para criticar o governo pelo aumento do desmatamento na Amazônia.

Para a ex-ministra, o aumento expressivo não surpreende.

"Quando o presidente diz que vai acabar com a indústria das multas ambientais e trata os fiscais como inimigos; sabota o ICMBio, o Ibama, as operações da PF; segura as multas e corta verbas do ministério; e seus deputados querem uma lei para alforriar grileiros de terras públicas, como estão ameaçando a fazer, o resultado não podia ser outro", afirma.